Direitos Humanos sugere audiência pública para discutir a situação do Hospital da Mulher do Recife

Por meio de videoconferência, na tarde desta segunda-feira (14), a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara do Recife, presidida pela vereadora Michele Collins (PP), promoveu uma reunião tendo como objetivo discutir a situação do Hospital da Mulher do Recife. Os vereadores Joselito Ferreira (PSB), Ivan Moraes (PSOL), Alcides Cardoso (DEM) e Tadeu Calheiros (Podemos) acompanharam o encontro, que contou com a participação da diretora regional do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Ana Carolina Tabosa.

Ana Carolina Tabosa, diretora regional do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), expôs as dificuldades que os médicos vêm passando no Hospital da Mulher do Recife. “Mesmo que o Sindicato faça diversas reuniões solicitando melhorias, essas melhorias não vêm sendo escutadas. Houve um encontro com a Superintendência do Hospital de Câncer de Pernambuco, gestor da unidade, e os ofícios não foram atendidos.  Em 26 de outubro de 2021 conseguimos uma reunião com a gestão local do Hospital Mulher do Recife, que se comprometeu a completar as escalas com cinco obstetras de plantão e um cirurgião geral de sobreaviso para cobrir as intercorrências que vierem a acontecer”.

A diretora do Simepe detalhou que o quantitativo de profissionais do Hospital da Mulher do Recife precisa ser aumentado. “Chegou ao ponto crítico de ter dois obstetras de plantão, numa unidade que tem 600 procedimentos por mês. Em janeiro foi realizada outra reunião com a proposta de cinco profissionais, mas não foi cumprida. Escovas cirúrgicas e ocitocina, uma medicação essencial em um parto, estão faltando. Além disso, os profissionais não estão tendo os seus direitos trabalhistas garantidos, além de estarem com medo.  Teríamos que ter uma escala com seis profissionais, e já que os problemas não foram solucionados em 15 dias, as cartas de desligamento foram entregues. Diante de tudo o que foi relatado, pedimos o apoio do acolhimento dessas pautas e que os médicos possam exercer sua profissão de forma justa e garantir alegria às mães e famílias que estão sendo atendidas no hospital”.

Michele Collins ressaltou que a situação é muito delicada e propôs uma audiência pública em caráter urgente. “Poderíamos envolver a Secretaria de Saúde do Recife, o Hospital de Câncer de Pernambuco, que faz a gestão do contrato, porque precisamos ouvir o que têm a dizer. Até sugiro uma visita ao Hospital da Mulher com a participação das vereadoras da Casa”.  Ivan Moraes enfatizou que os custos do Hospital da Mulher do Recife são geridos por contratos de terceirização, e que o PSOL não concordava com esse tipo de gerenciamento. “A Prefeitura não faz a gestão diretamente no Hospital da Mulher. E essa é até uma crítica que o meu partido tem. Existe uma diferença muito grande de recursos empregados entre os hospitais que são geridos de forma direta e outros que são terceirizados. Se a classe médica acreditar em que nós, enquanto Poder Legislativo, podemos fazer para robustecer essa luta, pode contar com a gente”.

Tadeu Calheiros, que é médico, sensibilizou-se com os anseios da categoria. “O médico está sofrendo e tem que tomar uma séria decisão em um procedimento, por exemplo, sem ao menos ter descansado em suas 12 horas exaustivas de trabalho. O resultado disso é a espera, complicações e demora no atendimento. A ideia da audiência pública é a de chamar a representação dos médicos, Prefeitura e do Conselho Regional de Medicina que, nesses dias, fará mais uma fiscalização no Hospital da Mulher. Existem resoluções do Conselho de Medicina sobre o quantitativo de profissionais que deve ser seguido considerando o mínimo. E estamos abaixo do mínimo”.       

Alcides Cardoso recordou que recebeu reclamações de mães sobre o atendimento na unidade de saúde. “Recebi reclamações, no mês de janeiro, dizendo que a espera para o atendimento é de uma semana, algo muito sério. Está faltando até Tramal, um remédio para dor. Gostaria de dizer também que o Simepe pode contar conosco”. Já o vereador Joselito Ferreira pontuou que a categoria está bem representada. “Tem que haver um sindicato atuante e a saúde é fundamental na vida das pessoas. Estou aqui para ouvir, debater e fico feliz pelas atuações dos parlamentares envolvidos da Casa de José Mariano”.  Ao finalizar o debate, Ana Carolina Tabosa disse estar satisfeita diante do acolhimento dos vereadores e vereadoras do Recife. “Meu agradecimento não só como profissional, mas também como mãe e mulher. É muito importante ser acolhida pela Casa do Povo. Acho que vamos conseguir avançar nessa unidade de saúde”. 

Em 14.02.2022