Ivan Moraes denuncia casos de racismo estrutural e diz que eles são feridas abertas

O tema do racismo estrutural foi abordado no plenário da Câmara Municipal do Recife pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), que tratou do assassínio de pessoas negras, citando especificamente a de Yago, um jovem de 21 anos, que foi morto em Niterói (RJ), por ter sido confundido com um marginal. O discurso do vereador foi feito na reunião plenária híbrida, desta terça-feira (15), quando ele aproveitou para relembrar outros casos de homicídio, inclusive o de uma criança negra de nove anos, na semana passada, na Zona da Mata de Pernambuco.

“O racismo estrutural é uma ferida antiga, fedorenta, feia, profunda e grave, que só será resolvida quando a gente tiver a coragem de meter a mão e sujá-la com o pus dessa mesma ferida. Enquanto houver racismo, no Brasil, ninguém terá paz, nem justiça social”. Além de falar do carioca Yago, que foi morto enquanto vendia balas-doce na balsa que faz a travessia Rio-Niterói, o vereador Ivan Moraes também lembrou do garoto Jonatas, de nove anos, que foi morto por homens encapuzados, debaixo da cama de sua casa, no Engenho Roncadorzinho, município de Barreiros, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, na semana passada.

Se a morte tivesse sido de uma criança branca, na mesma situação, o vereador acha que a reação política e social teria sido diferente. “Se fosse o caso, o Governo do Estado já teria designado até uma equipe especial para investigar a morte daquela criança. Mas o governador está calado. Não incomoda à sociedade que uma criança seja assassinada debaixo de uma cama, somente porque é negra”. Ivan Moraes disse imaginar que seja cansativo, para uma pessoa negra, ver “dia após dia, pessoas que se parecem com ela, morrerem como se fossem moscas e baratas’.

O vereador também citou outros casos de racismo e disse que o congolês Moïse, 24 anos, que morreu no início desse mês, no Rio, por ter sido espancado ao cobrar sua remuneração. Uma modelo também foi morta, disse, por uma bala perdida. E era negra. O vereador lembrou que o cearense Wesley saiu para brincar de mela mela, no Carnaval,  e foi morto por ser negro. O garoto João Alberto, relembrou, foi assassinado dentro de supermercado, por ser negro. “As pessoas brancas neste País não são confundidas com bandidos e muito menos assassinadas por serem brancas. Mas as pessoas negras, sim”.

Ivan Moraes finalizou o discurso dizendo que quando “falamos de racismo estrutural estamos falando de uma construção social, que está na origem da sociedade. Algo que deriva da escravidão”.


Em 15.02.2022.