Liana Cirne: “A ordem era para executar uma criança de nove anos”
O pai de Jonatas, Geovane da Silva Santos, é o líder dos trabalhadores rurais residentes no engenho. Liana Cirne esteve na casa da família sexta-feira, acompanhada por uma comitiva formada por representantes das comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e do Senado. “A comitiva também contou com a presença de deputados estaduais, e das polícias Federal e Legislativa. E eu estive junto porque fui uma das pessoas que incentivou a visita do grupo. Chegando lá, eu tive a tristeza de ver o pai da criança extremamente abatido, amolecido, que não tinha força sequer para erguer o corpo, para levantar a cabeça, enquanto falava conosco. Era um pai desnorteado, procurando saber o que aconteceu. Sem saber porque o seu filho foi assassinado”.
A mídia, de acordo com a vereadora, insiste em dizer que a criança foi assassinada acidentalmente. “Não é isso que a família está declarando. Quero usar a tribuna da Casa de José Mariano para somar a minha voz e a da Casa de José Mariano à voz de Geovane e de Marlene Santos, pais de Jonatas. Eles contaram que sete homens encapuzados chegaram à casa pobre da família, no meio da noite, e um dos homens dava as ordens, gritando: ‘O coroa não’. Os pistoleiros tinham a ordem de matar a criança. Foi um crime encomendado, para atingir diretamente o menino, que estava debaixo da cama. Debaixo da cama, como sabemos, é o local onde as crianças se escondem quando estão com medo dos monstros. Foram sete tiros disparados contra o menino, que estava abraçado com a mãe”.
A vereadora declarou que estava fazendo o discurso em protesto contra o assassínio, mas também para repudiar a versão que se espalhou em seguida e que vem sendo mantida, segundo disse, por parte da mídia. “É uma versão maledicente, que busca camuflar o real motivo. A versão torpe diz que foi por tráfico de drogas. É uma mentira”. A razão seria, portanto, agrária, e porque o pai de Jonatas é líder dos trabalhadores rurais. A vereadora lembrou que o governador Paulo Câmara prometeu que não terminaria o seu mandato, este ano, sem apurar os conflitos agrários da Zona da Mata de Pernambuco, em que o assassinato de Jonatas está incluído.
Em 21.02.2022.