Tadeu Calheiros repercute notícia sobre ameaça de demissão de médicos no Hospital da Mulher

O vereador Tadeu Calheiros (Podemos) repercutiu, na reunião plenária híbrida da Câmara Municipal, nesta segunda-feira (14), em dois momentos distintos, reportagens publicadas na imprensa sobre pedido de demissão dos médicos do Hospital da Mulher do Recife. O parlamentar também destacou dificuldades enfrentadas pelos profissionais em outras unidades de saúde da cidade.

“É um assunto de extrema relevância para o Recife e o problema está em todos os jornais. Segundo a matéria, os obstetras relataram, um "cenário de horror", com "cenas de guerra", por causa da quantidade insuficiente de profissionais e da falta de materiais para atender as pacientes. Diante das dificuldades, profissionais informaram que protocolaram, na última segunda-feira (7), 32 cartas com a intenção de desligamento. Por medo de represálias, os profissionais preferiram não ser identificados, mas deram detalhes sobre uma situação. Segundo eles, tudo começou há aproximadamente dois anos e só piorou”.

Segundo Tadeu Calheiros, os médicos relataram na reportagem que os pacientes chegam a esperar até oito dias por um procedimento. Uma médica que não quis se identificar contou que já aconteceu de o plantão contar com dois obstetras. "Precisa colocar mais profissionais no Hospital da Mulher do Recife. A Prefeitura diz que abre processo seletivo para completar uma escala com cinco profissionais, mas isso não cabe. Precisa, no mínimo, seis, sete profissionais. Nunca vai ter alguém querendo completar essa escala com esse número insuficiente, arriscando a vida dos pacientes. Ou levamos esse problema ao prefeito ou teremos mais uma unidade de saúde sem profissional para atender”.

Mais críticas - Depois de ter abordado o tema das demissões no Hospital da Mulher, no Pequeno  Expediente (que é a parte inicial) da reunião plenária, o vereador Tadeu Calheiros, voltou a ocupar a tribuna durante o Grande Expediente. “Reservei o dia de hoje para trazer pontos importantes da saúde. Afinal, os trabalhadores do hospital estão entregando os cargos sem que haja um movimento sindical. Isso reflete muito. Nessa época de desemprego, mostra que eles estão desesperados com a quantidade de trabalho e a falta de condições para realizá-lo”.

Ele usou o termo “caos” para definir a situação do Hospital da Mulher, mas acrescentou que ficou sabendo, no final de semana, que uma das maiores emergência da rede municipal do Recife, a Maternidade Barros Lima, não realiza exame de dosagem de enzima cardíaca. “Quem tem dor do peito precisa fazer esse exame para ver a possibilidade de enfarto. Na Barros Lima, que é uma das maiores emergências da Prefeitura do Recife, não se fazem esses exames. Falo, aqui, nesta tribuna, porque usamos o parlamento para que a situação possa ser corrigida”.

O vereador acrescentou, ainda, que os hospitais Procape e Agamenon Magalhães também funcionam de forma superlotada e não oferecem diversos exames aos pacientes. “Conversei com médicos da Policlínica Arnaldo Marques, e eles disseram que lá não é diferente. Faltam exames básicos”.

Além  dessas questões, ele também denunciou que existe uma lista de espera com mais de 11 mil nomes de pessoas que fizeram concurso público para a saúde municipal e até agora não foram chamadas para ocupar os cargos, enquanto há carência de servidores em toda a rede. “Vou fazer um slogan dizendo assim: ‘Nomeia já’.  A Prefeitura do Recife precisa nomear essas pessoas, pela meritocracia do concurso público e pela necessidade da rede”.

O vereador Samuel Salazar (MDB), que é líder do Governo, pediu um aparte e questionou se a fala do vereador representaria o pensamento do Sindicato dos Médicos (Simepe), entidade da qual ele faz parte. “Nós queremos, inclusive, saber como o Simepe pode contribuir para melhorar essa situação. O Hospital da Mulher virou referência regional e atende a 35% de partos de mulheres recifenses. O restante dos partos são de mulheres de outras cidades”.

De acordo com Samuel Salazar, desde o início da pandemia, o Imip também deixou de atender às gestantes de alto risco e todas elas passaram a ser atendidas no Hospital da Mulher. “Conversei agora com a diretora do Hospital, Isabela Coutinho Neiva, e ela me garantiu que a situação de lá não é um caos e que oferece um bom atendimento graças ao trabalho dos bons profissionais”.

O vereador Alcides Cardoso (DEM) também pediu aparte e fez um apelo para que os 30 médicos da Maternidade Barros Lima voltem aos postos de trabalhos, uma vez que a unidade foi fechada no início da pandemia. O vereador Marco Aurélio Filho (PRTB), por sua vez, propôs a criação de uma frente conjunta para uma visita ao Hospital da Mulher, visando entender as reais necessidades. Diante das falas dos parlamentares, Tadeu Calheiros afirmou que a situação mostra que o Estado de Pernambuco não tem um sistema de saúde descentralizado e sugeriu a formação de uma Frente em Defesa do SUS.

Em 14.02.2022