Cida Pedrosa exalta o trabalho e a luta das mulheres
A parlamentar iniciou a sua fala com versos da poetisa indígena Graça Graúna. "Saúdo as minhas irmãs de suor, papel e tinta fiandeiras guardiãs, ao tecer o embalo da rede rubra ou lilás no mar da palavra escrita voraz. Saúdo as minhas irmãs de suor, papel e tinta", recitou. "Quero saudar todas as mulheres com esses versos e quero fazer algumas reflexões sobre toda a dor que é cercada às mulheres desse mundo, que não cabem no espaço de cinco minutos", disse.
Cida Pedrosa falou que desde cedo as mulheres são educadas para não romper com padrões tradicionais. "Somos o tempo inteiro instigadas a ficar em casa e não poder ir para a rua dividir espaço. Somos criadas assim: fecha a perna, menina. Cruza as pernas, menina. Isso não é coisa de menina. Rua não é lugar de menina, rua é perigoso. Não fale assim, fale baixo. Moça não ri desse jeito. Nós somos interditadas desde pequeninas e quando uma de nós alcança qualquer espaço de poder, tenha certeza que nós ultrapassamos a linha do som. Cada uma de nós que chega a um espaço, carrega todas nós no ombro, porque ainda não chegamos no tempo onde a gente tenha 50% de paridade em todos os espaços, e sempre temos que provar que somos boas, inteligentes, capazes de provar que somos equilibradas".
A vereadora aproveitou a ocasião para exaltar o trabalho desenvolvido pelas secretárias municipais do Recife, mulheres que ocupam o primeiro escalão da gestão João Campos e que vêm desenvolvendo um papel desafiador. "É muito importante que cada homem que venha aqui nesta tribuna respeite nominalmente cada mulher que conseguiu chegar a ser secretária, e aqui registro minha solidariedade inteira neste 1º de março a Luciana Albuquerque, que tem comandado com maestria a Saúde do Recife, num dos momentos mais difíceis da pandemia. Saúdo Ana Rita Suassuna, o que ela está enfrentando para acolher pessoas em situação de rua é nada mais, nada menos do que colher a política desastrosa do governo Bolsonaro. Saúdo com muito carinho Adriana Rocha, que vem fazendo um trabalho belíssimo para empoderamento e empregabilidade das mulheres. É preciso que cada homem e cada mulher que venha a esta tribuna valorize cada uma de nós, que chega aqui rompendo com o mundo".
Ao final do discurso, a vereadora recitou o poema Rainha dos Degredados, de sua autoria, que fala sobre as mulheres que estão passando fome. "Salve-me rainha, a vida não é doce, nem misericordiosa. Hoje só tem panela e um pouco de maçunim. O marido se foi para as bandas do Beberibe e vende caranguejo na feira de Peixinhos. Salve-me rainha, antes que os de Eva morram sem direito a maçãs ou coisa assim".
Em 01.03.2022