Dani Portela agradece aprovação de projeto de lei e fala sobre Marielle Franco

“Nossa luta é contra o machismo, o racismo e deve ser de todas e de todos. Marielle não pertence a um partido político, nem a uma bandeira apenas, ou a uma causa. Ela perpassa corpos que ousaram sair da periferia e ousaram ocupar o centro de poder, do Executivo, das casas legislativas. São esses lugares ao centro que queremos ocupar de maneira coletiva. A violência política nos paralisa”, disse Dani Portela, na reunião plenária realizada de forma híbrida, pela Câmara Municipal do Recife. Ela também apresentou um vídeo, no telão do plenário, com a poetisa Bione declamando um poema em estilo de rap. “É importante ver a Bione declamar. Uma menina que começa a fazer poesia cedo, com 14 anos, negra, periférica, LBT, que levanta, pelo rap, muitas vozes que são silenciadas”.

O vídeo foi gravado em 2021. Por isso, Bione começa falando que Marielle foi morta há três anos. Ontem, fez quatro que a vereadora carioca foi assassinada a tiros, no centro do Rio. A poetisa cobra os nomes dos assassinos, fala da luta de favelados, e diz que Marielle está presente nessa luta. Quem matou Marielle, disse, estava “almejando a exclusão”. Diz, ainda, que ela está presente no coração de “pretos que tem coração” e “todos que têm coração”. A vereadora Dani Portela afirmou que esta é “uma juventude que tem muito para falar”. Ela também observou que Marielle foi vítima de violência política, mas que “existem inúmeras formas de violência contra a mulher na política. “Reclamam que falamos muito, que sempre queremos nos colocar; e assim nos colocam umas contra as outras. Mas temos que entender que precisamos unificar nossa luta. Historicamente este lugar foi difícil para nós chegarmos”.

A vereador Cida Pedrosa (PCdoB) pediu aparte e disse que estava emocionada com o vídeo de Bione, além de reconhecer a importância do PLO 62/2021. “Tivemos um dia histórico e fizemos justiça às mulheres vítimas de violência política. É um dia emblemático, quando se homenageia Marielle”. Ela também comentou a votação do projeto de lei, quando alguns parlamentares se recusaram a apoiar a matéria que falava apenas de mulheres negras. “Deixo um recado para quem fez esse questionamento: apesar de sermos muitas, nós não somos iguais. Não se pode comparar a oportunidade de uma menina negra, por exemplo, na nossa sociedade, com a de uma menina branca. Nós nascemos em situação de desigualdade, mas para estabelecer a equidade tem que se diferenciar, visibilizar e realizar políticas afirmativas”, disse. Cida Pedrosa acrescentou que “só existe um salto civilizatório quando nós tivermos a integridade de nossos corpos garantida”.

A retomar a palavra, Dani Portela encerrou o discurso dizendo que a morte de Marielle Franco incentivava a luta das mulheres. “Eu garanto que o luto vira luta. Quando se derruba uma, levanta-se um milhão”.

Em 15.03.2022.