Dani Portela propõe Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política

Foi aprovado, em primeira discussão na Câmara do Recife, o projeto de lei número 62/2021, da vereadora Dani Portela (PSOL), que institui no calendário oficial de eventos do Recife o “Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres Negras, LGBTQIA+ e Periféricas”. Antes da votação, durante o pequeno expediente da reunião plenária desta terça-feira (15), a autora falou sobre a importância de incluir o tema na agenda de debates do Município.

“A luta de Marielle Franco não é do Recife, Rio de Janeiro, João Pessoa ou São Paulo. A luta dela perpassa todas as fronteiras do nosso país, inclusive dos territórios nacionais. É uma luta que o mundo se juntou, em defesa dos defensores dos direitos humanos. Se a gente votar negativamente contra esse projeto, vai estar corroborando com o feminicídio politico, com o silenciamento da luta de Marielle”, afirmou.

O projeto entrou em pauta na reunião plenária desta segunda-feira (14), mas não chegou a ser votado. “Ontem saí daqui entristecida. Eu queria pedir que cada vereador votasse com sua consciência, que a gente liberasse todas as bancadas entendendo que ontem foi um dia importante, que ela foi uma vereadora eleita como nós fomos, que foi silenciada do espaço desta tribuna, como acontece com muitos e muitas de nós”, declarou a autora.

Dani Portela trouxe números à tribuna da Câmara. Nas últimas eleições, 53% das Câmaras municipais do país não elegeram nenhuma mulher negra. "O Recife está na quarta posição entre as Câmaras de Vereadores mais brancas do Brasil. Meu sonho é um país onde negros não sejam culpados até que se prove o contrário; um país onde mulheres, negros e negras, sem-teto e sem-terra possam chegar nessa tribuna e em vários parlamentos. Os negros não vão voltar pra senzala, os LGBTs não vão voltar para o armário e as mulheres não voltarão à submissão”, afirmou.

“Hoje podemos até derrotar no voto um projeto de lei, mas não vamos derrotar um sonho por um mundo melhor em favor dos menos favorecidos e combatendo os privilégios e não vão matar o nosso direito de sonhar, nós estamos vivas e nós somos semente”. O projeto foi aprovado em primeira discussão com 15 votos favoráveis e 12 contrários.

Em 15.03.2022