Osmar Ricardo comenta desfiliação de Marília Arraes

Em choque com a liderança do Partido dos Trabalhadores por conta da disputa eleitoral pelo Governo de Pernambuco, a deputada federal Marília Arraes (SD) anunciou na semana passada que sairia do PT, filiando-se ao Solidariedade na sexta-feira (25). Na Câmara do Recife, o vereador Osmar Ricardo (PT) teceu críticas à movimentação da deputada em dois discursos proferidos na tribuna da Casa durante a reunião plenária desta segunda-feira (28).

As tensões se agravaram no dia 20 de março, quando o diretório do PT em Pernambuco indicou o nome de Arraes à candidatura ao Senado. Em seguida, a deputada federal publicou uma nota em que afirma não ter sido consultada sobre a decisão.

Para Osmar Ricardo, no entanto, Marília Arraes teria priorizado a sua disputa com o grupo político do PSB, que hoje governa o Executivo Estadual, em detrimento das alianças que buscam impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) no pleito federal.

“Em uma eleição em que precisamos derrotar um genocida como o presidente Bolsonaro, não podemos dividir a bancada e nos dividir na política. Podemos ter divergências ideológicas, mas existem alianças”, refletiu o vereador. “Infelizmente, o Partido dos Trabalhadores tinha indicado, no último final de semana, a deputada federal Marília Arraes para ser a candidata a senadora pelo Partido. E ela soltou uma nota daquele jeito. O problema da deputada não é a política, mas uma briga interna com a família Campos [do PSB]. E o PT não pode se envolver nisso, ele é bem maior que isso”.

Lula e Bolsonaro - Nesta segunda-feira, o vereador Osmar Ricardo (PT) voltou à tribuna, no Grande Expediente, para, mais uma vez, abordar a saída da deputada federal Marília Arraes do PT. “Ela, que dizia estar pronta para fazer o que fosse do interesse de Lula, saiu do PT chutando o pau da barraca, desrespeitando o partido e o próprio Lula”.

O parlamentar reiteirou que Marília Arraes deixou o partido porque tinha desavenças com a família Campos, que é a base do PSB em Pernambuco. “Mas o PT tem CNPJ e não CPF. A briga é dela, com a família. Não é uma briga do PT com a família Campos”. Osmar Ricardo informou que o PT vai apoiar o candidato a governador Danilo Cabral, indicado pelo PSB, na aliança estadual que visa eleger  candidato Lula a presidência. 

Osmar Ricardo disse que o PT anunciará em breve o candidato ao senado. “O fato é que nós temos um projeto político e esse projeto é Lula”, disse. Osmar Ricardo afirmou que uma divisão das esquerdas pode ocasionar uma situação complicada, levando até a um segundo turno para governador no Estado. “As esquerdas devem estar unidas, e não brigando, para eleger Lula”. Nesse ponto, ele fez referência ao ex-presidente da República.

“O retirante e operário, que se tornou o melhor presidente da História do Brasil, transformou este país num canteiro de obras. Ele precisa e vai voltar. Quem não estiver com Lula, vai favorecer Bolsonaro”, argumentou. Ele passou a elogiar Lula, citando obras que foram realizadas nas suas gestões, e na de Dilma Rousseff, como Minha Casa, Minha Vida, Prouni, Pronatec e Fies. Também criticou Bolsonaro, que em seu entendimento, teria “aumentado a inflação, o desemprego e o número de armas junto à população”.

 O vereador Alcides Cardoso (sem partido) pediu um aparte e disse que não é um “defensor de Bolsonaro, mas sim das suas políticas que favorecem o País”. Ele observou que “Lula roubou todos os fundos de pensão e deixou 15 milhões de desempregados. Portanto, deveria estar preso.  O povo quer mudança, cansou”.

O vereador Dílson Batista também falou. Ele lembrou que o seu partido, o Avante, é da base de Bolsonaro e fez a defesa do presidente. “Quero pontuar que as pessoas falam do aumento do combustível, mas devemos ressaltar que não temos no Brasil refinarias para atender a toda necessidade. No entanto, no governo do PT, foi construída a Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, superfaturada, e que não produz nem 20% do que deveria”. Batista também disse que os Correios davam prejuízo de R$ 2,1 bilhões aos cofres públicos na gestão do PT e que, no governo Bolsonaro, apresentam um lucro líquido de R$ 4,6 bilhões”.


Em 28.03.2022.