Solenidade comemora centenário do Partido Comunista Brasileiro

Uma história que se confunde com a dos embates do século XX e das lutas por soberania e igualdade nas últimas décadas. A trajetória do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que completou cem anos no dia 25 de março, foi celebrada nesta quinta-feira (31) em uma reunião solene promovida na Câmara do Recife. A homenagem, requerida pela vereadora Dani Portela (PSOL) e presidida pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), contou com a presença de militantes e lideranças da legenda.

Na tribuna do plenário, a parlamentar não deixou de fazer uma relação entre o centenário do PCB e o aniversário de 58 anos do golpe de 31 de março de 1964, que reprimiu os correligionários do partido. “É muito simbólico estarmos aqui hoje, comemorando o centenário de luta desse partido entre os dias que foi dado o golpe militar de 1964. Um golpe que, de maneira implacável, cassou mandatos de parlamentares, prefeitos, governadores e vereadores como nós. Realizou uma intervenção direta em centenas de sindicatos, perseguiu lideranças, implementou o horror. O PCB lutou duramente em defesa da democracia e de ideais que precisaram resistir”.

Dani Portela frisou, ainda, que o seu partido e o PCB se coadunam em diversas frentes políticas. “A gente se encontra em muitos espaços. Seja na luta sindical, seja na luta das ruas, seja na luta antirracista, seja na luta pela democracia, uma luta anticapitalista”, afirmou. “Vida longa ao PCB e à democracia neste país. Temos um desafio em 2022: derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Isso aproxima as nossas trincheiras e é em torno dessa luta que nos moveremos”.

O PCB foi representado na solenidade pelo historiador Jones Manoel, membro do comitê regional de Pernambuco e do comitê central da legenda. Em seu discurso, ele fez uma análise das contribuições do Partido à construção do patrimônio de direitos nacionais, como o Sistema Único de Saúde, e de empresas estatais de caráter soberano. “Desde a década de 1920, o PCB teve um papel central nas lutas populares para dar origem à CLT, com todos os seus limites e problemas. No mesmo período, tivemos protagonismo na luta anti-imperialista, e na luta antifascista, no contexto da ascensão do nazifascismo na Itália e na Alemanha. Ao final da Segunda Guerra Mundial, o PCB teve uma linha muito firme em defesa da soberania das empresas públicas que estavam sendo criadas. A campanha ‘O Petróleo É Nosso” não existiria sem a participação dos comunistas. Tiveram um papel central na criação da Eletrobras. Teve um papel protagonista na luta pela reforma agrária”.

O comunista lamentou, ainda, o que chamou de “sequestro” de símbolos nacionais por figuras políticas que, segundo ele, não contribuíram na luta por direitos. “É fácil citar símbolos nacionais, exibir a Bandeira, falar que é patriota. Mas patriotas de verdade foram os milhares de trabalhadores e comunistas que lutaram pelo pouco que a gente tem. Patriotas eram Marighella, Gregório Bezerra, Júlia Santiago, Ana Montenegro, Adalgisa Cavalcanti. Patriota são Aníbal Valença, Roberto Arrais”.

Também deram suas contribuições no plenário outros membros do PCB que compuseram a mesa do evento. Discursaram na tribuna da Casa a integrante do Comitê Regional Luiza Melo, a diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) Victória Pinheiro, e o integrante do Comitê Central Roberto Arrais.

Ao final da solenidade, Ivan Moraes agradeceu pela oportunidade de presidir a reunião e elogiou a atuação do PCB nos processos de conquistas de direitos. “Quando eu me elegi vereador desta Casa em 2016, foi em uma coligação com o PCB. Quando disputei as eleições para deputado federal em 2018, foi em uma coligação com o PCB. A luta vai muito além das eleições, embora a gente saiba que o processo eleitoral não é irrelevante. A luta acontece todos os dias. E, em todo esse tempo, mesmo antes de eu entrar na política institucional e em um partido político, estou muito acostumado a ver o PCB nas ruas, em tudo que é protesto por direitos”.

Em 31.03.2022