Cida Pedrosa pede voto de aplauso a profissionais de saúde e homenagem a opositor torturado pela Ditadura

Na próxima quinta-feira (7), será celebrado o Dia Mundial da Saúde. Na Câmara do Recife, a data foi saudada já nesta terça-feira (5), por meio de um requerimento proposto pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) e que concede voto de aplausos a profissionais da área, em especial os que atuam na linha de frente do enfrentamento à covid-19. Na tribuna do plenário, a parlamentar deu destaque a esse pedido e tratou, também, de uma solicitação do seu mandato para que a Prefeitura instale uma homenagem ao opositor da Ditadura Militar Gregório Bezerra, torturado no bairro de Casa Forte em abril de 1964.

“Todos os profissionais são absolutamente necessários. Mas, nos últimos dois anos, o que vimos foi um esforço absoluto dos profissionais da área de saúde para enfrentar a covid-19”, disse a parlamentar. “Temos relatos de profissionais que estão há dois anos sem férias, dobrando plantões, deprimidos por conta do excesso de carga horária e por terem colocado suas vidas em risco. Temos recebido relatos de profissionais de saúde com crise de pânico. Mais do que nunca, o Dia Mundial da Saúde é um dia de reflexão por uma categoria sem a qual não temos como construir um País saudável em todos os sentidos”.

Pedrosa fez, também, uma reflexão sobre o papel social dos profissionais de saúde. “Temos que pensar na saúde não como o tratamento da saúde, mas acima de tudo como prevenção. É a saúde básica, que está na comunidade. É essa turma que descobre crianças que estão sofrendo violência sexual em casa, que mulheres estão sofrendo violência doméstica. Hoje, a saúde recebe pessoas com fome. Esses profissionais são os primeiros a receberem todas as angústias da sociedade”.

Direito à memória e à verdade – Ao discutir o requerimento nº 3671/2022, que pede à Prefeitura que providencie uma homenagem a Gregório Bezerra na praça de Casa Forte ou nos seus arredores, Cida Pedrosa relembrou o episódio de suplício público praticado por militares após o golpe de 1964.  “Gregório é um homem cuja vida se confunde com a luta pela democracia e pelo bem estar social, pela reforma agrária, pela saúde do povo, pela educação. Padeceu publicamente de torturas nesta cidade. Foi arrastado pelo Exército na praça de Casa Forte até a 17 de agosto, amarrado por correntes, apanhando”.

Para a vereadora, a homenagem – segundo ela, aguardada há vários anos – não pode ser mais adiada, tendo em vista o contexto de apoio e complacência em relação aos crimes de tortura praticados por agentes da Ditadura. “Infelizmente, há muitos anos se luta por uma homenagem ao nosso querido Gregório na praça de Casa Forte, local onde ele foi publicamente agredido e torturado. Essa discussão é tão antiga que tem uma escultura pronta, nunca colocada lá sob diversas alegações. A praça é tombada, de Burle Marx. Mas a gente precisa marcar aquele bairro com a história como ela é. Estamos vivendo um momento de negação”.

Em um aparte, a vereadora Liana Cirne (PT) lembrou um caso recente envolvendo uma publicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) em uma rede social que pode ser interpretada como apoio às torturas praticadas contra a jornalista Miriam Leitão durante a Ditadura Militar. “É muito importante que o prefeito João Campos (PSB) dê seguimento a esse requerimento. Essa é uma dívida histórica da cidade do Recife. Um homem que foi torturado publicamente, como esse herói da democracia, precisa ter a sua história enfatizada”, defendeu. “Nesta semana, tivemos o desprazer de ver um deputado ironizar a tortura à jornalista Miriam Leitão. Eduardo Bolsonaro ironizou a tortura de uma mulher grávida, assim como seu pai [o presidente Jair Bolsonaro, do PL] ironizou a tortura de outra mulher, a nossa presidenta Dilma Rousseff. Esses homens ficam impunes apenas em razão do machismo, mas também porque o nosso País não fez uma transição democrática adequada”.

O requerimento nº 3671/2022 foi retirado de pauta após receber um pedido de vista do vereador Renato Antunes (PSC).

Em 05.04.2022