Comissão da Mulher aprova projeto sobre Política de Diagnóstico de Depressão Pós-Parto

Uma proposta que visa a instituir as bases para uma Política de Diagnóstico de Depressão Pós-Parto nas redes pública e privada de saúde do Recife teve o seu parecer pela aprovação acatado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, em reunião promovida nesta terça-feira (12). Presidido pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), o grupo se reuniu no plenarinho da Câmara do Recife para deliberar sobre esse e outros três projetos em tramitação na Casa.

O projeto de lei nº 72/2022, que trata da Política de Diagnóstico, é de autoria da vereadora Natália de Menudo (PSB) e foi relatado por Cida Pedrosa. “Eu sou uma mulher que tive depressão pós-parto. É impressionante o quanto você fica extremamente mexida. O puerpério é um período delicado na vida de uma mulher gestante, dada a vulnerabilidade física e psicológica, e à adaptação à rotina de um bebê”, disse a parlamentar.

Dentre os objetivos propostos pela matéria para a Política, estão ações de informação, conscientização, diagnóstico precoce, cadastramento e acompanhamento de mulheres diagnosticadas, e o incentivo à avaliação psicológica.

“Uma a cada quatro mães apresentam sintomas de depressão após o nascimento do bebê, segundo dados da Fiocruz. A manifestação dos sintomas depende de diversos fatores, como questões hormonais da gestação, histórico de doenças e transtornos mentais, e outros traumas passados pela pessoa durante a gestação. A frustração causada pelos padrões e expectativas colocadas nas mulheres em relação à maternidade também é um fator que influencia na situação”, acrescentou Pedrosa. “Dessa forma, a melhor medida para tratar a depressão pós-parto é a informação e a sensibilização dos profissionais de saúde e da sociedade em geral, além de atividades preventivas para cuidar da saúde mental”.

Os demais projetos discutidos também receberam pareceres pela aprovação, todos acatados pelo colegiado. São eles: o projeto de lei nº 336/2021, do vereador Osmar Ricardo (PT), que visa a assegurar às gestantes o direito de receber assistência humanizada nos procedimentos do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto, nos estabelecimentos de saúde que integram a Rede de Assistência do Sistema Único de Saúde (SUS); o projeto de lei nº 112/2022, também de Osmar Ricardo, que dispõe obre a alternância de denominação de logradouros e prédios públicos do município do Recife com nomes de homens e de mulheres; e o projeto de lei nº 58/2022, do vereador Júnior Tércio (PP), que trata da assistência psicológica às mulheres mastectomizadas no município do Recife.

Outras sete matérias – seis projetos de lei e um projeto de resolução – foram distribuídas às relatoras para a emissão de pareceres que devem ser votados nas próximas reuniões. Além de Cida Pedrosa, participaram do encontro as vereadoras Ana Lúcia (Republicanos) e Dani Portela (PSOL).

Agressão no esporte – Ao final da reunião, a vereadora Ana Lúcia criticou um episódio de agressão praticada no último domingo (10), durante o intervalo de uma partida de futebol do Campeonato Capixaba. Na ocasião, o então técnico do clube Desportiva Ferroviária deu uma cabeçada na assistente de arbitragem Marcielly Netto. “Além da agressão, ele ainda saiu dali dizendo aos jornalistas que ela iria tornar aquilo uma pauta de que ele só fez aquilo porque ela era mulher. Ele estava rodeado de homens e escolheu aquela mulher para dar aquela cabeçada”, afirmou.

Dani Portela também demonstrou insatisfação com o ocorrido. “Repudiamos cenas de qualquer tipo de violência. É uma trabalhadora no exercício de sua função que é agredida fisicamente. O que as imagens mostram é que eles não estavam nem discutindo. Ele decidiu fazer isso com uma mulher e isso violenta cada uma de nós”.

Para Cida Pedrosa, as circunstâncias do caso indicam que o caso envolve discriminação de gênero. “Precisamos, de fato, repudiar qualquer tipo de violência praticada contra nós, em qualquer instância. O alvo foi escolhido. Ele estava cercado de homens e se dirigiu a ela porque era a única mulher. Fica muito negritada a misoginia. Uma sociedade que aceita e não pune esse tipo de violência está doente”.

Em 12.04.2022