Liana Cirne concorda com retirada de busto de Castello Branco e apoia o Parque da Resistência Leonardo Cisneiros
“O general Castello Branco foi um torturador. Isso foi um fato e não podemos permitir que um busto, uma honraria, se coloque em nossa cidade em defesa de um torturador. Castello Branco instaurou uma ditadura que matou 434 pessoas. Levou mulheres grávidas ao aborto. Foram 41 parlamentares que tiveram os seus mandatos cassados para que nossas vozes fossem silenciadas, retirados da tribuna e depois foram presas e presos”.
Liana Cirne citou que Castello Branco criou o Plano de Integração Nacional onde 8.349 indígenas foram assassinados. “Então, aprovar o requerimento é também honrar a história da Casa de José Mariano. Essa Casa tem uma história de lutas libertárias. Tenho certeza de que vamos contar com apoio de todos e todas, por mais que discordem de nós”.
No aparte, a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) disse que em qualquer lugar do mundo onde se instala uma ditadura, o amor fecha a porta e que a proposição de Dani Portela não era revisionista. “A fraternidade e a humanidade fecham a porta quando vem a ditadura. E fecha a porta porque o que se instala é o direito de usurpar o corpo do outro e a tortura é exatamente isso. É ter a certeza de que aquele corpo é da propriedade de quem dita e está pronto a sofrer qualquer tipo de dor. Para o torturador, o que se quer é aniquilar as ideias, a diferença. O requerimento da vereadora Dani Portela não é revisionista porque ninguém vai quebrar o busto. Pode colocá-lo num museu. No Araguaia, foram aniquilados 69 jovens, alguns com idade de 23 anos, cujo único crime foi entregar um panfleto contra uma ditadura nefasta. Se estivéssemos em uma ditadura, ninguém aqui estaria falando sobre isso”.
Parque da Resistência Leonardo Cisneiros - Ainda durante a reunião Ordinária, a vereadora Liana Cirne o projeto de lei de número 169/2021, de autoria do vereador Ivan Moraes (PSOL), que denomina “Parque da Resistência Leonardo Cisneiros”, o parque que será construído no Cais José Estelita, Município do Recife.
A proposição foi aprovada em segunda votação no plenário e a parlamentar salientou que não poderia deixar de falar sobre o homenageado. "Ele fez história na cidade do Recife, que foi o Ocupe Estelita, o qual participei como advogada com muita honra e alegria. Foi um dos momentos mais pujantes da história recente do Recife. Podemos dizer que fizemos história e foi interessante, porque tudo começou nesta Casa em 2011/2012, numa audiência pública que foi apresentado o projeto do Novo Recife", destacou.
"Conseguimos parar a cidade para debater que cidade nós queríamos e Leonardo Cisneiros teve um papel crucial. Ele reunia qualidades que a gente gosta de ver em uma pessoa. Ele era muito competente do ponto de vista técnico, muito apaixonado do ponto de vista político e conseguia agregar pessoas em torno de ideias. É alguém que faz muita falta nesse momento", afirmou a vereadora.
Na ocasião, Liana Cirne ressaltou que o nome Leonardo Cisneiros carrega uma onda de paixão e rebelião. "É uma síntese de competências técnicas e vontade política de mudar a cidade para fazer dela mais democrática".
Em aparte, o autor do projeto ,vereador Ivan Moraes, exaltou que o nome do Parque da Resistência representa muito mais. "Note que a escolha do nome foi feita pela família e faço referência à sua mãe, grande lutadora dessa cidade, que nos provoca o tempo inteiro a levar em frente o legado de Léo Cisneiros e do pessoal dos direitos urbanos".
Em 19.04.2022