Luizinho de Serra e Dudu do Acordeon recebem Medalha do Mérito José Mariano

A mais alta comenda do Poder Legislativo Municipal foi concedida nesta sexta-feira (8) a dois nomes que ajudam a manter viva a força da música tradicional. Seguindo uma proposição do vereador Aderaldo Pinto (PSB), a Câmara do Recife agraciou com a Medalha do Mérito José Mariano José Luiz de Lima – o Luizinho de Serra – e Eduardo Henrique Araújo Silva – o Dudu do Acordeon. A solenidade de entrega das homenagens aconteceu no plenário da Casa, em reunião solene presidida pelo vereador Chico Kiko (PP).

Em seu discurso, Aderaldo Pinto lembrou que a concessão das medalhas deveria ter acontecido em 2020, mas foi interrompida pela pandemia de covid-19. “Há dois anos, eu tinha a vontade de trazê-los para receber esta homenagem e é com muita satisfação que chegou este momento”.

De acordo com o parlamentar, os dois músicos têm se destacado na cena cultural por movimentar e disseminar os ritmos tradicionais. “A carreira dos dois merece destaque por já terem subido aos palcos e realizado gravações e duetos com vários artistas de renome da cena cultural, como o Dominguinhos, Santanna, Nádia Maia, Rogério Rangel, Petrúcio Amorim, Liv Morais, padre Damião Silva, Almir Rouche, Maestro do Forró, Nonô Germano, Nena Queiroga e Irah Caldeira. São por essas razões e por representar a cultura nordestina, por levar as raízes da nossa cidade para o mundo, que esses ilustres artistas são merecedores”.

Ao falar de Luizinho de Serra, Aderaldo Pinto lembrou de sua trajetória, da infância em Serra Talhada (PE) à participação em festivais na Alemanha. “Ao longo da estrada profissional, tem divulgado a cultura nordestina e a mistura de ritmos de nossa cidade, participando de diversos eventos e shows em praticamente todo o Nordeste brasileiro, nos principais polos. Já levou também a música nordestina para além das fronteiras nacionais”.

Sobre Dudu do Acordeon, o vereador também destacou as raízes no interior – o artista é filho de um caruaruense e de uma aliancense – e a projeção internacional, que conta com apresentações em países como França, Inglaterra e Angola. “A sua agenda é composta de 80 shows em média por ano, em cidades como João Pessoa (PB), Salvador (BA), Aracaju (SE), e, em nosso Estado, nos principais polos como Recife, Caruaru, Bezerros, Garanhuns, Pesqueira, Salgueiro, Serra Talhada e o Arquipélago de Fernando de Noronha”.

Após a entrega dos diplomas e medalhas, os homenageados ouviram um discurso do poeta Xico Bizerra. “Eu aconselho que continuem como agora. Esse é o caminho certo, que os fará conhecidos lá na frente. Luiz Gonzaga morreu há mais de 30 anos e ainda hoje a sua música está moderna e viva, sendo gravada todos os dias, porque ele nunca se rendeu aos modismos. Ele sempre se renovou mas nunca cedeu os seus princípios éticos e musicais”.

Na tribuna, Luizinho de Serra admitiu que a primeira experiência no Recife, ainda na adolescência, o fez se afastar da cidade e procurar polos como São José do Egito. Mas, após retornar em anos seguintes, o serratalhadense disse ter encontrado na capital o seu caminho. “As maiorias alegrias da minha vida, musicalmente falando, vieram daqui. Foi daqui que a gente foi para a Europa, foi aqui que conheci Dudu e outros irmãos da sanfona, foi aqui que comecei a evoluir, cantar, compor. Virei parceiro de Xico Bizerra, comecei a produzir discos de muita gente. Sou apaixonado por esta cidade: ela me trouxe meu filho, a minha música, a poesia que eu aprendi em São José foi melhorada aqui e daqui eu a espalhei pelo mundo”.

Dudu do Acordeon teceu agradecimentos pela escolha de homenagear sanfoneiros da nova geração e fez uma reflexão sobre o papel da cultura no mundo atual. “Acho que a pandemia mostrou o quanto a arte é essencial. Enquanto todos estavam sem poder trabalhar, sem poder sair de casa e fazer o que a gente gosta, a arte salvou a humanidade. Estava todo mundo assistindo a lives, música, assistindo a filmes. Receber esta homenagem quando passa a pandemia mostra a força da arte”.

O evento foi encerrado com apresentações de sanfona dos dois músicos – primeiro individualmente, depois em conjunto. A cantora Irah Caldeira, que fez parte da mesa da solenidade, também se apresentou com o acompanhamento de Luizinho de Serra e Dudu do Acordeon.

Ao encerrar a solenidade, Chico Kiko indicou que ela foi um momento carregado de emoção. “Não é fácil presidir uma reunião em que há um carinho especial. Quero dizer da felicidade de estar aqui com vocês nesta justa homenagem”.

 

Em 08.04, às 19h56