Ivan Moraes lê carta de repúdio do Raps a edital da Prefeitura

Na reunião Ordinária da Câmara do Recife desta segunda-feira (4), o vereador Ivan Moraes (PSOL) leu uma carta de repúdio da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) ao edital da Prefeitura destinado ao financiamento de 150 vagas em comunidades terapêuticas na capital. O parlamentar destacou a utilização do seu mandato para a leitura de posicionamento de várias entidades da sociedade civil para que sejam ouvidas.

De acordo com a carta, o programa de contratação das comunidades terapêuticas se propõe a disponibilizar as vagas para pessoas a partir de 18 anos com problemas decorrentes de abuso/dependência de substância psicoativa. "Consideramos que essa iniciativa de custeio a comunidades terapêuticas, entidades geralmente de cunho religioso que funcionam longe dos conceitos de redução de danos e do respeito ao Estado laico, apresenta-se como um evidente retrocesso no cuidado em serviços de atenção psicossocial abertos e de base comunitária proposto e efetivado através da Raps, uma rede de saúde mental integrada e articulada nos diferentes pontos de atenção para atender as pessoas em sofrimento e com demandas decorrentes de transtornos mentais e do consumo de álcool, crack e outras drogas", leu o parlamentar.

Ao exaltar a reforma psiquiátrica, é destacado o seu fortalecimento nos espaços de controle social. "Recife ao longo dos anos vem construindo uma rede de serviços em que valoriza o cuidado integral, de base territorial, articulada a outros dispositivos e políticas públicas, considerada uma das maiores redes substitutivas do Brasil, e observamos ao longo de seis anos, desde 2013, uma ampliação de serviços".

"Dessa forma, repudiamos o presente edital que repassará milhões de reais para comunidades terapêuticas, enquanto vivenciamos uma ausência de investimento na RAPS/SUS, comprovando que estamos diante de um projeto político de incentivo de retornos às instituições manicomiais e exclusão do cuidado em liberdade com a saúde mental e pessoas em sofrimento psíquico e uso abusivo de substâncias na cidade do Recife", afirma a carta.

Em 04.04.2022