Ivan Moraes diz que suspensão dos festejos juninos foi precipitada

A Prefeitura do Recife suspendeu os festejos juninos dizendo que usaria o dinheiro previsto para mitigar os problemas causados pelas chuvas. De acordo com o vereador, os recursos poderiam ser captados de outras fontes e, por essa razão, ele protocolou um requerimento para propor exatamente isso. “No orçamento municipal, por exemplo, há uma dotação de R$ 52.5 milhões para a propaganda. No ano passado se consumiu pouco mais de R$ 40 milhões. Portanto, ainda teríamos em caixa pelo menos R$ 12.5 milhões para gastar. Esse valor, já seria quase o total”, disse.

Ivan Moraes sublinhou que estava fazendo uma crítica construtiva e lembrou que, neste momento, muita gente está se mobilizando para enfrentar a situação de emergência. “Com certeza, há deputados que querem trazer dinheiro de Brasília, através das verbas parlamentares, para ajudar nas obras de reconstrução. Esta Câmara Municipal também está vendo uma forma de repassar o dinheiro do fundo próprio. Estamos todos participando de um esforço coletivo”. Ele arrematou dizendo que, “por conta de um gesto político”, não convinha retirar dinheiro da cadeia produtiva da cultura para mitigar os problemas causados pela chuva.

O vereador, no entanto, reconheceu que “não há clima para as festas”, mas lembrou que elas não serão realizadas “nem hoje e nem amanhã” e sim dentro de duas ou três semanas, quando as consequência das tragédias já estarão arrefecendo. Segundo ele, faria sentido suspender alguma comemoração pontual, mas não toda a programação. “Por isso, acho que foi cedo demais suspender todo o São João. Insisto que ainda dá tempo de  termos as festas. A gestão pode aplicar o paliativo necessário para quem perdeu seus pertences com a enchente e também garantir o dinheiro à cultura”.

Em seu discurso, Ivan Moraes também criticou a gestão municipal nos últimos nove anos. Sem culpar diretamente o partido pelas tragédias, ele disse que a gestão de Geraldo Julio foi a que menos investiu em urbanização nas áreas de risco. Segundo afirmou, os percentuais de investimento públicos em urbanização de áreas de risco no Recife, tiveram os níveis mais baixos dos últimos 20 anos. “A média de investimentos em urbanização de áreas de risco, no período de nove anos do PSB à frente da Prefeitura do Recife, é de 0,37% do orçamento geral, bem abaixo da média de 0,94% nos anos anteriores”.

O vereador afirmou, ainda que R$ 152,5 milhões foram investidos em urbanização de áreas de risco em nove anos. “Enquanto, no mesmo período, foram investidos três vezes mais em manutenção do sistema viário (recapeamento e tapa-buraco), o que totaliza R$ 452 milhões”.  Ivan Moraes observou que em 2021 foram investidos R$ 42,9 em obras dessa importância e que esse valor foi o “maior volume nos nove anos de gestão do PSB”. Acrescentou, ainda, que esse valor “é 40% inferior ao gasto com manutenção do sistema viário no mesmo período, que foi R$ 71,2 milhões”.

Um aparte foi solicitado pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB). Ela se limitou a comentar a parte do discurso de Ivan Moraes sobre a transferências de recursos.  Ela também considerou que o adiamento da festa de São João foi precipitado. “As pessoas que fazem a Cultura já vinham sofrendo com a pandemia do coronavírus. Esses R$ 15 milhões que estavam previstos para a festa é pouco para as obras e poderia socorrer a categoria. Além disso, tenho a certeza de que depois da tristeza virá a alegria. E nada melhor do que o alento da cultura para depois da dor a gente se reerguer”.

Já o vereador Luiz Eustáquio (PT) comentou que não se pode dizer se houve precipitação por parte da Prefeitura do Recife, ao cancelar os festejos juninos. “Existe uma comoção social em nosso município. Como gestor é preciso ter cuidado. Se o prefeito mantivesse os festejos alguém poderia dizer que ele não se solidarizou com as vítimas. Agora, é a hora da dor. Entendo a situação, mas também entendo a posição do prefeito. Este momento não é simples e nem fácil”.

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Em 30.05.2022.