Ivan Moraes repercute reunião sobre encarceramento da juventude negra

Atualmente, no Brasil, mais de 700 mil pessoas estão presas. Quase 200 mil delas foram encarceradas por algum envolvimento com drogas. No Recife, quase 90% da população prisional é formada por pessoas negras e em sua grande maioria homens negros e jovens. Os dados foram trazidos, durante a reunião plenária desta terça-feira (21), pelo vereador Ivan Moraes (PSOL) que repercutiu uma reunião pública realizada por ele para marcar a passagem do Dia Municipal contra o Encarceramento da Juventude Negra, celebrado em 20 de junho, por lei de autoria do parlamentar.

Na tribuna, Ivan Moraes ressaltou a importância do encontro e relatou depoimentos como o da jovem Márcia Lapa, presa aos vinte e poucos anos de idade. “Ela estava com menos de 20 gramas de maconha. Eu sou capaz de apostar que o juiz que a sentenciou a cinco anos de prisão, em regime fechado, com certeza tinha algum amigo ou alguém da família que tinha mais maconha com ela naquele momento. A proibição da maconha serve única e exclusivamente para matar pessoas negras, que precisariam de outras oportunidades e não o cárcere”.

O vereador fez ainda um apelo à Prefeitura do Recife para rever o projeto de instalação de mais de 100 câmeras de vigilância com relógios de reconhecimento facial na cidade. “A tecnologia criada para reconhecer rostos identifica mal pessoas negras, então é comum, pela tecnologia, que pessoas negras sejam confundidas. É preciso que a Prefeitura reveja essa tática. Não queremos câmeras. As câmeras e o reconhecimento facial não ajudam a nossa segurança. Pelo contrário põem em risco a nossa população, especialmente a população negra, jovem e mais vulnerabilizada”.

Ivan Moraes ressaltou, ainda, que ele e a colega de bancada Dani Portela, assim como mais de 50 parlamentares em várias casas legislativas do Brasil, protocolaram projetos que proíbem o reconhecimento facial. “É preciso sim política pública de enfrentamento e de proteção às pessoas, mas é preciso que essa política pública não sirva para prender gente que precisa ser solta, estar livre e ter a oportunidade de ter vida plena”.

Outros assuntos - O vereador repercutiu ainda a desapropriação do Centro de Convivência Soledad Barret, em uma casa na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, no Espinheiro. O local foi ocupado, em março recente, por integrantes do Movimento de Mulheres Olga Benário com o objetivo de criar espaço de acolhimento para mulheres vítimas de violência. Mas a Prefeitura, segundo Ivan Moraes, prevê para o espaço a criação de um centro de referência para pessoa idosa. “Eu entendo que o diálogo é base da democracia e que poderia ter havido outra saída, garantindo que a própria Prefeitura pudesse prestar naquele local um serviço de atendimento a mulheres vítimas de violência, além do necessário, importante e esperado centro de referência”.  

Outro tema abordado pelo parlamentar foi o caso de uma criança de 11 anos impedida de realizar um aborto, em Santa Catarina, após ter sido vítima de estupro. Uma juíza negou a realização do procedimento, que é autorizado por lei, e encaminhou a menina a um abrigo com o objetivo de impedir a interrupção da gravidez de 29 semanas. “Criança e adolescente no Brasil, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, são prioridades absolutas e cuidar deles é tarefa dividida entre o Estado, a família e a sociedade. E o Estado, em Santa Catarina, está prendendo uma criança para que ela não possa realizar o direito de não correr risco de morrer por estar carregando dentro do seu corpo o resultado de um estupro. É violência em cima de violência. É preciso, antes de mais nada, que essa criança seja libertada para que ela possa ter o seu direito garantido e ela tenha uma oportunidade de sobreviver”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 21.06.2022