Agrônomo e educador Avanildo Duque da Silva recebe Título de Cidadão do Recife

A Câmara do Recife promoveu nesta sexta-feira (23), no plenário do Poder Legislativo, uma reunião solene para conceder o Título de Cidadão do Recife para o agrônomo e educador Avanildo Duque da Silva. A honraria, proposta pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), serviu para reconhecer a conexão de Silva com a capital pernambucana e a sua participação nos movimentos sociais ligados à agroecologia, ao campo e à educação.

Avanildo Duque da Silva nasceu em Paulo Afonso (BA), filho da pernambucana Maria Duque da Silva e do paraibano José Isidoro da Silva. Chegou ao Recife em 1982 para cursar Agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Em sua carreira, atuou no Projeto de Tecnologias Alternativas (PTA) do Centro de Estudos Josué de Castro e fundou, com sua equipe, o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá em 1993.

Com a projeção do seu trabalho, participou ainda de organizações como a ActionAid, o Projeto Dom Helder Câmara, o Projeto Direitos Humanos das Mulheres e Famílias Acampadas, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, a Cooperativa de Comércio Justo e Consumo Responsável, e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Possui papel importante, ainda, na fundação de redes como a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Em seu discurso, Ivan Moraes salientou um ponto da vida de Avanildo da Silva que está presente em sua trajetória: o vínculo com o Recife. “Eu lembro de quantas vidas, quantas pessoas e organizações foram impactadas por Avanildo. Tem gente que conhece Avanildo do Sabiá. Vai ter os que conhecem da ActionAind, da ASA, da ENA. Mas todo mundo conhece Avanildo como sendo do Recife”, afirmou. “E é uma pessoa que tem sempre muita disposição para debater o Recife, para participar do Recife. Para estar – onde quer que ele esteja – traduzindo o sentimento da luta pelos direitos humanos e da territorialidade onde eu tenho certeza de que ele se localiza”.

Vida Severina - Fizeram parte da mesa da mesa solene o homenageado, Avanildo Duque; a deputada estadual Carol Vergolino; a irmã do homenageado, Arenilda Duque da Silva, chefe da Divisão da Pessoa com Deficienca da Prefeitura do Recife; o companheiro do homenageado, Lucivan Augusto da Silva; a coordenadora do Centro Sabiá, Maria Cristina Aureliano de Melo; a ex-secretária da Mulher de Pernambuco, Cristina Maria Buarque; e a coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andreza Pelanda,

O discurso do vereador Ivan Moraes foi seguido de uma apresentação dos músicos Breno Gonçalves Nascimento, Arinaldo José da Silva e das cantoras Hilda e Arivania (Vaninha) Duque.  Depois, o vereador fez a entrega da medalha e do diploma, que constituem a comenda, a Avanildo Duque da Silva. Depois da entrega do título, mais uma vez os músicos se apresentaram. Só então, o mais novo cidadão do Recife fez as suas colocações e começou o discurso lendo o poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.

“Comecei com esses versos porque, para eu receber este título é renascer, ter outra cidadania. Renascer como cidadão que há muito tempo já sou”, disse. Ele falou do imaginário que tinha, desde a infância do Recife, quando ainda morava no interior. Falou das vezes que as irmãs mais velhas vinham ao Recife, passar férias e na volta, levavam fotos. Disse ainda que chegou no Recife no início da década de 1980, falou de mestres e poetas, do orixá Xangô, que é seu guia; lembrou da época em que morou no bairro da Boa Vista, centro da Cidade. “Foi um período de aprendizados e fortaleza”.

Lembrou da sua entrada no movimento estudantil, da redemocratização do país, da anistia política, do Movimento Diretas Já, das greves, do Plano Cruzado. “A Federal Rural é um lugar muito especial para mim, inclusive porque construiu o movimento agroecológico”, do qual é militante. “Assim, eu terminei me tornando pernambucano”. Relembrou dos seus trabalhos profissionais e de sua volta para o Recife. E do seu envolvimento com o movimento sabiá e com as mulheres rurais e de outros movimentos populares. “Estou muito feliz com esta homenagem que recebo. Ela vem no início da Primavera e na mesma semana do centenário de Paulo Freire, que nos convida a esperançar”. A solenidade foi encerrada com o Hino da Cidade do Recife.

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Em 23.09.2022.