Ana Lúcia diz faltar informações sobre destino de empréstimo de U$ 260 milhões

A Câmara Municipal aprovou nesta segunda-feira, em primeira e segunda discussões, o projeto de lei do Executivo nº 34/2022, que autoriza a Prefeitura do Recife a contratar uma operação de crédito de até U$ 260 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No debate, alguns parlamentares levantaram pontos de crítica sobre a proposta, que vai aportar recursos no Programa de Requalificação e Resiliência em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (ProMorar Recife). Mesmo votando a favor do projeto, a vereadora Ana Lúcia (Republicanos) afirmou que ele não traz as informações necessárias sobre como os recursos serão destinados.

Em discurso na tribuna da Casa, Ana Lúcia mencionou os problemas estruturais que persistem em comunidades como Zeppelin, Escorregou Tá Dentro e Bode – e questionou quais serão os critérios que vão decidir onde os mais de R$ 1,3 bilhão serão alocados.

“Eu vou usar esta tribuna para fazer um apelo a todos os secretários que estão sentados nas cadeiras do Executivo. A população será ouvida sobre a destinação desses recursos? Essa é uma preocupação. Não está claro. Eu preciso saber se as comunidades terão o direito de discutir onde serão alocados esses recursos”, refletiu a parlamentar. “Serão 20 anos de endividamento. Quaisquer um de nós, se um dia formos prefeitos do Recife, iremos pagar essa conta. Por isso, esse dinheiro precisa ser muito bem gasto”.

Ana Lúcia mencionou dificuldades enfrentadas por locais que sofreram com os impactos das fortes chuvas que caíram sobre o Recife em maio e junho deste ano. De acordo com ela, tanto o projeto como a sua justificativa – o texto enviado pelo prefeito da capital à Câmara que traz os argumentos para a aprovação da matéria – não dizem com precisão como essa questão será tratada.

“Recife está na rota dos desastres ambientais, segundo os estudiosos. Foi criada aqui uma Frente, já fizemos audiências públicas, temos um projeto sobre isso. E eu pergunto: qual é a secretaria que tem se debruçado sobre essa pauta? O que é que tem sido apresentado como medida a médio, a longo e a curto prazo? Eu desconheço. E é isso que me incomoda nessa justificativa da lei. É vago e é preciso estar mais claro”, afirmou.

Em aparte, o vereador Ronaldo Lopes (PSC) pediu mais interlocução entre os poderes para definir a destinação dos recursos. “Vou votar a favor desse projeto. Mas é importante colocar aqui que, como é o papel do vereador fiscalizar, estaremos também nessa fiscalização. Estou vereador, mas sou morador de morro no Recife. Sei de perto o que falta no posto de saúde, em uma rua esburacada, o que falta no morro, com as barreiras soterrando as pessoas. A gestão deve chamar os vereadores para discutir como serão empregados esses recursos”.

Em 12.09.2022