Michele Collins realiza reunião pública para debater situação dos moradores de Monte Verde

Com o objetivo de discutir a situação dos moradores de Jardim Monte Verde, comunidade da zona sul que enfrenta as consequências trágicas por causa das chuvas de maio, a vereadora Michele Collins realizou reunião pública na manhã desta quinta-feira (8) no plenarinho da Câmara Municipal. Localizada entre Recife e Jaboatão dos Guararapes, foi lá onde mais se registram óbitos em decorrência do temporal que caiu na Região Metropolitana do Recife. “Estamos aqui para tratar desse assunto tão importante. Sabemos que 133 pessoas morreram em todo o Estado e muitos dos que estão aqui presentes perderam seus familiares e suas casas. Todos estão sem resposta do poder público”, disse a parlamentar.

A vereadora leu o requerimento explicando que a reunião pública teria o propósito de esclarecer a população acerca das ações previstas para atender a população atingida pelo fenômeno climático “ondas de leste”, que resultou na situação de emergência declarada pelo decreto municipal nº 35.669, de 28 de maio de 2022. “Essa reunião é o desdobramento de uma anterior que ocorreu na Comissão de Direitos Humanos, da Câmara do Recife. Muitas autoridades de diversos órgãos foram convidadas para este momento, mas infelizmente não houve o comparecimento de nenhuma. Isso nos causa tristeza e indignação, pois se trata de um descaso para com a comunidade”, disse Michele Collins. Segundo ela, somente o Ministério Público mandou justificativa pela ausência de um representante da instituição.

Ela formou a mesa da reunião pública com a presidente da Comissão Unidos por Monte Verde, Dalva Damares; o representante dos moradores, Paulo de Castro; além dos moradores Manoel de Lima Filho e Flávio Marques. Michele Collins disse que, apesar da ausência de representantes das instituições públicas convidadas, ela continuava lutando junto com a comunidade. “Estou com vocês desde o primeiro momento daquela tragédia que ocorreu num período pré-eleitoral. Mas, não é porque estamos agora num período eleitoral que  deixaremos vocês sozinhos. Todos precisam de resposta. Vamos lutar juntos, sinto as dores de vocês”. A vereadora ressaltou que a Câmara do Recife “é a casa do povo e é aqui que vocês precisam se expressar”. Em seguida, assegurou que todos os depoimentos da reunião pública ficarão registrados e vão repercutir. “É inadmissível saber que cidadãos que têm direitos constituídos e que perderam seus familiares e seus bens, não têm acesso sequer aos seus direitos básicos”.

Michele Collins lembrou que logo após o temporal de maio, o Governo do Estado chegou a prometer pensão vitalícia para as pessoas que perderam seus familiares. “Cadê essa pensão? Esse foi um direito que já nasceu morto. Foi só uma cala a boa”, disse. A parlamentar pediu que as pessoas que levaram cartazes os exibissem para registro da imprensa. Eles diziam: “Queremos respeito dos governantes com nossa comunidade”; “Queremos obras com transparência”; “Por que em Monte Verde, do lado que se diz ser Jaboatão, tem um posto médico do Recife?”; “Não podemos mais esperar, queremos uma solução para nossas moradias”; “Como fica a situação das famílias que fizeram o cadastro?”; “Como fica a situação das moradias que desapareceram?”; “Como fica a situação dos moradores que tiveram perda total?”. Essas perguntas, de acordo com a vereadora, chegarão ao prefeito João Campos. “Não sei se ele responderá, mas essas questões ele deveria responder”.

Os participantes da mesa falaram na sequência. Dalva Damares disse que “o povo está abandonado, sofrido e sem esperança. Não conseguimos entender a atitude do prefeito do Recife”. Paulo de Castro relatou a sua situação pessoal e disse que sua casa foi interditada porque estava em área de risco. “Tive que me mudar e agora estou pagando aluguel. Mas não estou recebendo nenhum tipo de ajuda financeira, nem mesmo o auxílio moradia, porque tenho carteira assinada. Minha situação está muito difícil”. O morador Manoel de Lima Filho disse que a sua situação é semelhante. “Eu também fui obrigado a sair de minha casa porque está interditada. Hoje, não conto com ajuda de ninguém”. Ele é um dos casos que não são atendidos pela Prefeitura do Recife ou pela de Jaboatão. “Moro há 40 anos na Rua Boa Esperança, CEP 75.240-015. Mas, com esse endereço, não posso fazer inscrição no cadÚnico”. O morador Flávio Marques disse que não foi atingido pelas chuvas, mas lamentou que na comunidade tenha ocorrido 47 óbitos. “Foram quase 50% das mortes do Estado. Ou seja, 47 famílias perderam seus entes queridos e não receberam sequer assistência psicológica”. Flávio Marques cobrou “empatia dos governantes”.

O vereador Ivan Moraes (PSOL), que chegou à reunião pública quando ela estava em curso, disse que já ocupou a tribuna da Câmara Municipal para falar das pessoas que têm dificuldades de receber o Auxílio Municipal Emergencial (AME). “Muitas pessoas que não tem celulares não conseguem o auxílio. Outras têm, mas nem sempre conseguem o acesso à internet ou não sabem preencher o cadastro para ter direito ao auxílio”, lamentou. Segundo o vereador, falta um canal mais simples e direto para que as pessoas possam, elas mesmas, reivindicar seus direitos. “Não há um canal objetivo para que elas possam exigir os direitos e a análise dos seus casos”. Ivan Moraes pediu que a Prefeitura do Recife forneça o auxílio “sem burocracia, através de ordem de pagamento. É fundamental adequar os procedimentos administrativos aos direitos das pessoas”.

Quando a palavra foi franqueada, um dos moradores disse que uma senhora da comunidade esperou por 20 anos pelo auxílio moradia, pois era vítima de outras tragédias de chuvas em Monte Verde. Mas, segundo o relato, essa senhora faleceu este ano, quando foi ajudar pessoas que estavam enfrentado as chuvas de maio. A vereadora Michele Collins fez os encaminhamentos e disse que vai elaborar requerimentos exigindo atendimento psicológico para os moradores que perderam familiares, atendimentos aos animais de estimação que ficaram perambulando pelas ruas, pois foram abandonados pelos antigos donos; inauguração de uma creche que estaria pronta e a volta do funcionamento de uma escola municipal que está fechada. “Vamos fazer, através da Comissão de Direitos Humanos, um pedido de informação sobre quem foi cadastrado, quem recebeu e quem vai receber”. A ata da reunião será encaminhada para o prefeito João Campos e para o Ministério Público. Uma nova reunião será agendada, além de uma visita da vereadora à comunidade.

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Em 08.09.2022.