Dani Portela defende requerimento por providências após ataque a mulher trans

A vereadora Dani Portela (PSOL) se pronunciou nesta terça-feira (25), durante a reunião plenária da Câmara do Recife, a favor de um requerimento que pede que a Prefeitura adote providências para garantir a segurança de pessoas trans nos equipamentos públicos municipais. Proposto pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), o requerimento menciona um caso de transfobia ocorrido na última terça-feira (19), quando uma mulher trans foi agredida após utilizar o banheiro feminino do Mercado da Encruzilhada. A solicitação recebeu um pedido de vista do vereador Renato Antunes (PL).

Dani Portela disse conhecer a mulher trans agredida e fez um relato sobre o ataque. “É uma mulher que mora no entorno do mercado e vive em situação de rua, de extrema vulnerabilidade. Não tem outro banheiro para usar. Eu já a encontrei várias vezes utilizando aquele banheiro. Uma outra mulher, que estava almoçando naquele mercado, ao usar o banheiro se incomodou com a presença dela. Foi à mesa, chamou o marido e voltou acompanhado de dez homens, com paus e borrachas. Ela foi trancada dentro de um banheiro e agredida fisicamente até ficar desacordada. São esses homens, que se dizem representantes de Deus, que não se colocam no lugar dessa mulher”.

A vereadora lamentou que, por conta da violência, pessoas trans sejam cerceadas de frequentar esse tipo de espaço. “Ir ao banheiro, uma coisa que é tão simples e que deveria ser natural, se torna para mulheres travestis e transexuais – sejam elas binárias ou não-binárias – um ato de medo. Medo de sofrer uma violência, seja ela verbal, de olhares, ou até física, que pode terminar em morte. O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo. São discursos como esses, de ódio e intolerância, que sujam essas mãos com o sangue dessas pessoas”.

Em seu discurso, Dani Portela fez menção a pronunciamentos de parlamentares que levantaram críticas ao requerimento durante a reunião plenária. Ela demonstrou insatisfação com o que considerou ser tentativas de associar pessoas trans a criminosos sexuais. “Tenho prazer em ser uma ativista em defesa de toda forma de igualdade, seja ela de gênero, de raça ou de classe social. O que eu ouvi aqui foi [alguém] chamando uma mulher, que se identifica como mulher, de homem vestido de mulher – e associando essa pessoa à violência sexual. Isso sim é um absurdo. Isso é preconceito e tem nome: é homofobia, é transfobia e isso é crime”.

Em aparte, a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) também lamentou a agressão e os posicionamentos tomados no plenário a respeito do requerimento. “Se as pessoas que defendem a dignidade, a democracia, o bem viver, o amor e o afeto são chatas, quero morrer uma chata”, afirmou. “Alguém foi espancada pelo simples fato de usar um banheiro. Em que mundo estamos vivendo, em que século estamos vivendo?”

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Em 25.10.2022