Liana Cirne destaca requerimentos em repúdio a atos antidemocráticos e em defesa de áreas de risco

Dois requerimentos propostos pela vereadora Liana Cirne (PT) no ano passado foram aprovados pela Câmara do Recife nesta terça-feira (7), durante a reunião plenária. As matérias, de nº 11.538/2022 e de nº 11.696/2022, solicitam moção de repúdio a atos violentos praticados por defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e haviam tido suas discussões adiadas após sofrerem pedidos de vistas de parlamentares. Na tribuna da Casa, Cirne defendeu as moções e repercutiu um evento mais recente da violência política no país – as ações de bolsonaristas que depredaram prédios públicos na praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. Além desses, a vereadora também aprovou requerimentos que pedem ações para comunidades que enfrentam riscos de deslizamentos por causa das chuvas.

O requerimento nº 11.538/2022 solicita repúdio aos ataques de bolsonaristas contra membros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Novo Progresso (PA) e em Rio do Sul (SC), em 7 de novembro de 2022, no contexto dos atos antidemocráticos contrários aos resultados das eleições presidenciais. Já o requerimento nº 11.696/2022 pede repúdio às ameaças de morte sofridas pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), dom Vicente Vieira, por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro após a celebração de uma missa no município de Moeda (MG), no dia 12 de novembro passado.

Os pedidos de vista que adiaram as discussões haviam sido propostos pelos então vereadores Júnior Tércio (PP) e Renato Antunes (PL), respectivamente em novembro e dezembro do ano passado.

Para Liana Cirne, os pedidos de repúdio continuam necessários em face dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. “Eu gostaria de afirmar que esses requerimentos perderam o objeto em razão do decurso do tempo e pedir a retirada de pauta desses documentos. Mas eu não posso, porque infelizmente o nosso país tem sido eivado de ataques terroristas como nunca aconteceu na sua história”, disse.

De acordo com a parlamentar, as investidas contra em democracia, em especial contra o Supremo Tribunal Federal (STF) devem servir de alerta para membros do Poder Legislativo. “Eu quero lembrar a meus caros colegas que a história nunca falhou em demonstrar que todas as iniciativas autoritárias e antidemocráticas sempre alvejam o Poder Legislativo. Hoje, quem pede o fechamento do STF pedirá o fechamento do Congresso Nacional, o fechamento das Assembleias Legislativas, o fechamento das Câmaras Municipais. A democracia não tolera os atos antidemocráticos, não convive passivamente com o terrorismo”.

Em aparte, a vereadora Cida Pedrosa também defendeu um posicionamento do Legislativo contra atos de ataque às instituições democráticas e uma retomada da memória do período da Ditadura Militar de 1964. “O que aconteceu no dia 8 foi um atentado contra a democracia e contra a possibilidade de um projeto de felicidade. A gente só sabe o que é viver um processo ditatorial, em que você não tem a garantia dos direitos individuais e coletivos e fica à mercê do estado autoritário – que pode, inclusive, ir de encontro a sua integridade física – quem já viveu. Este país precisa, de verdade, discutir memórias para saber e lembrar o que aconteceu em 1964 e naquela ditadura”.

Chuvas - A vereadora Liana Cirne (PT) voltou à tribuna. Não mais para falar sobre a questão política nacional. Dessa vez, para discutir em bloco três requerimentos de sua autoria, criados a partir da situação dos moradores de comunidades que sofrem com as consequências das fortes chuvas. Foram os requerimentos de números 495/2023; 496/2023 e 500/2023, todos elaborados em razão do alerta da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), para risco de chuvas com intensidade de moderadas a fortes na região do Grande Recife. Dirigidos ao prefeito João Campos, foram aprovados.

O requerimento de número 495/2023 solicita a realização de vistoria técnica urgente no bairro de Coqueiral para indicação de ações de prevenção de danos em decorrência das chuvas; o de número 496/2023, pede a realização de vistoria técnica urgente na Comunidade Sapo Nu, para indicação de ações de prevenção de danos em decorrência das chuvas; e 500/2023, requer vistoria técnica urgente na barreira localizada nas imediações da rua Químico Alfeu Rabelo, 7A bairro de Ibura de Baixo, para indicação de ações de prevenção de danos em decorrência das chuvas.

“Esses requerimentos foram elaborados sábado passado, depois que visitei as comunidades que, no ano passado, foram vítimas das fortes chuvas. A minha ideia era saber como as pessoas estavam meses depois daquelas chuvas. E a partir daquela visita, elaborar novos requerimentos. Mas, por coincidência, choveu forte de novo na Região do Grande Recife”, contou a vereadora. Ela disse que estava fazendo “numerosos pedidos” através dos requerimentos. “Precisamos olhar para esta situação dos moradores das comunidades. As pessoas não optam por morar em área de risco”, disse.

Entre os pedidos, detalhados nos textos dos requerimentos, estão a vistoria técnica de emergência; elaboração de um plano de educação ambiental emergencial e outro permanente para destinação adequada de lixo. “O Rio Tejipió é um mar de lixo”. Também a preparação com antecedência para as escolas municipais receberem as vítimas dos desabamentos; realização de um plano de socorro, com bote para socorrer vítimas ilhadas em suas residências nos dias de chuva. “Na comunidade de Sapo Nu, Coqueiral, a água subiu muito rapidamente nas ruas durante as enchentes do ano passado. Subiu mais de um metro em dez minutos. A população ficou ilhada e teve que ser socorrida por botes da Igreja Batista”.

A vereadora também pediu a ampliação de obras de dragagem do rio e elogiou a Prefeitura do Recife pela que já foi realizada no Rio Tejipió. “A dragagem já realizada focou a ampliação das margens. Ela, agora, precisa aprofundar o leito do rio, que foi assoreado”. Liana Cirne pediu, ainda, o aluguel de um depósito para que as famílias possam colocar os seus móveis, em dias de chuvas, e não os percam novamente, como ocorreu no ano passado. “Temos que oferecer possibilidades para essas famílias que já perderam móveis no ano passado. Sabemos que elas vão perder os móveis”. Outro pedido é a assistência psicológica para as vítimas das chuvas do ano passado, que hoje sofrem com crises de insônia e ansiedade, no Ibura de Baixo.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

 Em 07.02.2023.