Cida Pedrosa defende moção de repúdio a vereador de Caxias do Sul por declarações racistas

A vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) discutiu o requerimento nº 1493/2023, de autoria da vereadora Liana Cirne (PT), solicitando moção de repúdio ao vereador de Caxias do Sul (RS), Sandro Luiz Fantinel, pelas declarações racistas em referência ao caso de mais de 200 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão nas vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton, localizadas em Bento Gonçalves.

“É uma nova forma de escravização que o capitalismo na fase atual obriga e a gente sabe que um dos lugares onde se mais tem mão de obra escravizada é agricultura, o agronegócio e as minerações e tudo o que é ligada à coleta primitiva. E o que aconteceu agora no sul, tendo sido parabenizado por um vereador, e que é inadmissível acontece no Brasil há muito tempo. Fui advogada da região de Palmares e quando eu ia no engenho, à noite, com candeeiro, trabalhadores e trabalhadoras sem carteira assinada sem nunca ter gozado férias ou sequer ter recebido o 13º salário e isso é uma forma de escravização”.

A parlamentar defendeu a aplicação de uma multa alta aos empregadores e confessou que já não consome marcas e empresas que não seguem as legislações em defesa dos trabalhadores. “Nós temos que ter uma multa altíssima per capita por trabalhador para a empresa porque ela só entende quando o bolso for afetado. Há um problema muito grave quando você toma uma atitude de escravizar pessoas. Você está ferindo a sociedade, os direitos humanos e uma ideia de estado civilizatório. E isso mexe naquilo que é mais caro que são os direitos difusos. Muitos de nós bebíamos Salton, Garibaldi e Aurora, e eu deixei de beber. Temos que fazer uma campanha grande para que estes vinhos não sejam mais consumidos. Simplesmente não usufruir bens promovidos por quem fere a lei ou eles vão continuar fazendo. Então, considero a moção de repúdio extremamente cabível”.

No aparte, o vereador Ivan Moraes (PSOL) considerou que as tribunas nas casas legislativas no Brasil têm sido palco de discursos violentos.  “O parlamento brasileiro é lugar da discussão e de debater pontos de vista antagônicos. São homens cotidianamente brancos e não nordestinos que têm utilizado a tribuna como ferramenta de violência. Como em Mato Grosso que fez uma propaganda do livro de Hitler. E outro que subiu na tribuna do Congresso Nacional usando uma peruca para destilar sua transfobia.  Um debate que cada vez mais tem que ser feito com respeito. Repúdio a este vereador racista e xenofóbico. Repúdio também ao deputado transfóbico, ao deputado nazista e a todos aqueles e aquelas que utilizarem tribunas legislativas, no nosso país, para destilar sua violência que não tem mais cabimento no país”.

Clique aqui e assista no TV Câmara do Recife.

Em 13.03.2023