Solenidade homenageia contadores de histórias e historiadores
Além dos parlamentares, a mesa de honra da cerimônia contou com a presença de dois representantes das categorias homenageadas: a contadora de histórias Maria de Fátima Gaspar Pinheiro, conhecida como Mitafá, e o historiador Rafael da Silva Lima Venâncio.
Na tribuna do plenário, Almir Fernando salientou o trabalho de manutenção de tradições, preservação de conhecimentos e divertimento que caracteriza a contação de histórias. “Parte do conhecimento científico e cultural foi repassado pelos contadores de história. Diversos processos, danças, rituais e comportamentos sobreviveram e chegaram aos nossos dias através da linguagem oral. Os contadores de histórias contribuíram até mesmo para a preservação de alguns idiomas”, explicou. “Além disso, a função de contador de história está intimamente ligada ao universo lúdico. A importância dessa prática se dá pela construção de estímulos em relação à leitura e ao imaginário. A narração de histórias é determinante para o desenvolvimento do repertório linguístico, cultural, afetivo e emocional das crianças”.
Já os historiadores, disse o parlamentar, são centrais para que as sociedades compreendam a si mesmas. “Ele preserva os tesouros do passado, interpreta a história e aprofunda o conhecimento do presente. Um povo sem história e sem esse profissional, é um povo sem memória”, afirmou. “Somos o resultado de nosso meio e de nossa história. A observação do passado é fundamental para conhecer as origens e refletir sobre várias questões atuais, assim o ser humano se torna capaz de analisar suas próprias ações. O historiador examina os fatos e seus desdobramentos, o comportamento, a motivação e modos de vida humano”.
Histórias - O vereador Almir Fernando entregou certificado aos 16 homenageados da reunião solene, sendo oito contadores de histórias e os outros oito, historiadores. Adélia Oliveira, uma das homenageadas, fez uma apresentação cultural. Ela contou a história de um rei que estava triste porque a filha, a princesinha, não sabia falar e foi ajudado pela tartaruga Hajatá. Outra profissional, que também recebeu um certificado, com nome artístico de Mitafá, subiu a tribuna da Câmara Municipal e fez suas colocações, representando os contadores de história.
“Parabenizo pela criação do Dia Municipal do Contador de História e do Historiador. É uma responsabilidade imensa estar aqui”, afirmou. Ela relatou situações da vida pessoal e disse que ainda era uma menina quando a contação de história passou a influenciá-la. Disse, em seguida, que as histórias têm poder transformador na vida humana. “Eu mesma era apenas Fátima, antes de ser contadora, mas hoje eu me transformei em Mitafá”.
Mitafá relatou como surgiram os contadores de história e fez um resgate dos registros desde a Grécia Antiga até à contemporaneidade. Mitafá também contou histórias, vivências e falou do poder terapêutico da contação. “As histórias alcançam crianças e adultos. Os adultos precisam de histórias. A resposta é sempre comovente”. No final, ela agradeceu ao vereador Almir Fernando pela criação do Dia do Contador de Histórias e pela sessão solene.
Assim como Adélia Oliveira, outra contadora, Valterlane Zacarias, também fez uma apresentação cultural. Ela contou a história de Pedrinho, um menino que era muito pobre, morava numa casa de madeira, mas onde tinha o principal: não lhe faltavam carinho e afeto. O pai, um marceneiro, deu de presente ao filho um barquinho de madeira. Foi o maior e melhor presente que alguém poderia ganhar. O barquinho passou a ser o maior amigo do menino, a principal lembrança de sua infância.
Em nome dos historiadores homenageados, Rafael da Silva Lima Venâncio fez o discurso de agradecimento. “Este é um momento sublime para nós historiadores”, disse, ao mesmo tempo lamentando que a Faculdade Funeso, onde ele se formou, não esteja mais oferecendo o curso de história. “Hoje só estou aqui porque tive o privilégio de frequentar uma sala de aula. Os meus pais, por exemplo, não estudaram. Mas eles tiveram o cuidado de colocar a mim e aos meus dois irmãos, numa escola. Ainda lembro das palavras do meu pai, antes de ele morrer. Ele, que foi cortador de cana, disse que a enxada é mais pesada do que a caneta” e que ele não queria o mesmo destino para os filhos. “Obrigado, meu pai, onde o senhor estiver”.
Venâncio agradeceu aos alunos que têm hoje e disse que continua aprender com eles. Na condição de professor, ele falou do papel do historiador: “É o de promover reflexões de fatos históricos, e de permitir uma compreensão do passado, como uma ferramenta para entender o presente sob a perspectiva histórica”. Ele falou ainda sobre o papel do professor de história e disse que, para esses, é importante observar que a construção do currículo escolar não pode se limitar ao enfoque da disciplina, mas ter uma reflexão variada na vida cotidiana. “É preciso levar em conta, inclusive, a produção literária, filosófica, que nos permitem mergulhar nas formas de pensamento de uma época”.
Sobre o Dia Municipal do Historiador, Rafael Lima disse esperar que a data “possa ser um marco para valorização do profissional do ensino de história”. Em seguida, a contadora de histórias conhecida como Tia Andressa fez sua apresentação. Ela falou de uma história da criação do mundo, quando foi criado o Jardim das Rosas e o outro, o Jardim das Violetas. Após a apresentação dela, o presidente da solenidade, vereador Felipe Francismar, fez as colocações finais e convidou a todos os presentes para, de pé, ouvir e acompanhar o Hino da Cidade do Recife.
Homenageados e homenageadas na solenidade
- Contadoras de histórias
Adélia Oliveira
Ana Cristina Carneiro da Cunha
Andresa Marinho
Célia Amorim
Livraria Jaqueira
Maria do Carmo Moraes
Marlene Albuquerque
Mitafá
Rosângela Pereira
Valterlane Zacarias Olímpio
- Historiadores e historiadora
Allison Cristian de Oliveira Cordeiro
Braulio Moura da Silva
Carol Rubem Costa
Diogo Ramos da Silva Rêgo
José Bonifácio
José Walter Vieira
Rafael da Silva Lima Venancio
Severino Lepê Correia
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Em 29.03.2023