Câmara celebra Dia Municipal do Caboclinho e da Tribo de Índio com solenidade

Duas das expressões culturais mais importantes do Carnaval do Recife foram homenageadas na Casa de José Mariano nesta quarta-feira (19). Por iniciativa do vereador Almir Fernando (PCdoB), a Câmara promoveu uma reunião solene em homenagem ao Caboclinho e da Tribo de Índio por seu dia municipal, celebrado anualmente em 19 de abril. O evento, presidido pelo vereador Hélio Guabiraba (PSB), foi marcado por homenagens a 16 grupos premiados no Concurso de Agremiações Carnavalescas do Recife em 2023 e a duas associações culturais.

Almir Fernando é autor da lei municipal nº 18.324/17, que institui o Dia Municipal do Caboclinho e da Tribo de Índio no calendário oficial do Recife. É de sua autoria, também, a lei nº 18.460/2018, que declara os Caboclinhos e as Tribos de Índios patrimônios artísticos e culturais da capital pernambucana.

Além de Almir Fernando e Hélio Guabiraba, compuseram a mesa de honra do evento o presidente da Associação Carnavalesca dos Caboclinhos e Índios de Pernambuco (ACCIPE), Amauri Rodrigues de Amorim; o presidente da Associação Cultural de Caboclinhos de Goiana e Índios (ACCGI), Severino José do Nascimento; o gerente geral de Articulação Institucional da Secretaria de Cultura do Recife, Dirceu Marroquim; e o supervisor de Programação Regional da Globo Pernambuco, Hecton Luan Albuquerque.

Em seu pronunciamento, Almir Fernando afirmou que, além de celebrar o Dia Municipal do Caboclinho e da Tribo de Índio, a solenidade desta quarta-feira tinha como objetivo manter viva nas pessoas a história dos indígenas do Brasil e salientar a relevância das agremiações carnavalescas para a cidadania, para a dignidade de seus participantes e para a economia da cultura.

Na ocasião, o parlamentar não deixou de fazer uma descrição das particularidades de cada uma das expressões homenageadas. “Manifestação popular, originária da mescla indígena, os Caboclinhos expressam um forte sentimento nativista. São homens, mulheres e crianças que apresentam vigorosas coreografias em ritmo marcado pelo estalido das preacas, espécie de arco e flecha de madeira”, explicou. “As Tribos de Índios são oriundas do Estado da Paraíba, mas foram incorporadas ao Carnaval do Recife, sendo muitas vezes confundidas com os caboclinhos. Apresentam danças bastante complexas, acompanhando o ritmo marcado pela musicalidade indígena, com temáticas ligadas à luta, guerra, morte e ressurreição”.

Após o discurso, Almir Fernando fez a entrega de placas a 18 homenageados, entre grupos de caboclinhos e tribos de índio, que são típicos do folclore e do Carnaval pernambucano. O vereador homenageou agremiações não só do Recife, mas também de outros municípios da Região Metropolitana. Na sequência, o presidente da ACGI, Severino José do Nascimento, ocupou a tribuna e fez suas colocações.

“Agradeço muito ao vereador Almir Fernando pelo convite de participar dessa reunião. É importante para nós esse reconhecimento”. Severino José do Nascimento fez críticas à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), pois, segundo ele, os grupos de caboclinhos e as tribos se apresentam apenas uma vez ao ano, no Carnaval. “A Fundarpe só olha para as agremiações e para os nossos folguedos nas proximidades do Carnaval. Por isso, eu peço que as autoridades olhem mais para nossas agremiações, pois ficamos esquecidos depois que o Carnaval passa”. Segundo afirmou, o ideal seria que ocorressem eventos culturais com apresentações mensais para incentivar a manutenção dos folguedos.

Severino Nascimento também criticou o valor da subvenção recebida pelos caboclinhos e pelas tribos de índio para dançar, no Carnaval. De acordo com ele, esse valores são insuficientes para cobrir as despesas. “O caboclinho e as tribos vivem da beleza de suas penas. Sem as penas, elas nada são. Mas é justamente esse o grande problema. As penas de nossas alegorias são muito caras”. Segundo disse, um quilo de pena chega a custar cerca de R$ 3 mil e as subvenções que as agremiações recebem “não dão para pagar os custos. A gente tenta melhorar sempre, mas não temos recursos. Muitos projetos nossos são negados”.

Mais um orador foi convidado para falar. O presidente da ACCIPE, Amauri Rodrigues de Amorim, parabenizou o vereador Almir Fernando pela realização da reunião solene. Ele lembrou que as apresentações oficiais dos caboclinhos e das tribos ocorrem somente na terça-feira do Carnaval, e que, quem vai assistir, vê “uma verdadeira guerra de indígenas” para manter “uma manifestação cultural de resistência”. Amauri Rodrigues acrescentou que “a beleza dessas agremiações levou o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] a nos tornar patrimônio cultural de Pernambuco. Nós fazemos parte de uma resistência cultural”.

Ele comentou ainda que as placas que as agremiações estavam recebendo das mãos do vereador Almir Fernando eram “um símbolo para não deixar o folguedo morrer”, mas acrescentou  que o seu desejo seria que as homenagens não se limitassem ao Dia dos Povos Indígenas, também celebrado no dia 19 de abril. “O bom seria que as nossas agremiações e os nossos folguedos fossem lembrados com mais frequência, outras vezes no ano”. Ele acrescentou que as agremiações prestam também um serviço social às comunidades, pois onde elas existem acolhem muitos jovens que, sem opção, terminam sendo levados às drogas. “Participando de nossa cultura eles estão livres disso”. No final, Amauri Rodrigues puxou um grito de guerra e cada participante da solenidade repetiu o seu chamado. “É isso o que acontece na terça-feira de Carnaval”.

Uma apresentação cultural do cortejo dos Caboclinhos e Tribos de Índios foi realizada, com música tocada pelo terno do Caboclinho, núcleo musicais desse tipo de agremiação. O presidente da solenidade, Hélio Guabiraba, fez suas colocações finais e convidou a todos os  presentes para que, em posição de respeito, pudessem ouvir e acompanhar o Hino da Cidade do Recife.

 

Associações homenageadas:

Associação Carnavalesca dos Caboclinhos e Índios de Pernambuco (ACCIPE)

Amauri Rodrigues de Amorim; o presidente da Associação Cultural de Caboclinhos de Goiana e Índios (ACCGI)

 

Grupos de Caboclinho homenageados:

Tribo Indígena Tapirapé (Recife)

Tribo Tupã (Recife)

Tribo Indígena Carijós do Recife (Recife)

Caboclinho Cahetés de Goiana (Goiana)

Caboclinho Canidé de Goiana (Goiana)

Tribo Taquaraci (Recife)

Tribo Tayguara (Recife)

Caboclinho Tupynambá de Goiana (Goiana)

Caboclinho Tupi Guarany (Camaragibe)

 

Grupos de Tribo de Índio homenageados:

Tribo Indígena Orubá (Goiana)

Tribo de Índio Tabajaras (Goiana)

Tribo de Índio Ubirajara (Itapissuma)

Tribo de Índios Tupiniquins (Recife)

Tribo Indígena Onça Negra (Goiana)

Tribo de Índio Tupi Guarani (Recife)

Tribo de Índio Tupi Nambá (Recife)

 

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Em 19.04.2023