Câmara realiza reunião solene para homenagear a banda Ave Sangria

Como forma de reconhecer a importância histórica e cultural da banda de rock Ave Sangria, que está fazendo 50 anos, e marcou de forma determinante o cenário musical do Recife nos anos 1970, a Câmara Municipal realizou uma reunião solene na noite desta quinta-feira (25). Atualmente, o grupo musical vem realizando numerosos shows pelo país, participando de grandes eventos culturais e mantendo viva a sua trajetória artística. Iniciativa da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), a solenidade teve a presidência da vereadora Elaine Pretas Juntas (PSOL).

Ao propor a realização da reunião solene, Cida Pedrosa justificou que a Ave Sangria é uma das bandas mais emblemáticas da história da música brasileira. “Com meio século de existência, foi responsável por uma precursora fusão de rock com ritmos regionais no início dos anos 1970”. A mesa da solenidade foi composta, além da presidente e da vereadora autora do requerimento, pelos homenageados Almir de Oliveira e Marco Polo Guimarães; e o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Melo.

Após o Hino Nacional, a vereadora Cida Pedrosa ocupou a tribuna e fez suas considerações. “Hoje é um dia especial para mim. Ser artista em nosso país não e fácil. Viver de cultura não é simples. Requerer coragem. Não é todo dia que uma banda completa 50 anos de vida. Ainda mais sendo de rock. Ela é não somente o símbolo de bandas dos anos 1970, mas uma das melhores bandas de rock progressivo, psicodélico, do Brasil”.

Cida Pedrosa assegurou que os músicos da banda questionaram “a caretice” do Brasil dos anos 1970 e foi representante da contracultura pernambucana. O primeiro LP da banda Ave Sangria foi lançado em 1974 e, logo, subiu nas paradas de sucesso. Mas, foi alvo da censura da Ditadura Militar, o que acabou levando ao esfacelamento da banda. “Homenagear a Ave Sangria é também saudar a nossa democracia. O retorno da banda, anos depois, só mostrou que a Ave Sangria continua sangrando na juventude”. Nos anos 2000, a juventude redescobriu o trabalho da Ave Sangria através da Internet, e houve uma pressão para que a banda voltasse aos palcos e às estradas.

A vereadora lembrou que, no final dos anos 1970, o disco da Ave Sangria já era raro de se encontrar nas lojas. “A Ave Sangria foi uma ebulição em minha vida”. As letras da música, garantiu, a tornaram poetisa. A homenagem aos 50 anos da banda, de acordo com a vereadora, foi mais do que justa, uma vez que a Ave Sangria contribuiu significativamente para a história da música brasileira. “Além dessa justa homenagem, um projeto de lei tramita nesta casa, de minha autoria, propondo que a Ave sangria seja patrimônio cultural e imaterial do Recife”.

Depois do discurso, foi exibido um vídeo – o primeiro de uma série de cinco - comemorativo aos 50 anos da banda. Cida Pedrosa fez a entrega de um certificado e de um presente à banda, representada pelos seus músicos Almir de Oliveira, Marco Polo, Juliano Holanda, Breno Lira, Gilu Amaral e Junior Du Jarro. Na solenidade, duas atrizes do teatro pernambucano fizeram leitura de poemas e os outros quatro vídeos foram apresentados.

O músico Almir de Oliveira foi convidado a subir à tribuna e a fazer o discurso de agradecimento. Ele disse que a solenidade era um momento especial, sobretudo pelas lutas que eles enfrentaram para chegar até aqui. “A vida de cada um de nós deve ser levada sempre à frente. Cada um de nós tem uma tarefa, um trabalho a cumprir. Tentaram nos retirar da história quando censuraram o disco, mas foram os jovens nos trouxeram de volta”. Ele disse que havia uma comunidade no Orkut chamada Ave sangria, com mis de 900 pessoas, e esse fato os estimulou a voltar. Havia apenas um disco pirata. “Em 2014, depois de 40 anos, voltamos ao mesmo teatro, para fazer o mesmo show. Nós, pernambucanos, temos como marca a resistência”.

O músico Marco Polo também discursou. Ele disse que nunca gostou de liderar nada e também não gosta de falar em público. “Mas, tudo o que quero dizer aqui é que a vereadora e poeta Cida Pedrosa tem uma sensibilidade fantástica de nos conduzir a um reconhecimento oficial. Fomos revolucionários, presos, tivemos todo tipo de violência oficial contra nós e agora temos um reconhecimento oficial. Estou feliz com isso”

O secretário de Cultura do Recife, Ricardo Melo foi o último a falar. Ele ressaltou que as duas palavras que vieram a sua cabeça, quando dirigia-se à Câmara do Recife para participar da solenidade, foram resistência e criatividade. “O que celebramos hoje é a perspectiva transformadora. É isso que sentimos quando vivemos um momento como esse. O Ave Sangria nos ajuda a continuar acreditando na força e no lugar que a cultura ocupa na vida da gente”

Antes do final da solenidade, um clipe com a música Vendavais foi exibido no telão. A presidente da solenidade, Elaine Pretas Juntas, convidou a todos os presentes para que, em posição de respeito, possam ouvir e acompanhar o Hino da Cidade do Recife.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 25.05.2023.