Ivan Moraes critica gestão da segurança no futebol pernambucano

Dois fatos que envolveram a condução da segurança no futebol pernambucano no último final de semana foram discutidos pelo vereador Ivan Moraes (PSOL) na tribuna da Câmara do Recife nesta segunda-feira (22). Em seu pronunciamento durante a reunião plenária, o parlamentar criticou restrições de vestimenta em uma partida na Ilha do Retiro no último sábado (20) e o comportamento da Polícia em relação a torcedores de uma partida entre Santa Cruz e Campinense (PB) no domingo (21).

No discurso, Moraes lembrou que o jogo entre o Sport Club do Recife e o Botafogo SP na Ilha foi aberto apenas para um público formado por mulheres, crianças e pessoas com deficiência, como punição ao clube por uma invasão de campo pela torcida em uma partida realizada em 2022. “Foram mais de 18 mil mulheres, crianças e pessoas com deficiência fazer uma das tardes mais bonitas que já houve não apenas naquele estádio, mas no futebol brasileiro como um todo”.

No entanto, algumas pessoas foram impedidas de acessar a partida com camisas amarelas – a cor é associada a torcidas organizadas, que são impedidas de frequentar o estádio. O vereador lamentou a medida e disse que as restrições se estenderam a outros itens. “Tiveram que tirar a camisa e entraram no estádio de sutiã. A Polícia e a organização do clube não permitiram que uma camisa amarela entrasse dentro do estádio. Além de apetrechos, de materiais para a festa, mesmo com ofícios demandando [por isso] no tempo necessário”.

Em relação à atuação policial na contenção do público da partida entre Santa Cruz e Campinense (PB), Ivan Moraes criticou o tipo de abordagem promovido pelas autoridades de segurança em relação ao problema da violência esportiva. “A gente viu vídeos, hoje, da torcida sendo espremida pela Polícia praticamente para dentro do canal do Arruda. Você não pode esperar que pessoas sejam tratadas como animais e se comportem como seres humanos”, argumentou. “Está mais do que comprovado que a violência no futebol pernambucano não acontece dentro dos estádios. Ela acontece fora. E, para isso, é preciso medidas de inteligência muito mais do que qualquer outra coisa. E essas medidas praticamente não existem”.

Marcha da Maconha e julgamento sobre o uso da erva – No mesmo discurso, Ivan Moraes também repercutiu a realização, no Recife, da manifestação Marcha da Maconha no último sábado (20) e um julgamento sobre a descriminalização da posse individual de Cannabis que deve acontecer no Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima quarta-feira (24).

A respeito da Marcha, o parlamentar afirmou que o movimento antiproibicionista “fez mais um desfile maravilhoso, bonito, juntando gente da periferia inteira do Recife no centro da cidade, lutando pela legalização de uma planta que nunca deveria ter sido proibida”.

Sobre o julgamento no STF, Moraes lembrou que a questão deveria ser da tratada pelo Poder Legislativo, mas que o posicionamento do STF pode ser um passo importante para quem luta pela descriminalização da erva. “Hoje, o porte para uso pessoal de maconha não constitui delito passível de cadeia, mas ainda é crime. As pessoas ainda precisam responder, mesmo que não seja com a privação de liberdade. Mas as medidas que fazem a diferenciação do que é tráfico e o que é uso ainda são muito fluidas, dependem muito mais da cabeça do guarda, do promotor, do delegado, da juíza ou do juiz”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 22.05.2023