Luiz Eustáquio repudia racismo sofrido pelo jogador Vinícius Junior

O vereador Luiz Eustáquio (PSB) repudiou o episódio de racismo sofrido pelo jogador do Real Madrid e da Seleção Brasileira, Vinícius Junior, no domingo (21), durante o campeonato espanhol La Liga. O parlamentar solidarizou-se com o jogador e pediu respeito à população negra de todo o mundo. “O racismo está cada vez mais forte. As pessoas acham que têm o direito de desrespeitar as pessoas pretas”, disse, na reunião plenária da Câmara do Recife desta segunda-feira (22).

O parlamentar destacou a importância da denúncia sobre casos de racismo. “Temos o direito de ser respeitados. O jogador foi chamado de macaco e ao apontar isso e querer que o juiz tomasse uma posição em sua defesa, o juiz tomou uma posição e o expulsou do campo. Temos que levantar a nossa voz, sermos contrários e denunciar esses casos, pois o que eles querem é calar a nossa voz e nos tirar dos locais que estamos ocupando cada vez mais”, salientou.

O jogador, mais conhecido como Vini Jr. sofreu ataques racistas durante o duelo entre Valencia x Real Madrid. Após ter sido chamado de “macaco” por parte da torcida rival, o jogador reagiu aos ataques e foi expulso do jogo. Ele se manifestou nas redes sociais e relatou que “o racismo é normal na La Liga”. 

Ao comentar sobre o episódio na tribuna da Casa de José Mariano, Luiz Eustáquio lembrou do acordo assinado entre Brasil e Espanha no último dia 10,  para combater o racismo. “Mesmo depois da assinatura do documento a gente se depara com mais um episódio escancarado de racismo”, disse.

Ainda nesta segunda-feira, Luiz Eustáquio voltou a falar sobre o assunto em outro momento da reunião plenária, durante o chamado Grande Expediente, quando o tempo de discurso é de 15 minutos e o parlamentar pode ser aparteado por outros vereadores. “Uma questão muito séria que tem acontecido na sociedade. O que aconteceu com o Vinicius Junior tem acontecido com muitas pessoas que não tem o apelo da fama que ele tem, aquele que não está em evidência, mas que sofre todos os dias a dor do racismo. A dor na sua própria pele", lamentou.

"Hoje, as pessoas querem fazer com que você aceite ser discriminado. Crianças estão sofrendo com a discriminação nas redes sociais. E hoje em dia também tem muita escravidão moderna e há muitos negros e negras dentro dela. A maioria dos que estão presos são negros.  Eu sinto uma diferenciação na forma como me tratam em alguns lugares”, ressaltou.  

Luiz Eustáquio recordou quando era adolescente e sofreu discriminação racial. Ele também fez questão de enaltecer os valores do respeito e da justiça que precisam ser adotados na sociedade. “Quando jovem, numa padaria na Encruzilhada, eu estava na fila e teve um homem que passou na frente. Sempre fui uma pessoa de reivindicar. Eu era o último da fila e disse para ele ter respeito com a fila. Ele fez que não ouviu e falou: eu vou respeitar um negro? E fiquei sozinho na situação. Porque a gente sempre fica sozinho. A gente sente na pele, literalmente. A gente sente a dor de não ser respeitado. O sonho de Martin Luther King (da necessidade de união entre negros e brancos) nós ainda estamos lutando. Seja no Brasil, Estados Unidos, Espanha ou na própria África. A sociedade precisa respeitar. O homem negro faz parte dessa sociedade e a mulher negra também faz parte dessa sociedade. É por isso que nós vamos continuar lutando pelo respeito. Lutando pela justiça porque a justiça é a igualdade entre os povos”.

No aparte, Paulo Muniz (SD) parabenizou Luiz Eustáquio pelo pronunciamento. “Parabéns, o senhor sempre vem trazendo esse tema que orgulha o seu mandato, mas ao mesmo tempo, entristece. Porque se o senhor, de forma recorrente, fala sobre racismo, o problema persiste. No caso do Vinicius Júnior, a mesma omissão que a Federação Pernambucana tem aqui, a La Liga tem na Espanha. O jogador saiu chorando escoltado, o presidente da La Liga foi dizer que ele é que tinha provocado a torcida. E ele estava, desesperadamente, apontando para quem fez o gesto de discriminação. É um problema mundial, infelizmente”.

O vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) disse que Luiz Eustáquio tem sempre colocado em pauta a temática do racismo e que ele é uma voz na Casa de José Mariano. “Porque feito vossa excelência foi, que sofreu preconceito quando estava na fila do pão, existem muitos. Nas filas de ônibus nas filas do banco que perdem oportunidade de emprego simplesmente por ser o que são. Por querer ter um lugar na sociedade. São tolhidos diuturnamente. Essa Casa e vossa excelência têm dado voz aos excluídos da sociedade. Que possamos dar exemplo na luta para que todos e todas tenham os mesmos direitos”.

Aline Mariano (PP) citou que no exemplo de Vinicius são percebidos o racismo estrutural e o preconceito velado de países desenvolvidos. “Onde existe também tamanha barbárie que discrimina alguém pela sua cor. Pessoas assim não merecem conviver enquanto sociedade. É importante que existam as punições, a FIFA tem o dever de punir e isso não pode passar. Preconceituosos e intolerantes não passarão”.

Ana Lúcia (Republicanos) recordou que não era a primeira vez que Vinicius Junior sofria racismo e defendeu punições judiciais aos que discriminam. “O senhor reproduziu uma dor que corrói e tem o objetivo de matar sonhos de homens e mulheres negras. O que aconteceu com o jogador Vini é a reprodução de uma violência que a sociedade não se propõe a estancar. Foi o décimo episódio com o jogador desde 2021, quando desenharam ele, num cartaz, numa forca. Se as punições devidas não forem feitas, outros racistas se darão o direito de abrir a boca e fazer o que foi feito com ele e com tantos outros negros e negras. Nenhum de nós podemos silenciar com atitudes racistas. Temos que cobrar a aplicação da legislação”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 22.05.2023