Prefeitura apresenta projeto da nova orla marítima em audiência na Câmara

Um dos principais cartões postais do Recife está mais próximo de ganhar uma reestruturação. Com a aproximação do centenário da avenida Boa Viagem, a Prefeitura da capital elaborou um projeto para renovar a orla da praia contígua à via, que foi apresentado em uma audiência pública promovida nesta quarta-feira (17) na Câmara Municipal. No evento, requerido pelo vereador Paulo Muniz (SD), o Poder Executivo divulgou as principais mudanças do equipamento, como a sua extensão até o bairro de Brasília Teimosa.

O vereador Paulo Muniz (SD), que conduziu os trabalhos, avaliou que o projeto da nova orla está “completo”, pois foi elaborado com preocupações com o meio ambiente e a acessibilidade. “Ele foi feito de uma forma muito ágil, pois o prefeito João Campos (PSB) está à frente da gestão há apenas dois anos. O projeto vem sendo tocado por uma engenheira competente. Essa primeira etapa foi vencida e a segunda, que é tão importante quanto a primeira, é o da manutenção dele. Ela precisa de muita atenção”.

O parlamentar lembrou que “a praia é um ambiente democrático, para onde vão todas as pessoas”. Por isso, defende que é fundamental zelar pela segurança dos usuários. “A segurança precisa estar em todos os aspectos. O idoso que vai à praia não pode ser roubado, nem o gari que faz limpeza pode ser morto, como ocorreu há 15 dias”.

Integração e permanência – Os principais pontos do projeto, denominado Orla Recife, foram detalhados pela chefe do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura, Cinthia Mello. Por meio de uma apresentação digital, ela explicou que a orla será redesenhada como um parque linear, partindo de Setúbal – a parte mais ao sul do Bairro de Boa Viagem – até Brasília Teimosa, passando pelo Pina. A junção da orla atual com o trecho de Brasília Teimosa será realizada por meio de uma integração que envolve a continuidade do calçamento e da ciclovia da orla, além de uma reformulação do Mercado do Peixe.

Segundo Mello, o novo projeto tem como pilares os eixos de segurança, social, meio ambiente e sustentabilidade, sombreamento, reestruturação dos equipamentos, melhoria da mobilidade e um novo desenho do calçadão.

O eixo da segurança, por exemplo, contemplará reforço na iluminação do calçadão, estímulo à movimentação noturna, implantação de cinco pontos fixos da Guarda Municipal, patrulha ciclística e instalação de câmeras 360 graus.

Um ponto salientado pela chefe do Gabinete é o acréscimo de 738 árvores à orla e a recomposição da vegetação de restinga na faixa de areia. “A gente fez um estudo que mostra que apenas 49% da nossa orla é sombreado. Por isso que o uso é tão concentrado, porque 15,5% é totalmente árido”, disse. Com isso, a Prefeitura planeja diminuir de 16 metros para sete metros a distância média entre as árvores da Orla Recife.

Em relação à reestruturação dos equipamentos, a Prefeitura frisou a entrega, já concluída em março deste ano, dos 60 novos quiosques do trecho atual, entre Boa Viagem e Pina. As obras dos nove quiosques da faixa de Brasília Teimosa ainda serão iniciadas.

Já as obras dos banheiros públicos, que serão realizadas em quatro lotes, se iniciaram nesta semana. A orla ganhará dez novos equipamentos do tipo, garantindo uma distância média de 485 metros entre um banheiro e outro.

A mobilidade da avenida Boa Viagem também faz parte do cenário de mudanças. Serão realizadas intervenções em diversos pontos da região, para redistribuir o tráfego para a Via Mangue, garantir um desenho linear à ciclovia da orla e atender à proposta de redução de velocidade máxima da avenida da praia para 50 km/h. A implantação de platôs elevados na altura do parque Dona Lindu e na pracinha de Boa Viagem servirão para melhorar o acesso de pedestres ao mar.

Com as modificações, a ciclovia deve se tornar mais acessível a pessoas com deficiência e ter pontos cegos suavizados. A elevação do seu pavimento, prevê o Executivo, vai aumentar a segurança e redirecionar a drenagem local, evitando pontos de acúmulo de água.

Outras mudanças na mobilidade incluem a requalificação de semáforos e de sinalização e a priorização de operações de carga e descarga de materiais dos quiosqueiros nas vias transversais à avenida Boa Viagem. Enquanto isso, as vagas de estacionamento de acessibilidade ganharão prioridade ao longo da via.

A obra no calçamento, que ganhará um desenho pixelado em alusão às ondas do mar, também incluirá obras de saneamento e regularização da acessibilidade de toda a orla. Com o novo projeto da ciclovia, ela ocupará, agora, espaços antes destinados a vagas de estacionamento, o novo calçamento de pedestres será expandido, alcançado uma largura média livre de 4,8 metros.

Além de tudo isso, a nova orla ganhará centralidades denominadas de “estações”, baseadas em modalidades de usos específicos e em cenários de contemplação. Na apresentação, foram divulgadas projeções das estações Aurora, Mulher, Cultural, Acessível, Jardim, Esportes, Alvorada e Porto Terra Nova. Este último, localizado no ponto de junção de Brasília Teimosa com o porto do Recife, será o primeiro a ser construído – a obra deve ser iniciada no segundo semestre. A expectativa é que todo o projeto seja concluído em dois anos a partir desse ponto.

Para Cinthia Mello, as novidades tornarão a Orla Recife um espaço mais convidativo à população. “A gente traz mais áreas de contemplação, mais áreas de lazer, ordenando o calçamento para dar maior permeabilidade e mais permanência das pessoas através de vários entretenimentos e centralidades”.

Orla em debate – Presente no início da audiência, a engenheira Roberta Menezes, diretora da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea (Mútua), disse que engenheiros e arquitetos da empresa estão atentos à necessidade de requalificação da Avenida Boa Viagem e que estão à disposição para quaisquer dúvidas que surjam ao longo das obras.

A representante da Secretaria de Turismo, Ana Paula Jardim, afirmou que o projeto de requalificação da avenida é importante para o setor porque o turista que chega ao Recife quer ir para a praia. “Esse projeto é fundamental para a venda da imagem do Recife. Ele é completo, abrangendo não só a área urbanística e turística, como também atinge a vegetação e a questão da água, ou seja, o meio ambiente”.  Ana Paula Jardim contou que acompanha a elaboração do projeto desde o início e que muitos segmentos estão sendo ouvidos, num trabalho integrado.

Ela disse que o projeto da nova orla vem atender à Secretaria de Turismo em questões cotidianas, pois 95% dos hotéis recifenses estão na orla de Boa Viagem. “Por isso, a região é alvo de constantes reclamações de hoteleiros, sobretudo no que diz respeito à questão do lixo e ao policiamento. Creio que o projeto vai transformar a orla na melhor do Brasil”, disse.

De acordo com Ana Paula Jardim, o projeto  contempla diversas nuances que são importantes para os hotéis e para os turistas. “As câmeras de segurança estão funcionando e são monitoradas, a iluminação está sendo observada e há reuniões semanais nesse sentido, fazendo disciplinamento turístico da Praça de Boa Viagem”. Ela  também abordou a questão da segurança, como o policiamento e a guarda municipal, que atendem a um cronograma discutido com os usuários.

A representante do Blog Boa Viagem em Foco, Marília Sousa, que noticia o que acontece no bairro, disse que gostou da apresentação do projeto da nova orla. “Gostei do que vi, a Prefeitura está de parabéns. O projeto é importante, mas nossa preocupação inicial é levar as questões de segurança e ambientais para as autoridades”.

Marília Sousa quis saber de detalhes do projeto e que, segundo disse, são questionamentos de alguns seguidores. As perguntas giraram em torno de questões sobre a segurança do bairro, da avenida Boa Viagem e sobre a manutenção dos equipamentos.

O vereador Gilberto Alves (Republicanos) disse que ficou impactado com o que foi apresentado. “Diante do que vi, entendo que há muita coragem do prefeito João Campos na realização desse parque. Ele requer muita habilidade e muitos preconceitos e conceitos precisarão ser dirimidos. Espero que o projeto se torne realidade”, disse. O vereador quis saber se, na extensão da orla, alguns banheiros poderiam ser construídos em áreas subterrâneas. “Isso iria permitir uma maior contemplação da orla”, disse. Ele também perguntou se o uso da energia solar poderia ser mais viável, uma vez que o projeto contempla o meio ambiente.

A chefe do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, Cinthia Mello, respondeu aos questionamentos dos participantes da audiência pública. Em suas considerações finais, Paulo Muniz ressaltou que o projeto foi elaborado com agilidade, mas que precisa agora de se pensar na execução e na manutenção. A audiência pública foi encerrada com a apresentação de um vídeo institucional sobre o projeto.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 17.05.2023