Romerinho Jatobá repercute falta de segurança nos estádios e critica a Federação

“A Federação Pernambucana de Futebol fez uma reunião em sua sede convidando os responsáveis do Santa Cruz Futebol Clube para tratar da dificuldade do acesso que os torcedores tiveram no último jogo, no Arruda. E, para a minha surpresa, eu não vi nenhuma representatividade dos torcedores que, justamente, conhece de fato as dificuldades. Também não vi a presença do presidente Evandro Carvalho, não sei qual o motivo, mas suponho que não seja do interesse dele em participar desse tipo de discussão e esteja atento a tratar de outros temas da Federação, que não a segurança dos estádios. Não vi ninguém relacionado à infraestrutura participando e até estranho porque, nos anos anteriores, a gente sempre viu alguém que cuidasse da infraestrutura dos eventos".

Romerinho Jatobá enfatizou que era preciso criar um grupo de trabalho eficaz no combate à violência nos estádios e citou que a Federação deve assumir a devida responsabilidade. “As torcidas se rivalizam, e eu subo à tribuna para fazer um apelo à Polícia Militar do Estado de Pernambuco, sobretudo à Federação Pernambucana de Futebol, para que possa criar um grupo de trabalho e que a Federação possa gerir e coordenar esse grupo na presença do presidente e seja tratado com seriedade. E não é o que a gente vê até aqui. É um presidente que continua gerindo a Federação com ‘mão de ferro’. Nós somos uma das poucas capitais do Brasil que temos três forças dentro da cidade e onde os moradores torcem para os times locais”.

O presidente da Casa de José Mariano também ressaltou que o presidente da Federação não pode diminuir o valor do debate na Câmara Municipal do Recife. “O presidente da Federação tenta diminuir esta Casa dizendo que o que foi debatido aqui era apenas uma ‘meninice’. Não é meninice porque somos representantes do povo eleitos democraticamente, e a gente viu aqui uma fila de aparte grande de pessoas interessadas em contribuir com o futebol. Ele precisa sair da zona de conforto e não fazer um discurso de tentar descredibilizar a Casa. Vou estar aqui, insistentemente, perguntando e procurando saber o que tem de errado na Federação. Precisamos de decência no futebol pernambucano e de humildade do presidente da Federação para debater o futebol”.

No aparte, o vereador Samuel Salazar (MDB) disse que Pernambuco se destaca por ter grandes clubes, que a violência tem afastado as famílias e cobrou a Federação Pernambucana de Futebol. “A Federação tem que fazer algo e convide a Polícia Militar, e demais atores para se envolver nesse tema da insegurança. Já vimos declarações do presidente da Federação transparecendo arrogância e a gente vive no Estado democrático onde é preciso haver um diálogo, e não temos visto isso. É preciso que a Federação encabece um grupo de trabalho para discutir essa questão tão sensível. Parabéns por trazer a essa Casa esse tema importante”.

Hélio Guabiraba (PSB) demonstrou preocupação com a situação dos estádios e ressaltou que a Federação tem que cuidar do evento que promove. “A Federação é como um sindicato. Tem que cuidar do trabalhador, do local onde ele trabalha e do salário. No Arruda, por exemplo, você hoje não tem onde sentar. Todas as cadeiras sujas e a Federação tem que fiscalizar. Na área de segurança tem muitos problemas. As pessoas querem ver o futebol de Pernambuco, mas não conseguem nem chegar nos estádios. Mais de duas mil pessoas ficaram do lado de fora no último jogo do Santa Cruz”.   

Já Tadeu Calheiros (Podemos) considerou que o futebol é uma paixão do povo e que a Câmara Municipal do Recife poderia ajudar no processo de sugerir ações que combatam a violência nos estádios. “Futebol é paixão e alimenta a economia e deve ser tratado da forma mais séria possível. O poder de ressonância dessa Casa é muito grande porque trouxemos a questão das charangas que estavam proibidas e, pouco tempo depois, elas voltaram. A Câmara tem pautado assuntos e isso tem que ser levado em prioridade pelas instituições que comandam o evento. É importante que se crie uma comissão com pessoas de expertise e a Casa pode contribuir”.

O vereador Zé Neto (PROS) pontuou que a questão da segurança no futebol é um assunto recorrente e criticou a Federação Pernambucana de Futebol. “A falta de segurança nos estádios de futebol tem ocorrido e a Federação tem feito um papel omisso. Ela tem a responsabilidade de dar suporte e fazer a interlocução com a Polícia Militar. Nós somos privilegiados porque nosso estado tem três grandes times. E onde estão os nossos clubes hoje? Isso é um reflexo do descaso da Federação, de quem comanda e dá suporte. Quero me somar nesse debate porque, afinal de contas, o futebol é de todos nós”.

Felipe Alecrim (PSC) defendeu punições mais rigorosas aos que comentem atos de violência e sugeriu a inclusão dos trabalhos da Guarda Municipal. “Nós precisamos, no meu ponto de vista, de mais rigor na punição, na aplicação de sanções para os meliantes que não vão para o estádio de futebol torcer. Mas, sim, para produzir o vandalismo. Precisamos lembrar de todo o bojo que envolve a segurança pública, desde a Prefeitura até o governo do Estado. A própria Guarda Municipal já é uma discussão antiga nessa Casa e ela precisa estar armada também para contribuir não só com a fiscalização de trânsito, mas com todo o controle patrimonial”.

Osmar Ricardo (PT) ressaltou que o futebol é alegria para a população e considerou um absurdo sobre o que aconteceu no último dia 20, onde mulheres ficaram de sutiã após serem impedidas de entrar com camisas proibidas de torcida organizada no jogo entre Sport e Botafogo (SP).  “Foi um absurdo que fizeram no sábado e onde estava o presidente da Federação que não viu isso? Humilhante. É preciso que a Câmara busque esse debate com os órgãos competentes. A grande responsável é a Federação porque é ela que coordena o futebol em Pernambuco”.  

Rinaldo Junior afirmou que, a partir de agora, a Câmara Municipal do Recife vai se tornar protagonista no debate sobre a violência nos estádios e citou projeto de lei, de sua autoria, sobre a obrigação de identificação de torcedores. “Chegou a hora de dar um passo nesse debate que se iniciou há 20 dias atrás. Trouxemos a nossa proposição, projeto de lei 102/2023 que busca obrigar as praças esportivas a terem tecnologia de identificação facial para todos que entrem no estádio de futebol. Como presidente dessa Casa, o vereador Romerinho Jatobá puxa essa discussão e a gente dará um basta definitivo contra essa violência que está afastando as famílias dos estádios. Reforço que lugar de bandido é na cadeia e o do torcedor é no estádio”.   

Ivan Moraes (PSOL) citou que era impossível impedir torcedores de formar grupos para torcer e que a Federação Pernambucana de Futebol “está inserida numa das instituições mais corruptas do mundo, que é a FIFA.  É impossível você cancelar todos os CNPJ de todos os grupos porque na República democrática você não pode proibir pessoas de se reunirem com fins pacíficos. O futebol precisa de transparência e o futebol precisa de gente séria. A gestão do futebol pernambucano nunca esteve tão mal.  A violência associada ao futebol acontece, via de regra, fora dos estádios e precisa ser enfrentada com equipamento policial que consegue infiltrar pessoas para desbaratar grandes quadrilhas, não é possível que não consiga desbaratar pequenos grupos”.

Aline Mariano (PP) parabenizou Romerinho Jatobá pela relevância do assunto e considerou que deveria haver uma cooperação entre os entes responsáveis. “Parabéns por trazer algo tão importante para a Casa.  Como mulher, não me sinto segura de ir à estádio nesse momento em que o futebol se encontra. É algo lamentável e essa é uma sensação de muitos torcedores.  Sabemos que tem que existir uma parceria, uma responsabilidade compartilhada entre governo do Estado, Federação e os clubes para que possam garantir o bem-estar dos seus torcedores. Romerinho Jatobá tem conhecimento do assunto, estamos de mãos dadas e pode fortalecer esse poder enquanto autoridade”.

Almir Fernando (PCdoB) disse que a Federação possui responsabilidades em organizar eventos e lamenta não poder ir mais a um estádio de futebol. “A Federação é que tem que coordenar e acompanhar. Apesar de ser ex-atleta, eu venho acompanhando as partidas de casa mesmo, infelizmente. Gostaria de estar no estádio, mas, por questão de segurança, não vou mais. Já jogaram um copo de cerveja na minha cabeça e isso é uma violência. As pessoas não estão sendo bem recebidas nos estádios, e o maior culpado disso tudo é a Federação porque ela é quem promove o campeonato. Você está de parabéns, Romerinho Jatobá, por cobrar a Federação”.

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 Em 30.05.2023