Acessibilidade e Mobilidade Urbana debate a prática do “surf” em cima dos ônibus

A Comissão de Acessibilidade e Mobilidade Urbana da Câmara Municipal do Recife promoveu uma audiência pública, na manhã desta quinta-feira (1º), no plenarinho, para tratar sobre a prática do ‘surf’ em cima dos ônibus. O evento contou com a participação de órgãos públicos, sociedade civil e foi conduzido pelo presidente do colegiado, vereador Paulo Muniz (SDD). “O objetivo da audiência pública é ouvir as autoridades competentes, a população interessada e especialistas em segurança pública e trânsito. Debater políticas públicas é parte fundamental para a promoção de medidas eficazes”.

Marcelo Assunção Bandeira de Mello, diretor de Inovação da Urbana-PE, ressaltou que o tema merece uma reflexão conjunta. Ele exibiu slides com perfis que estimulam a prática do "surf" nos ônibus e sugeriu um maior monitoramento. “É uma prática extremamente perigosa e o que mais chama atenção é que o motivo não é a incapacidade de pagar. Vamos lembrar que tanto a Prefeitura como o governo do Estado instituem o Passe Livre Estudantil. A pessoa que faz a prática do "surf" nos ônibus está em busca de ser reconhecido. Numa pesquisa em rede social, conseguimos identificar mais de 60 perfis de Instagram que fomentam e divulgam dia e horário para a prática dessa atividade. Talvez uma atuação de inteligência pudesse servir para coibir e monitorar”.

André Luís, gerente de Operações da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), explicou as ações já determinadas pela pasta e sugeriu união entre os órgãos. “Nos dias de jogos de futebol, a avenida Conde da Boa Vista e o Derby viram uma praça de guerra e a Polícia tem que colocar efetivos nesses locais e nos demais. Nós temos uma central de monitoramento para que em tempo real as ações possam ser abafadas antes mesmo do início. É preciso dialogar com diversos setores, como se faz no carnaval. Estamos diante de uma situação que é preciso criar dispositivos legais e trabalhar com objetividade. A Companhia está à disposição e juntos faremos muitos mais”.     

O major Gabriel Feitosa, representante da Polícia Militar, citou que são realizadas ações e que os recursos são limitados. Ele considerou a aplicabilidade de sanções e frisou a importância da educação. “Temos que aplicar sanções, caso for, e elas deveriam ser levadas em consideração. É um problema social e é preciso haver educação em casa também. Dissemos nas salas de aula para olhar qual o colega que a pessoa gosta mais. E depois questionamos o que a pessoa sentiria se não visse mais essa pessoa . Pedimos para analisar a consequência de quem faz isso”.      

Cícero Monteiro, gerente de Planejamento Estratégico do Consórcio Grande Recife, destacou que a prática é antiga e enalteceu o papel do monitoramento como sendo essencial. “É necessária uma atuação compartilhada da parte de segurança, do operador e instituições. Estamos diante de um problema para reflexão de todos. E ainda existe uma responsabilidade de preservar a vida de quem faz prática do "surf" nos ônibus porque a pessoa não sabe do tamanho do risco”.

Representando a categoria dos motoristas de ônibus, José Egrinaldo da Silva, 17 anos de profissão, disse que a pressão é constante. “Tenho muitas histórias para contar. São muitos passageiros pendurados nas portas, passando por cima das catracas e já desliguei o carro para tentar fazer com que ele descesse. Ele não desceu e continuamos a viagem. É muito complicado”.

Ao finalizar a audiência pública, o vereador Paulo Muniz sugeriu a criação de um grupo de trabalho visando maior segurança nos ônibus. “Nosso objetivo não é apontar culpados. É tentar, como Câmara, juntar as partes interessadas e apontar alternativas. É angustiante tanto para quem está dentro dos ônibus, como quem está fora. Vamos tentar criar um grupo de trabalho que, de fato, dê uma resposta para a sociedade”.

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Em 01.06.2023