Audiência trata da questão dos públicos para as artes cênicas no Recife

Segundo Cida Pedrosa, o tema da audiência é complexo e é preciso que haja diálogos para se chegar a um denominador comum.  Ela ressaltou que o artista leva a sua cultura para as pessoas e que ele também pensa no quanto a sua arte pode influenciar. “É preciso se debruçar sobre isso e pensar como a gente pode voltar a ter os teatros cheios. Nós estamos próximos de uma Conferência Municipal de Cultura e acho que esse debate serve de prévia para pensar. Estamos maturando no que é que a gente pode levar às conferências para se tornar política pública. Enquanto um artista cria, ele pensa que sua criação irá alcançar outra gente. Um artista se projeta na sua criação e, por extensão, projeta a sua obra para a humanidade. O grande desafio é fazer com que a sua criação chegue ao maior número possível de pessoas”.

A parlamentar enfatizou que é preciso haver projetos direcionados para dinamizar o setor. “Já sabemos que a política de editais não é suficiente. As linguagens artísticas de natureza presencial observam a redução de custos com a ausência de políticas públicas em nível federal, com a fragilidade dos modelos de investimento nos estados e municípios com baixos orçamentos. Não se produz cultura de qualidade sem investimento. A nossa meta precisa ser a garantia de no mínimo 5% dos orçamentos federal, estadual e municipal para a cultura. Casas de espetáculo fecharam estamos preocupados e preocupadas com o teatro Valdemar de Oliveira, por exemplo, além de outros espaços”.

Naná Sodré, representando a Escola O Poste de Antropologia Teatral, disse que os espaços culturais precisam ser olhados como locais de formação de artistas e defendeu projeto que promove a ida das crianças aos teatros. “Antes da pandemia, no espaço Ipanema, no Rio de Janeiro, as escolas do município estavam indo ao teatro assistir aos espetáculos. Então, nesse projeto, a escola assistia e discutia sobre a peça. Se já existe essa possibilidade das crianças irem aqui, é importante que os teatros e os espaços culturais também estejam inseridos nisso. As secretarias e os conselhos de identidade racial, por exemplo, deveriam trabalhar juntos para a criação de uma agenda”.

Roberto Costa, produtor cultural e ator, citou propostas para o setor teatral como o retorno do programa Todos Com a Nota. “Os editais e os incentivos precisam ser abrangentes, as bancas precisam ter integrantes mais diversificados e a Prefeitura deveria criar mecanismos como a volta do Todos Com a Nota para a cultura. Tínhamos filas enormes, coisa nunca vista no teatro pernambucano. A segurança no entorno dos teatros é outro aspecto fundamental. Teatro é transformador, reformador e ampliador”.    

Dado Sodi, representando a Secretaria de Cultura do Recife, disse que era importante a participação dos artistas nos editais e que o momento estava sendo muito rico de contribuições e sugestões ao poder público. “Vendo essa resistência, quem está nisso não poderia ser diferente e não poderia se envolver menos. Eu vejo uma classe que se nega, que luta em várias instâncias aqui, e não dá para fazer menos. Não dá para entregar menos. Eu agradeço muito todas as sugestões que vocês deram e garanto que vão chegar em todas as instâncias na municipalidade porque são maravilhosas todas as contribuições. Acredito que elas podem fazer parte desse arcabouço que a gente já vem tentando diante dos festivais, editais e todos equipamentos e instrumentos que a gente utiliza para fomentar essa formação de público”.

Maria Rosa, gerente de Ações e Equipamentos Culturais da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), enalteceu o evento, disse que a ocasião proporcionava a escuta e explicou a situação dos espaços de cultura. “Sobre o cinema São Luiz, estamos cuidando com o maior afeto e ele deverá ser reaberto ano que vem. O teatro Arraial será no próximo semestre. Um grande movimento que está acontecendo na Secretaria de Cultura é o de interiorizar. É levar o teatro, fazer convocatórias e intercâmbios com o restante do estado. A aproximação com as universidades também é bem-vinda”.   

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Em 14.06.2023