Ivan Moraes debate qualidade de vida na região central do Recife em audiência pública

Com o propósito de discutir o tema “Direito à cidade e qualidade de vida na região central do Recife”, o vereador Ivan Moraes (PSOL) realizou audiência pública híbrida na tarde desta quinta-feira (15). O parlamentar reuniu representantes de moradores e de comerciantes para registrar os problemas que comprovam o avanço no estado de abandono do centro da cidade. As ruas, parque e áreas de lazer estão cada vez mais vazias e inseguras. Há informações de que muitos imóveis encontram-se vazios, alguns estabelecimentos comerciais vêm fechando as portas e um grande número de equipamentos públicos estão de portas fechadas, aumentando ainda mais o clima de medo e abandono.

Fizeram parte da mesa de debates: o gerente Operacional da Guarda Civil Municipal da Cidade do Recife, Willames Viana Correia; os representantes dos moradores da região central do Recife, Paulo do Amparo e André Zahar; o representante dos estabelecimentos formais de comércio da região, Sérgio Caldas Silveira e o presidente do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Comercio Informal do Recife, Edvaldo Gomes. 

Ivan Moraes explicou que estava realizando a audiência pública porque o seu gabinete foi procurado por representantes de moradores e de comerciantes, com algumas demandas sobre o centro. “Essas pessoas nos disseram que era importante fazer essa audiência pública porque as demandas são difusas e envolvem questões que dizem respeito a vários órgãos do poder público. Nós pensamos que, apesar das questões difusas, as pessoas podem se inserir num grupo a partir da realização de uma audiência pública. É importante que todas as pessoas que estão enfrentando o mesmo problema possam se conhecer”, disse.

Os debates foram estimulados a partir da apresentação de uma pesquisa informal feita pelo representante do Grupo Viva 13 de Maio, André Zahar. “Não representamos a totalidade de moradores do centro, mas de uma área”, alertou. O título da pesquisa teve o mesmo nome da audiência: “O direito à cidade e qualidade de vida no centro” e contou com 123 participantes de 40 a 45 anos, entre moradores, frequentadores do bairro ou pessoas que trabalham na região. De acordo com André Zahar, o principal problema detectado foi a falta de segurança (resposta de 95% dos entrevistados). “Os entrevistados falaram dos assaltos nas ruas da Fundição, Aurora e Mário Melo”, disse.

O segundo problema indicado pelos entrevistados foi o fechamento do Parque (o 13 de maio) e de áreas de lazer (73%). André Zahar explicou que o Parque 13 de Maio “não está fechado”, mas que, desde a pandemia, “só há um portão aberto”. O fechamento do parque, disse ele, impacta inclusive nos bares localizados na Rua Mamede Simões, que também está com movimentação reduzida. Os entrevistados também apontaram, entre os problemas do centro, a falta de assistência à população de rua, iluminação precária das ruas e carência de serviços.

Além dos pontos indicados na pesquisa, ele afirmou que a redução de áreas de lazer diminui o fluxo de pessoas nas ruas do centro e isso altera a economia local. Segundo afirmou, importantes estabelecimento públicos como o Teatro do Arraial, e o Cinema São Luiz estão fechados, o que também contribui para a sensação de abandono. André Zahar lembrou que há uma área do centro expandido, em Santo Amaro, que tem ocorrido exploração sexual de crianças. Segundo disse, essa área fica entre a Ponte do Limoeiro e a Avenida Cruz Cabugá. Outra abordagem feita por André Zahar foi a situação de um prédio entre as ruas Mamede Simões, da Saudade, da União e João Lira. “Esse prédio tem um parecer da Defesa Civil dizendo que ele oferece alto risco de desmoronamento”.

O representante dos moradores da região central do Recife, Paulo do Amparo, falou em seguida. Ele insistiu que o fechamento dos portões do Parque 13 de Maio “é o problema mais singelo, mas também é o que representa bastante para quem mora na região”. Além disso, ele afirmou que os assaltos estão afastando as pessoas do centro e observou que muitas calçadas precisam ser reabilitadas, pois a situação em que se encontram dificulta o passeio público.

O representante dos estabelecimentos formais de comércio da região, Sérgio Caldas Silveira, relatou que mora no centro desde 1999 e que lembra de uma época de muita efervescência. “Em 2004, o Parque 13 de Maio era muito frequentado e os bares da Rua Mamede Simões tinham filas para ocupar as mesas. Depois da pandemia o parque está praticamente fechado. Os frequentadores da Mamede não vão mais por lá devido à falta de segurança e da sujeira”.  Segundo contou, as pessoas não conseguem andar à noite nas ruas do centro. “A Praça Maciel Pinheiro também está entregue”.

Sérgio Caldas Silveira comparou a situação do Parque 13 de Maio com outros da cidade e disse que os parques da Jaqueira, Santana, Vila do Cais e Parque Dona Lindu “contam com regalias e privilégio”. Ele lembrou que a Câmara Municipal do Recife está inserida dentro do Parque 13 de Maio. “Se todos os vereadores batessem o pé, isso aqui seria diferente”, disse. Ele alertou que todos os recifenses “precisam se unir para defender o centro”.

O presidente do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Comercio Informal do Recife, Edvaldo Gomes, afirmou que o fluxo de pessoas que andam pelo centro está reduzindo. Dos quiosques colocados na Avenida Conde da Boa Vista, conforme disse, 18 ainda estão fechados. “A gente precisa lutar pelo centro e ir para as ruas, para chamar a atenção da sociedade civil e do prefeito”.

O gerente Operacional da Guarda Civil Municipal da Cidade do Recife, Willames Viana Correia, deteve-se a falar sobre o fechamento dos portões do Parque 13 de Maio. “Nós obedecemos à gerência de cada secretaria. Seguimos orientação da administração do parque, que por sua vez segue orientação da Emlurb e da Secretaria de Infraestrutura”. Segundo disse, há uma equipe de três guardas que trabalham 24 horas e outra equipe com mais três guardas em intervalos de cada seis horas. Ou seja, sempre ficam seis guardas no parque.

O vereador Ivan Moraes ressaltou que como não houve representante do poder público na mesa de debates da audiência pública, as sugestões e solicitações serão encaminhadas às instituições. Nos encaminhamentos, o vereador disse que era importante formar uma comissão para realizar reunião no escritório do Recentro, para apresentar solicitações; e depois ir na Emlurb, para pedir a reabertura do Parque 13 de Maio.

Em relação à proibição da entrada de pets no Parque 13 de Maio, o vereador afirmou que vai apresentar uma interpretação da legislação à Secretaria de Infraestrutura. A respeito da zeladoria do centro, disse que o seu mandato já vem fazendo a fiscalização do orçamento municipal. A vereadora Liana Cirne (PT) esteve na audiência pública e colocou a Comissão de Meio Ambiente, da qual é presidente, à disposição das pessoas, pois o colegiado também prioriza a melhoria da qualidade de vida.

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Em 15.06.2023.