Reunião pública debate medidas de emergência para aliviar consequências das chuvas

Em meio a mais uma quadra chuvosa do Recife, que vai de abril a julho, quando as precipitações são mais elevadas, uma reunião pública foi realizada na manhã desta sexta-feira (2) para debater o tema “Rotas de fuga, abrigos e medidas de emergência durante as chuvas do Recife”. A iniciativa foi da vereadora Liana Cirne (PT), com o objetivo de debater as medidas que estão sendo adotadas pelo Poder Público para impedir as perdas de vidas e materiais. Em termos concretos, a parlamentar queria saber como está a preparação de abrigos, possível adoção de rotas de fugas, de sistemas de alarme e ações emergenciais, para evitar a tragédia registrada no mesmo período chuvoso do ano passado.

Para viabilizar a reunião pública fizeram parte da mesa a representante da Defesa Civil, Giselle Vieira; a representante do Sistema Único de Assistência Social do Recife, Adriana Adrião; e a representante do Fórum Popular do Rio Tejipió, Géssica Dias. No dia 24 de maio do ano passado, chuvas fortes trouxeram transtornos à cidade e puseram os órgãos públicos em alerta, ocasionando deslizamento de barreiras, desmoronamento de casas e transtornos no trânsito e na vida de milhares de pessoas. “Estamos fazendo um trabalho de escuta da sociedade civil. Onde estivemos, ouvimos o medo das pessoas de que se repetisse o mesmo que ocorreu no ano passado”, disse a vereadora.

Liana Cirne esclareceu que a audiência pública é a terceira de uma série que o seu mandato vem realizando sobre o tema. As duas anteriores debateram os preparativos do Recife para as chuvas e sobre a poluição dos rios que cortam a cidade. A vereadora afirmou que, diante da catástrofe do ano passado, visitou diversas comunidades como Campina do Barreto, Dois Unidos, Ibura de Baixo. Uma das principais demandas dos moradores das áreas de riscos (morros e alagados) e das lideranças locais, segundo a parlamentar, é sobre informações acerca de locais para abrigamento, rotas de fuga e medidas emergenciais de proteção e assistência.

“Esta reunião de hoje surgiu do trabalho que estamos fazendo junto às comunidades mais atingidas pelas chuvas. Nos dias de chuvas fortes, no ano passado, o nível dos rios subiu rapidamente, as pessoas precisavam sair de suas casas e não sabiam para onde ir. A correnteza era forte. Elas não sabiam o que fazer e até aqui, ainda não sabem”. De acordo com a vereadora, “não adianta ter lugar de abrigo e não ter a divulgação de onde as pessoas podem ir”. Ainda segundo ela, também não adianta ter as rotas de fuga e não divulgá-las.

Simulados - A representante da Defesa Civil, Giselle Vieira, fez uma apresentação de slides sobre o planejamento da Prefeitura do Recife, com o plano rota de fuga, plano de inverno e de contingência das áreas de risco. Ela comentou que “é um desafio para a Defesa Civil trabalhar com os problemas de deslizamento nas áreas de morro, pois há 190 localidades de riscos, entre morros e áreas ribeirinhas. O número foi ampliado com as 54 comunidades que sofrem situações de alagamento no ano passado”, disse. O mapeamento das regiões, de acordo com Gisele Vieira, mudou o cenário da cidade. “A classificação de risco também aumentou depois do ano passado”.

As atividades da Defesa Civil vêm aumentando, disse Gisele Vieira. Simulados de evacuação de casas em áreas de emergência estão sendo realizados neste primeiro semestre.  “Foi feita a formação com lideranças comunitárias em territórios mais afetados, através do Núcleo Comunitário da Defesa Civil, em parceria com entidades como Guarda Municipal e agentes da CTTU”. Essa formação vendo sendo dada às lideranças, nos próprios locais de área de risco, para que elas repassem aos moradores. Ela acrescentou também que o trabalho de preparação para simulados começou em março e já foi realizado em seis áreas como Jardim Monte Verde, Vasco da Gama, Córrego do Leôncio, Lagoa Encantada, Sítio dos Macacos e Coqueiral. “São áreas reconhecidamente de risco e as lideranças estão aptas a atender nos momentos de emergência”.

Após o treinamento, foi feito um trabalho de sensibilização junto à população local. As pessoas foram informadas sobre o que devem fazer nos casos de emergência. “Em seguida, fizemos um teste, sem hora marcada, dando um sinal sonoro através de um sinal de SMS, para as pessoas saírem de suas casas nas horas de emergência”, afirmou. Gisele Viera disse, ainda, que as lideranças das comunidades passaram a fazer parte de um grupo de WhatsApp, que recebe informações constantes da Defesa Civil.

Em relação às informações, a representante da Defesa Civil disse que elas estão sendo disponibilizadas, também, no Site Ação Inverno; através de SMS, pelas redes sociais da Prefeitura do Recife; pelo aplicativo Conecta Recife (que manda mensagem pelo whatsApp); e emissão de alertas para que as lideranças possam propagar nas comunidades. “Não temos ainda a mensagem sonora. Também estamos estudando drones e sensores nas comunidades”.

Pontos - As ações emergenciais, de acordo com Gisele Vieira, estão aptas para serem ativadas. Há 390 profissionais (em equipes operacionais e técnicas), além de assistentes sociais, técnicos em edificações, geógrafos etc, que já estão fazendo atendimento nas regionais. “Estamos, também, fazendo levantamento de possíveis abrigos no Recife, junto com a Central de Operações”. No ano passado foram abertos 44 abrigos entre acolhimento e ponto de apoio e 3.800 pessoas foram atendidas do Recife.

“Este ano, já temos 21 abrigos que podem ser ativados em momento de atenção, no estágio de chuva de 30 a 50 milímetros. Ou seja, abrigos para os momentos que não sejam tão críticos. Esses 21 pontos estão sendo planejados além dos abrigos fixos já existentes em escolas, espaços de associações e igrejas”

Travessa do Gusmão – Os novos abrigos para casos de urgência, de acordo com Gisele Vieira, terão capacidade de acolher cerca de 1.700 pessoas. Mas se o estágio de atenção subir acima de 50 milímetros de chuva e os problemas se complicarem, a quantidade de abrigos aumentará. “As chuvas além de 50 milímetros vão configurar o alerta máximo. Nesse caso, outros abrigos poderão ser abertos com capacidade de receber cerca de 7 mil pessoas”.

A representante do Sistema Único de Assistência Social do Recife, Adriana Adrião, chefe de abrigos de idosos, da Prefeitura do Recife, disse que a Secretaria Executiva de Assistência já trabalha com ações emergenciais para abrigar pessoas em situação de vulnerabilidade, atendendo a demandas da Defesa Civil. “Temos o Abrigo da Travessa do Gusmão, que pode servir de abrigo quando houver demanda maior por parte da Defesa Civil”. Ela disse que a Secretaria vem participando do mapeamento sobre novas áreas que podem servir de abrigamento.

Diversas secretarias da Prefeitura do Recife também estão preparadas, com a formação dos seus funcionários, para que estejam de prontidão nos dias de chuva. Os funcionários estão aptos a atuar nos abrigos das Regiões Político Administrativas (RPAs), em caso de emergência. Para que esse grupo de funcionários seja ativado há, segundo Adriana Adrião,  um coordenador para mobilizar o pessoal, distribuindo-os em cada abrigo e serviço.

Informações - A representante do Fórum Popular do Rio Tejipió, Géssica Dias, disse que seria “importante uma ação integrada entre o plano de contingência da Prefeitura do Recife e as unidades que atuam nas comunidades”. Ela também entende que é preciso haver um treinamento para salvamento e abrigamento. “Muita gente faz isso nas comunidades, mas não damos conta de salvar todo mundo. E a Prefeitura do Recife é estratégica para fazer esse apoio qualificado. Quando mais estivermos instrumentalizados e com apoio prévio, melhor”

Ainda de acordo com Géssica Dias é “muito importante termos um planejamento de comunicação estratégica, com linguagem fácil, para facilitar a compreensão dos moradores nas áreas de risco”. Ela acrescentou que se a Prefeitura fizer chegar à população “tudo o que está sendo planejado e prospectado no momento de maior tensão, dará mais segurança para as famílias e para as organizações da sociedade civil que estão na linha de frente”.

Encaminhamentos - A vereadora Liana Cirne disse que os encaminhamentos da reunião pública são os seguintes: pedir à Defesa Civil que estude a alteração de metodologia para disponibilização dos abrigos (e aumentar capacidade de abrigamento); realização de um trabalho de divulgação das rotas de abrigo emergencial, em 12 de junho, em todas as áreas de risco, por meio da Defesa Civil; fazer um apelo à Neoenergia para adoção de medidas emergenciais para evitar mortes por choque elétricos; apelo ao Corpo de Bombeiros para divulgar plano de salvamento; agendamento de uma visita técnica com diversos órgãos no Ipsep; divulgação de rotas de fuga nas comunidades pelos agentes municipais de saúde; divulgação de todos os protocolos de abrigamento; e solicitação de um plano de atuação da Compesa para as áreas atingidas, que ficam sem água potável.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 02.06.2023.