Audiência pública discute a importância do optometrista na saúde pública

A importância do optometrista na saúde pública foi debatida na audiência pública promovida pelo vereador Victor André Gomes (União Brasil), na tarde desta segunda-feira (14). O Optometrista é o profissional responsável pela avaliação primária da saúde visual de um paciente e possui habilitação para identificar problemas de visão. Atualmente, há cerca de 1400 profissionais em Pernambuco, segundo a Câmara Regional de Optometria de Pernambuco (Crop/PE). Além desses, a estimativa é formar cinco mil optometristas em dois anos. O plenarinho da Casa ficou tomado por especialistas das áreas de saúde, jurídica e público em geral.

Victor André Gomes destacou que é preciso colocar o optometrista na pauta da saúde e considerou que eles são essenciais. “A inclusão da categoria é algo que não está acontecendo. É uma pauta, inclusive, que o deputado Mendonça Filho defende constantemente. Existe uma demanda reprimida de pessoas precisando fazer exame básico de oftalmologia. E a categoria dos optometristas não está sendo incluída como deveria, além de não participar das tratativas na ampliação dos tratamentos de saúde em nossa cidade. Eles necessitam dar a sua devida contribuição”.

A mesa do evento foi composta pelos vereadores Chico Kiko (PP), Alcides Cardoso (PSDB) e Tadeu Calheiros (Podemos), além de Lílian Santos, optometrista; Alex Cid Ribeiro, presidente da Câmara Regional de Optometria de Pernambuco, o advogado Geovanni Alves e pelo deputado federal Mendonça Filho.

O deputado federal Mendonça Filho disse que acredita existir um espaço harmônico envolvendo oftalmologistas e optometristas. “Se compararmos com a realidade social de cidades grandes e médias, a oferta de oftalmologistas é bem aquém do que necessita a população de cuidados bem elementares. Não quero criar briga entre as profissões. O meu objetivo aqui não é o de antagonizar, mas existe espaço para a optometria no país”.

Alex Cid Ribeiro, presidente da Câmara Regional de Optometria de Pernambuco (Crop), afirmou a optometria como a primeira barreira contra a cegueira evitável no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). “E eu não estou falando de países pequenos e sim, de países de primeiro mundo. A optometria é respeitada em todo o mundo mas, no Brasil, por conta de viés político e reserva de mercado, não é. Tudo o que é bom, a classe médica quer para ela. Mas a optometria é essencial dentro da saúde pública”, destacou. 

Segundo Alex Cid Ribeiro, foi um optometrista que criou o exame de refração, em 1932, assim como as lentes oftalmológicas e as lentes de refração. “E, agora, o optometrista não pode fazer refração porque virou doença”, lamentou. “Estamos aqui para falar da inclusão do profissional optometrista na saúde pública. Não existe motivo, hoje, para a saúde pública não ter esse profissional. Agora já temos graduação, pós-graduação, doutores, mestres. E por que esse profissional ainda não está na saúde pública? Até quando a medicina vai tomar conta da saúde pública?”, questionou. 

Dr. Geovanni Alves, advogado representante do Cro/PE, destacou a importância da classe profissional estar reunida na Casa de José Mariano, a Casa do povo, fazendo uma voz uníssona e fortalecendo a relevância da profissão. “Não existem mais dúvidas quanto à legalidade da optometria. O Supremo Tribunal Federal garante que os profissionais com formação superior, em instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação, podem atuar na saúde primária da visão, que era uma luta nossa”, disse. 

“Não aceitamos mais que a optometria seja marginalizada, colocada à parte”, garantiu o advogado. Geovanni Alves salientou, também, a importância do debate com a classe médica. “É importante ouvirmos opiniões divergentes, mas é importante que caminhemos para a frente. Precisamos levar a optometria para o lugar que ela merece. Não se pode admitir que profissionais sejam impedidos de trabalhar. Há pouco tempo tivemos decisões judiciais que impediram os optometristas de trabalhar, de dar aulas, palestras. Isso é um verdadeiro absurdo”. 

Lílian Santos, optometrista, defendeu o trabalho de sua categoria e confessou que gostaria de exercer a profissão.  “Não passamos medicação e a optometria existe em qualquer lugar do mundo. Quando a gente suspeita de alguma patologia, encaminhamos para os oftalmologistas. Existem optometristas muito bons e que estão aqui para ajudar a população. Não precisamos brigar uns com os outros. Temos grandes parceiros médicos. Eu só quero o direito de trabalhar. Existe uma faculdade de graduação e cursos de pós-graduação e por que eu não posso trabalhar? A Lei garante que eu trabalhe”.

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Em 14.08.2023