Dia do Capoeirista é comemorado em reunião solene
O vereador Felipe Alecrim (PSC) presidiu a solenidade. O vereador Alcides Cardoso, autor do requerimento, também criou o projeto que originou a lei municipal número 18.939/2022, que tem por finalidade reconhecer, valorizar, homenagear e comemorar o Dia do Capoeirista, transcorrido em 3 de agosto. Ele também é autor da lei municipal número 19.058/2023, que considera a “Arte da Capoeira” como Patrimônio Cultural Imaterial do Município do Recife.
Alcides Cardoso fez parte da mesa, além dos contramestre Melodia, e dos mestres Alemão, Peu e Índio. Após o Hino Nacional, o parlamentar ocupou a tribuna e fez suas colocações. “Essa é uma data da qual tenho a honra de ser o autor da lei para a sua inclusão no Calendário Oficial de Eventos da nossa cidade”, disse, sublinhando que, para fazer a comemoração, precisava voltar no tempo “e citar, primeiramente, o legado do Mestre Bimba, baiano de Salvador”.
Foi o Mestre Bimba, segundo o vereador, o responsável por tornar a Capoeira um esporte nacional no século passado e um grande precursor por ter fundado a primeira escola de capoeira do mundo, mesmo sem citar o nome da capoeira no nome. “Como bem sabem os mestres de Capoeira que nos honram com as suas presenças nesta reunião solene, temos que sempre resgatar a história dessa arte no Recife e ela é marcada por um capoeirista lendário: Nascimento Grande. O ‘Grande’ no apelido não era à toa, já que ele media dois metros de altura. Era tido como figura valente, mas não procurava briga com ninguém. Apenas se defendia dos ataques que sofria constantemente”.
Alcides Cardoso afirmou que, na visão do escritor Eustórgio Wanderley, em sua obra “Tipos populares do Recife Antigo”, Nascimento Grande era dotado de uma potente força muscular, agilidade e, “conhecendo bem o jogo da capoeiragem com os golpes de ataque e de defesa, não se deixava jamais alcançar pelo adversário e derrotava em pouco tempo com uma rasteira inesperada, uma cabeçada violenta ou com um ‘rabo de arraia’. Algumas pessoas chegam a dizer que Nascimento Grande construiu a reputação de maior capoeirista de Pernambuco de todos os tempos”.
O vereador também fez um breve histórico e destacou que a Capoeira foi tipificada como contravenção no Código Penal de 1890 e que os praticantes dessa arte no Recife se aproveitavam da geografia da cidade, a exemplo dos mangues, para conseguir obter êxito na fuga da perseguição da polícia. “Apesar desse cenário, ficou marcada a prática da capoeira à frente de bandas militares e civis, mas a repressão era dura. Avançando mais de 130 anos na história, hoje podemos celebrar na Casa de José Mariano o Dia do Capoeirista e esperamos ter a Capoeira reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife graças a outra lei de minha autoria. Portanto, nesta tarde estamos fazendo mais uma vez uma merecida homenagem a essa arte que ganhou o mundo e aos seus praticantes”.
Ao final do discurso, o vereador pediu uma salva de palmas para os mestres e contramestres presentes na solenidade que, segundo afirmou, dão “importante contribuição para seguir o legado de mais de 500 anos de história da capoeira e pelo trabalho de formação de jovens cidadãos”. Em seguida, Alcides Cardoso fez a entrega dos certificados aos mestres e contramestres da capoeira. Um grupo se apresentou em plenário e o contramestre Melodia foi convidado para também ocupar a tribuna e fazer o discurso de agradecimento.
Melodia disse que a realização de uma solenidade para homenagear a capoeira, na Câmara Municipal do Recife, era muito importante porque dá visibilidade ao esporte. “A capoeira precisa ser vista. Um evento como esse diminui os preconceitos”, afirmou. Ele observou que, enquanto arte marcial, a capoeira ajuda jovens e adolescentes na luta contra a violência.
Em seu discurso ele apresentou algumas proposta que podem dar mais visibilidade para a prática esportiva: a criação de uma Casa da Capoeira no Recife Antigo, que possa funcionar como casa da cultura para vendas de instrumentos e visitações de turistas; apoio do poder público para a Marcha da Capoeira, que existe há 13 anos, mas não conta com recursos financeiros; criação do Programa Capoeira nas Escolas, para permitir que nas quadras esportivas nas escolas sejam ocupadas nos finais de semana; e realização da Semana da Capoeira, em setembro, nas escolas municipais.
Ao final, ele presenteou o vereador Alcides Cardoso com um berimbau. O Mestre Mulatinho e a Mestra Isa cantaram uma ladainha. O Mestre Pêu ocupou a tribuna, parabenizou o vereador Alcides Cardoso pela solenidade e disse que é importante festejar a memória de antigos capoeiristas, mas apoiar o que é feito pelos capoeiristas que praticam o esportes e constroem a história no presente "em ruas, morros e alagados do Recife". Felipe Alecrim fez suas colocais finais e convidou a todos os presentes para ouvir e acompanhar o Hino do Recife.
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Em 08.08.2023.