Dia Municipal do Choro é comemorado em reunião solene

Autora do projeto de lei que originou a Lei Municipal número 18.947/2022, que institui o Dia Municipal do Choro Luperce Miranda, a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) realizou reunião solene, nesta sexta-feira (18), na Câmara Municipal do Recife para festejar a data. Mais conhecido como Chorinho, é um estilo musical próprio da esfera urbana no Brasil e é considerado, também, uma manifestação da Cultura do Recife. Durante a solenidade, 54 músicos que tocam chorinho e se apresentam profissionalmente ou em momentos de lazer, além de nove grupos de choros e de espaços que acolhem “choristas, chorões e choronas”, receberam um certificado das mãos da parlamentar.

A solenidade reuniu dezenas de músicos e os apreciadores do chorinho, no plenário da Casa de José Mariano. O Dia Municipal do Choro é 28 de julho, mas foi comemorado hoje excepcionalmente. A solenidade foi presidida pelo vereador Hélio Guabiraba (PSB), que compôs a mesa com a vereadora autora do requerimento; a homenageada Estael Miranda Diogo; o homenageado Jorge Luperce Pessoa de Miranda, em nome do patrono da Lei Luperce Miranda; e Wagner Staden de Vasconcelos. Após a execução do Hino Nacional, Cida Pedrosa ocupou a tribuna e fez o discurso de saudação.

Discurso - “Evoco neste dia a maestrina Chiquinha Gonzaga, mulher brasileira, primeira compositora de choro. Evoco Tia Amélia, mulher pernambucana, nascida em 1897, que tanto fez pelo choro pernambucano na segunda metade do século 20, falecida em 1983. Evoco todas as mulheres recifenses, pernambucanas, nordestinas, brasileiras que cuidam para manter acesa a chama do Choro, primeira música urbana tipicamente brasileira, um dos gêneros musicais brasileiros por excelência, com narrativas, enfoques e discursos mais genuinamente nacionais”, disse.

A vereadora destacou que alguns estudiosos consideram o Choro a música mais brasileira que existe. “Quando esta Câmara do Recife homenageia o Choro, Luperce Miranda e todos os criadores e criadoras do gênero no Recife, além de contribuir para ampliar significativamente a sua visibilidade, agregar valor para que as ofertas de trabalho e o mercado se ampliem, objetiva acentuar a natureza social e econômica da música no Brasil atual. O crescimento de espaços para o Choro em Recife é, notadamente, resultado do trabalho e do esforço de uma camada potente de trabalhadoras e trabalhadores da cultura em tempos de pós-pandemia da covid 19”.

Cida Pedrosa afirmou que, como vereadora do Recife está comprometida para dar uma parcela de trabalho e dedicação ao desenvolvimento e ampliação dos territórios produtivos para o Choro. “No dizer dos cientistas sociais, o choro caminha ao lado da formação do Brasil como República”. No Brasil, em Pernambuco e no Recife, observou a parlamentar, “o Choro tornou-se responsável por descrever, refletir, problematizar aspectos relevantes da formação política, social e cultural do povo, uma espécie de cronista de seu tempo”

A vereadora observou que é urgente continuar resgatando a história do choro e apoiar o gênero musical “para que, no Recife, a articulação local cresça cada vez mais por meio das novas gerações”. No Brasil, segundo ela, muitos movimentos estão trabalhando e fortalecendo a linguagem. Cida Pedrosa acrescentou que, enquanto “vereadora do Recife, mulher trabalhadora, artista e produtora cultural, refuto ser fundamental que o Movimento Recifense de Choro, a Prefeitura do Recife, o Governo de Pernambuco, as universidades, as escolas de formação de musicistas e as muitas iniciativas da rede privada da produção cultural e do entretenimento se associem para dar celeridade ao processo de avanços e conquistas para que as artistas, os artistas, as produtoras e os produtores do choro recifense, não apenas sobrevivam, mas vivam com dignidade da força da sua criação e do seu trabalho”.

No discurso, ela disse que “este é o momento ideal para o desenvolvimento de um trabalho coletivo, planejado, com escuta ampliada, com o levantamento de dados e monitoramento” da produção recifense. Para ela, é o momento, inclusive, no que se refere aos resultados para a economia da cultura local, formação de novos músicos com foco no choro, criação de novas rodas de choro, abertura de novos espaços, criação de ambientes nas comunidades, nos novos centros urbanos, para além do centro histórico do Recife, mas também, inclusive, por meio do Recentro, escritório da Prefeitura do Recife que estuda e propõe novas políticas para o centro da cidade. “Buscar oferecer linhas de investimento para as iniciativas da sociedade civil será uma ação estruturante”.

Homenagens - Depois do discurso, houve várias apresentações musicais, e em seguida a vereadora Cida Pedrosa entregou um certificado a cada um dos 54 músicos, além de nove grupos e espaços homenageados. O músico Jorge Luperce Pessoa de Miranda foi convidado a ocupar a tribuna e fazer as suas colocações, em nome do seu pai, o patrono da Lei Luperce Miranda. “Esse certificado que todos vocês receberam, tenho certeza, é de carinho, e de reconhecimento da arte que vocês produzem”, disse. Ele contou que, na condição de filho de Luperce Miranda, teve oportunidade de tocar com grandes nomes da música como Pixinguinha, Altamiro Carrilho, Abel Ferreira e Sivuca. “Eu tive esse privilégio de estar no lugar certo, na hora certa, pois estava com o meu pai”.

Jorge Luperce falou que é difícil mas também é fácil, ao mesmo tempo, falar sobre o seu pai. “Para vocês terem uma ideia, eu sempre me dirijo ao Luperce Miranda não como pai, mas como o pai de todos musicalmente, pois ele foi o primeiro e foi professor de vários grandes músicos que estão por aí. E continua sendo até hoje. Na verdade, ele é único”. Jorge Luperce relatou que criou o projeto Casa Cultural Caboclo Brasileiro, em Iguapa Grande, Rio, onde trabalha com crianças. Em nome da instituição, forneceu a Cida Pedrosa o Título de Cidadã Caboclo Brasileiro, “pelos serviços prestados à cultura”.

Após a fala de Jorge Luperce, houve novas apresentações musicais e  Wagner Staden de Vasconcelos também foi convidado a ocupar a tribuna e a fazer suas colocações em nome dos homenageados. “Em primeiro lugar, é muita responsabilidade vir aqui falar em nome do grupo isto é Choro. Em segundo lugar, lembro o processo construído por todos nós, em conjunto com a vereadora Cida Pedrosa, para instituir o Dia Municipal do Choro. Tudo foi articulado com o movimento de Choro, tudo elaborado em comum acordo, para homenagear Luperce Miranda. Trata-se de uma data que vem ocupar uma lacuna que existia. Parabéns vereadora, por dar ao Choro este dia de comemoração”.

Wagner Staden disse que o Choro tem alcançado novos espaços, nos últimos anos, falou da articulação para se garantir a titulação de Mestre Chocho com Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2017, e a criação do Dia Estadual do Choro João Pernambuco. “Todas essas tarefas foram executadas graças à união de forças. Se fossem coisas exclusivas, não estaríamos comemorando as vitórias”. Wagner Staden entregou, juntamente com outros homenageados, uma placa à vereadora Cida Pedrosa, como “madrinha perpétua do Choro”. Ao final, o vereador Hélio Guabiraba fez as considerações finais e convidou a todos para acompanharem o Hino da Cidade do Recife.

Lista de homenageados:

  1. Estael Miranda Diogo
  2. Jorge Luperce Pessoa de Miranda (Jorge Luperce)
  3. Dalva Torres - Dalva Ferreira Torres
  4. Beto do Bandolim -  Adalberto Cavalcante da Silva
  5. Bozzó
  6. José Arimatea
  7. Kelly Rosa
  8. Wagner Staden
  9. Walmir Chagas
  10.  Sevy Nascimento
  11. Bué 7 Cordas - Josué Honório da Silva
  12. Chico Melo do Cavaco - Francisco de Assis de Melo Alves
  13. Geraldo do Surdo - Geraldo Guimarães de Souza
  14. Juh Lopes - Jurema Simões Hernandes
  15. Josué 6 cordas - Josué Rocha Freire
  16. Lula Menezes - Luiz Edmundo Miranda de Menezes
  17. Maíra Macedo
  18. Moema Macedo
  19. Marco César - Marco César de Oliveira Brito
  20. Rafael Marques - Rafael Marques dos Santos
  21. Sonnia Aguiar - Sonia Lúcia de Aguiar Lima
  22. Valéria Moraes - Valéria Mônica de Oliveira Brito
  23. Vinícius Sarmento - Vinícius de Moraes Sarmento
  24. Bruno Nascimento - Bruno Rodrigues do Nascimento
  25. Fábio Santos - Fabio Luiz de Oliveira Santos
  26. Felipe Sarmento – Carlos Felipe da Silva Sarmento
  27. Isaque Santos - Isaque Santos Silva
  28. João Paulo Albertim - João Paulo Barbosa de Albertim
  29. Lucas Guerra - Lucas Pereira Guerra
  30. Maria Flor - Maria José dos Santos Altino
  31. Arthur Philipe - Arthur Philipe de Albuquerque
  32. Lais de Assis
  33. Dácio Ferraz - Dácio Pessoa Ferraz
  34. Alberto Guimarães - Alberto Guimarães da Silva
  35. Nelson Brederode - Nelson de Siqueira Brederode Filho
  36. George Rocha - George Andersen Araújo de Souza e Rocha
  37. Bona do Bandolim - Fernando Antônio Figueiredo Filho
  38. Maurício César
  39. Haidêe Camelo
  40. Nuca Sarmento - Evane de Moraes Sarmento Júnior
  41. Xaruto - Roberval Francisco da Silva Filho
  42. Maximino 7 cordas - Maximino Lopes Bandeira Neto
  43. Chico Nunes - Luiz Francisco Nunes
  44. Mizinho - Jocemir Alberto dos Santos
  45. Surama Reis
  46. Percy Marques
  47. Carlos Dantas - Carlos Eduardo Dantas Cunha
  48. Ednaldo Santos - Ednaldo Ferreira dos Santos
  49. Ciro Bezerra - Ciro Bezerra da Silva
  50. Rosa Nascimento - Rosanir Maria da Silva Nascimento
  51. Wagner Gomes - Wagner Antony Gomes e Silva
  52. Bernardo Belmonte
  53. Valmir José de Lima Pandeiro
  54. Arisneuton Coelho de Oliveira

 

Espaços e Coletivos:

1. Grupo Brasil Sonoro

2. Grupo Novos Rumos

3. Grupo de Choro Infanto-juvenil do Sesc Santo Amaro

4. Coletivo Isto é Choro

5. Roda Infinito

6. A Fazendinha (José Nunes Brandão)

7. Casa Malassombro, Isadora Melo e Rafael Marques

8. Poço das Artes (Clarissa Garcia)

9. Ass. dos Servidores dos Institutos Federais de Pernambuco – ASSIF-PE (Francisco de Melo Granata )

 

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 Em 18.08.2023.