Irmão Marcelo Barros é o mais novo Cidadão do Recife
O Título foi entregue pela vereadora Liana Cirne (PT), em reunião solene realizada na tarde desta terça-feira (26). A solenidade teve presidência compartilhada pelas vereadoras Ana Lúcia (Republicanos) e Cida Pedrosa (PCdoB). A mesa foi composta com a autora do Decreto Legislativo; o homenageado; a representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cacica Kyalonãn; e a representante da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Recife e Olinda, Malu Alessio. Após o Hino Nacional, foi exibido um vídeo no telão do plenário da Câmara Municipal, com as participações do ex-arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, da senadora Tereza Leitão e do jornalista Mauro Lopes. Todos eles deram depoimentos sobre o Irmão Marcelo Barros
Ao ser convidada para falar sobre o monge, a vereadora ocupou a tribuna e disse que Marcelo Barros é “um discípulo de dom Hélder Câmara, uma metáfora viva do ecumenismo cósmico”. Ela acrescentou que o último livro de autoria do monge tem como título “Não deixe a profecia cair”, frase que, segundo a parlamentar, foi dita pelo arcebispo emérito de Olinda e Recife. “Essa frase, que dá título ao livro, foi dita por dom Hélder, no leito de morte”. Ela acrescentou que “a vida de Marcelo Barros tem sido a perpetuação desse apelo para não deixarmos cair a profecia. Ele promove o diálogo inter-religioso”.
A vereadora afirmou, ainda, que o monge “promove uma leitura do Evangelho de Jesus, vivido no amor, que acolhe as diferenças, que luta contra as desigualdades e nos ensina na Palavra, na vivência e no abraço”. Liana Cirne lembrou ainda das palavras que foram ditas pelo presidente Lula, quando lembrou da época em que esteve preso na superintendência da Polícia Federal de Curitiba. “Lula disse que o monge Marcelo Barros o visitou por uma hora e que sua visita deu a ele força para resistir o ano inteiro. Depois da visita, Lula sabia que iria vencer as injustiças”, disse.
Marcelo Barros de Sousa nasceu em 1944, em Camaragibe, de uma família de operários, sendo ele o primeiro de dez irmãos. Aos 18 anos de idade, decidiu entrar no Mosteiro dos Beneditinos de Olinda, desde que lhe fosse sempre permitido trabalhar com as pessoas mais pobres e visitar cultos de outras Igrejas e religiões. Fez profissão de monge em 1965 no mesmo dia em que, em Roma, se encerrava o Concílio Vaticano II, o que o inspirou para o trabalho pela renovação da Igreja Católica, para que ela se coloque em diálogo com o mundo e a serviço dos empobrecidos. Em 1969, foi ordenado padre por Dom Hélder Câmara, com quem trabalhou como secretário e assessor para assuntos ecumênicos até 1976.
Atualmente, Marcelo Barros é teólogo especializado em Bíblia, do grupo fundador do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), é um dos três latino-americanos membros da Comissão Teológica da Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT) que reúne teólogos da América Latina, África, Ásia e ainda minorias negras e indígenas da América do Norte. Ele também assessora movimentos sociais, pastorais e comunidades eclesiais de base; é membro do Fórum Diálogos pela Diversidade Religiosa e contra a Discriminação, organismo do Ministério Público em Pernambuco; e participa do Comitê Interreligioso pela Democracia
Após o discurso, a vereadora fez a entrega do Título de Cidadão do Recife, com a respectiva medalha e de um presente, ao monge Marcelo Barros. O coro terapêutico do Instituto de Pesquisa e Estudo para a Terceira Idade (Ipeti) fez uma apresentação musical e o mais novo cidadão recifense, monge Marcelo Barros ocupou a tribuna e fez suas colocações. Ele expressou sua alegria de se tornar oficialmente Cidadão do Recife. “É com uma alegria muito grande, um sentimento de gratidão imenso, que recebo este Título, pela amizade e pela bondade da vereadora Liana Cirne”.
Ele disse também que se sentia muito gratificado porque recebia o Título, mesmo sem ser “um empresário, ou pessoa muito importante. Sou filho de operários, gente pobre de Camaragibe. Vejo este Título como uma profecia, no sentido de que a Câmara Municipal do Recife expressa que a sua vocação é promover a cidadania. E a cidadania para os que não são considerados cidadãos”, afirmou. Ele questionou: “Quantos no Recife são considerados cidadãos e quantos são considerados indivíduos? Que maravilha que um indivíduo esteja sendo considerado cidadão”. No encerramento, a presidente da solenidade, vereadora Cida Pedrosa, fez as colocações finais e convidou a todos para acompanharem o Hino da Cidade do Recife.
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Em 26.09.2023.