Comissão de Grandes Eventos discute Ciclo Junino do Recife

A Comissão Especial sobre a Retomada do Carnaval, São João e demais Grandes Eventos do Recife, da Câmara Municipal, promoveu reunião, na manhã desta quarta-feira (6), para avaliação do Ciclo Junino de 2023. Participaram do encontro, que ocorreu de forma remota, representantes da Prefeitura e de entidades ligadas às quadrilhas juninas. Segundo o presidente do colegiado, vereador Marco Aurélio Filho (PRTB), o objetivo da reunião foi colher subsídios para levar à Conferência Municipal de Política Cultural da cidade que ocorre este mês.

A princípio, o encontro abordaria também outro tema: a preparação para o carnaval de 2024, mas o assunto ficou para uma outra reunião. Marco Aurélio Filho fez um breve histórico da Comissão de Grandes Eventos criada ainda durante a pandemia de covid-19 e que teve o papel de fazer a escuta da cadeia cultural e sugerir medidas à Prefeitura. “A Comissão surgiu da necessidade da discussão da gente compreender que a cultura vai além da festividade em si. São as pessoas que fazem a cultura, são os nossos fazedores que trabalham o ano inteiro, não somente em ciclos e em momentos específicos”, afirmou.

O parlamentar destacou que é membro dos Conselhos Municipal de Cultura e de Turismo e que encaminhará o relatório da reunião à Secretaria de Cultura do Recife, à Secretaria de Cultura do Estado e ao Gabinete do Centro do Recife (Recentro). Durante a reunião, apresentou slides com dez recomendações sobre a infraestrutura do Sítio Trindade, em Casa Amarela, além de itens sobre visibilidade, fomento e valorização dos fazedores de cultura. Ele lembrou de quatro projetos de lei ordinária (PLO) de sua autoria que valorizam a cultura – nºs 159/2023; 138/2023; 193/2023 e 161/2022.

O secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, fez as considerações iniciais e se retirou para participar de outra reunião com o Ministério da Cultura. Ele falou de algumas atribuições do Conselho Municipal de Cultura, do novo regimento da entidade que afirmou ter sido resultado de robusta discussão interna e enalteceu a importância do permanente diálogo com a cultura popular. Também fez a avaliação dos Ciclos de Carnaval e Junino da Cidade.

“Acredito que a gente teve um ciclo cultural tanto carnavalesco, como junino muito bem avaliado, muito bem recebido pela população e pelos visitantes que estiveram aqui com a gente”, disse. “Mas, eu acho que cabe, sim, sempre uma reflexão para ver onde a gente pode melhorar”. O secretário de Cultura do Recife elencou os polos juninos instalados nos bairros, bem como no Sítio Trindade e no Arraial Novo da Rio Branco, no Recife Antigo. Falou dos festivais de literatura, da implantação do Patrimônio Vivo do Recife, entre outras ações da pasta. “A gente tem uma cidade que está pulsando cultura o tempo todo”, afirmou. De acordo com ele, já se está discutindo o Ciclo Natalino e Carnavalesco, por isso, é importante avaliar o Ciclo Junino.

A chefe do Recentro, Ana Paula Vilaça, explicou que o Recentro é um programa que atua de forma transversal com vários órgãos e secretarias da Prefeitura, buscando resgatar a vida do centro da cidade. “E não podemos falar de reabilitação do centro sem falar de cultura. O nosso principal ativo”. Ressaltou o polo do Marco Zero no Carnaval e o Arraial Novo da Rio Branco no São João. Também ressaltou a importância do diálogo. “Eu quero destacar que a Prefeitura vem fazendo um trabalho inédito de avaliação, de diálogo, de escuta coordenado pela Secretaria de Planejamento e pela Secretaria de Cultura para que a gente possa avaliar o que deu certo, o que deu errado e o que a gente pode melhorar”.

O secretário executivo de Articulação da Secretaria de Cultura do Recife, André Brasileiro, exibiu slides sobre o Recife Junino 2023. Ele afirmou o respeito às raízes, a valorização dos artistas e às tradições – fruto de uma ação integrada que envolve várias secretarias municipais. Falou sobre o concurso de quadrilhas juninas, em que concorreram 34 grupos no Sítio Trindade, sendo R$ 352.520,00 investidos em subvenção para as quadrilhas da cidade e R$ 74 mil, em premiação.

Em números, nos dez polos descentralizados, além do Pátio de São Pedro, Sítio Trindade e Arraial Novo da Rio Branco, foram mais de 20 dias de programações, mais de 150 horas de apresentações contando com artistas locais, quadrilhas, coco, trios pé-de-serra e mais de 500 mil pessoas participaram dos festejos.

A reunião promovida pela Comissão de Grandes Eventos também contou com a participação da presidente da Liga das Quadrilhas Juninas do Recife, Naftaly Renata e de integrantes de diversos grupos, a exemplo de Gilcley Paiva, da Quadrilha Origem Nordestina; Fábio, da Quadrilha Lumiar; Roberto Carlos, Cleyto Santos e Matheus Lumiere.

Dentre os principais problemas apontados por eles está o valor da subvenção destinado às quadrilhas pela Prefeitura; a demora no pagamento da subvenção e de premiações. Também reclamaram das dificuldades para apresentações em horários de fim da tarde, visto que a maioria dos brincantes são trabalhadores. Teceram críticas, ainda, à infraestrutura oferecida para as apresentações no Sítio Trindade. Disseram que não há acessibilidade para cadeirantes no local e que em momentos de chuva há muita lama no local, prejudicando desde a coreografia ao figurino dos integrantes.

As reclamações foram respondidas pelo gerente geral de Política Cultural da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Mário Jarbas. Ele disse que a gestão “está sempre aberta para dialogar e procurar o aperfeiçoamento dos trabalhos”.  De acordo com ele, o Ciclo Junino contou com 1200 contratações artísticas, sendo que 90% dessas foram pagas em menos de um mês, após encerrado o Ciclo. Quantos a atrasos na subvenção, disse ele, é preciso ser analisado caso a caso.

Já André Brasileiro explicou sobre questões relacionadas à infraestrutura do Sítio Trindade, que é um espaço tombado. Ele falou que conversará com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas destacou que a acessibilidade plena é uma pauta municipal, estadual e federal. Também disse que é necessário  dialogar sobre a questão dos horários das apresentações. “Vamos construir e avançar cada um colocando as limitações e encontrar o caminho do consenso para que haja avanços no carnaval e no São João”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 06.09.2023