Audiência discute a importância da Oftalmologia na Rede de Atenção Primária da Saúde

De acordo com Tadeu Calheiros, a inserção da especialidade médica na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde é fundamental para minimizar os gargalos do atendimento oftalmológico e assegurar que os exames de prevenção sejam marcados e realizados com o menor tempo possível. “Isso contribui para diminuir os casos de cegueira evitável e ainda desafoga a assistência oftalmológica especializada, proporcionando maior celeridade aos casos complexos. Essa audiência pública nasceu para sermos propositivos para a Prefeitura, e extrapolar para o Estado, no sentido de uma melhor ampliação da cobertura oftalmológica e, claro, que daqui podem surgir ideias que a gente possa enviá-las aos poderes”.

Por videoconferência, Cristiano Caixeta Umbelino, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, demonstrou slides que abordavam a importância da saúde ocular para a população. De acordo com ele, as ametropias (perda da nitidez da imagem na retina e que engloba a miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia) são consideradas doenças para todos os efeitos da lei. Umbelino também ressaltou a grande força de trabalho da categoria no país.

“Hoje, no Brasil, somos o segundo maior número de oftalmologistas do mundo perdendo apenas para a China. Temos orgulho em dizer que nós temos um oftalmologista para cada 9.230 habitantes. Sabemos que existem dificuldades de regionalismo e dificuldades de cobertura das extensas áreas territoriais do nosso país. A oftalmologia está presente em 80% da população brasileira. Aos 20% restantes não assistidos, seria muito importante que fossem criadas políticas públicas de acesso dessa população ao médico oftalmologista”. 

Vasco Bravo Filho, presidente da Sociedade de Oftalmologia de Pernambuco (SOPE), citou que era possível demonstrar à Prefeitura que há condições de ter uma oftalmologia de qualidade dentro da atenção primária. “Para que a gente possa prevenir, dentre outras questões, a cegueira na população, principalmente as pessoas mais carente. 29% da nossa população estão na linha de pobreza e na região nordeste chega a 48%. Sabemos que quanto mais na linha da pobreza, mais a pessoa vai ter dificuldade de acesso ao médico oftalmologista e as cegueiras são maiores na população mais pobre”.

A vice-presidente da Sociedade de Oftalmologia de Pernambuco, Manuela Gondim, apresentou propostas de atendimento citando projetos que visam facilitar a saúde visual da população recifense. “Para incluir na Prefeitura do Recife um acesso ao atendimento oftalmológico aos nossos pacientes, temos alguns projetos: Atendimento de Escolares + Óculos, onde a escola recebe o transporte e as crianças são atendidas por oftalmologistas em locais específicos; Projeto Glaucoma, de âmbito federal que engloba exames e acesso a colírios; Treinamento na triagem dos casos mais graves e o Atendimento Primário dentro do Distrito Sanitário”.     

Heron Pedroso, representando o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), destacou a importância da realização da audiência pública na Câmara Municipal do Recife e da participação dos profissionais. “Percebo o quanto é necessário esse momento no qual estamos vivenciando aqui, hoje, e quanto é valoroso observar diversas gerações de médicos estarem presentes aqui nesta Casa Legislativa. Falamos muito sobre a medicina, mas é a população do Recife a mais especial. Então, esse momento é extremamente valoroso e visa realmente resguardar a saúde de toda a população. É um ato incrível e que a gente possa defender cada vez mais e enfatizar a saúde ocular e, no que precisarem, podem contar com o CBO”.   

Thiago Cavalcanti, conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE), destacou a união da categoria profissional e de entidades. “É a união da Sociedade de Oftalmologia, secretarias e órgãos responsáveis para poder atender a população. Se a gente puder dar as mãos, promover um atendimento qualificado e pensar sempre no paciente, a gente vai conseguir”.

Lilian Parra, diretora do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), disse que era profissional da Rede Básica do Recife, desde 2006, e citou que os pacientes da rede pública precisam ser atendidos por oftalmologistas. “Tenho vários casos para serem citados de pacientes da rede municipal que foram atendidos e passaram por cirurgias delicadas e exitosas. Tenham certeza de que vocês, oftalmologistas, são essenciais no atendimento da nossa população”.       

Rinalva Vaz, do Centro Médico Ermírio de Morais, da Prefeitura do Recife, disse que estava feliz por participar do evento e que a gestão municipal promove mutirões de saúde. “Muitos mutirões já acontecem e a Prefeitura vem realizando-os, desde o ano passado, chegando às populações. Mas isso precisa se expandir e não funcionar apenas como mutirão. Precisa ser um ato permanente de atendimento”.

Ao concluir a audiência pública, o vereador Tadeu Calheiros disse que fez uma série de informações sobre a oftalmologia no Recife à gestão municipal e citou propostas para o Recife e Pernambuco. “Dentre as informações, fizemos um Pedido de Informação à gestão sobre a quantidade de profissionais no Recife e seus vínculos; qual a política de saúde pública oftalmológica da cidade e os fluxos de atendimento para urgência, emergência e prevenção existentes. Além disso, é preciso instituir programas exitosos preexistentes dentro do Recife. Vamos propor também um projeto que traga o Boa Visão para o Recife e outro sobre treinamento dos Agentes Comunitários de Saúde quanto ao cuidado visual. Solicitaremos reuniões com a Secretarias de Saúde de Pernambuco e do Recife apresentando os programas existentes e os números existentes”.

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Em 09.10.2023