Liana Cirne cobra educação inclusiva e defende projeto de enfrentamento ao transfeminicídio
A vereadora Liana Cirne informou ter recebido a denúncia do Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere) durante a audiência pública com o tema “Os desafios para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Recife”, realizada na semana passada. A parlamentar destacou a gravidade da denúncia feita pelo Simpere. “As crianças autistas estão sendo retiradas da sala de aula regular e sendo jogadas na turma da EJA para não ‘atrapalhar o desenvolvimento da turma’. A denúncia é de que nós falhamos no propósito de implementar educação inclusiva para as nossas crianças e adolescentes. A nossa forma de educação está reforçando o preconceito e tratando a criança com deficiência como se ela fosse um problema a ser aparteado da sala de aula”, afirmou.
De acordo com Liana Cirne, o Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece a inclusão e acessibilidade do autista na educação. “Esse direito está sendo violado pela falência do propósito de termos uma educação inclusiva. Temos que enfrentar esse tema de frente. Temos que assumir que o problema é mais grave do que uma simples denúncia. Precisamos repensar toda a metodologia de educação para os alunos com deficiência. Faço um apelo para que possamos resolver o caso concreto e promover uma educação verdadeiramente inclusiva”, disse.
Lei Roberta Nascimento – Ainda durante a reunião plenária, a vereadora Liana Cirne (PT) ocupou novamente a tribuna para fazer uma defesa do projeto de lei nº 181/2022, de sua autoria que busca marcar o dia 24 de junho como o Dia Municipal de Enfrentamento ao Transfeminicídio. Nomeada Lei Roberta Nascimento, a matéria presta homenagem à mulher trans morta após ser queimada viva no centro do Recife no dia 21 de junho de 2021.
Ao plenário, Cirne afirmou que este seria o primeiro projeto de lei do município a carregar o nome de uma pessoa trans. De acordo com ela, é preciso refletir sobre os crimes relacionados ao ódio às pessoas trans e travestis. “Como é que a vida de um ser humano é tão esvaziada de sentido em razão de um ódio preconceituoso? A gente precisa aceitar que pessoas trans são assassinadas pelo fato de serem pessoas trans, em razão da sua identidade”.
Na ocasião, a parlamentar argumentou que o caso de Roberta Nascimento não é um fato isolado no Brasil e no Recife. “O Brasil é, pelo 13º ano consecutivo, o país que mais mata pessoas trans e travestis”, disse. “Na época em que Roberta Nascimento foi perversamente assassinada, tivemos outros três casos no mesmo mês [no Recife]: Kalyndra, de 26 anos; Pérola, de 37; Fabiana de 30 anos de idade. Dentro do mesmo mês e todas com requintes de crueldade: asfixia, queimaduras no corpo, tiro no pescoço, facadas. É como se aquela pessoa trans fosse desumanizada”.
A votação do projeto de lei foi adiada por falta de quórum. A matéria retorna à pauta na próxima reunião plenária da Câmara Municipal, que acontece na segunda-feira (9).
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Em 03.10.2023