Liana Cirne pede homenagem a Lia de Itamaracá no Carnaval de 2024

A Câmara do Recife aprovou nesta terça-feira (10) o requerimento nº 11.243/2023, de autoria da vereadora Liana Cirne (PT), que solicita à Prefeitura que o Carnaval de 2024 tenha como homenageada a artista Lia de Itamaracá. Durante a reunião plenária, a parlamentar subiu à tribuna da Casa para defender a proposta e lembrou que a cirandeira completa 80 anos no ano que vem.

Conhecida como a “rainha da ciranda”, Lia de Itamaracá é patrimônio vivo de Pernambuco e detentora da Ordem do Mérito Cultural (OMC), honraria concedida pela presidência da República. Para Liana Cirne, é uma questão de “justiça” que o Recife dedique a próxima edição do Carnaval ao seu nome.

“Lia de Itamaracá já foi homenageada e fez a abertura do Carnaval de 2020 em São Paulo. No entanto, não foi homenageada no Carnaval do Recife que, todo ano, pelo fato de ser uma cidade-palco, uma cidade-espetáculo do Carnaval, homenageia um grande mestre, uma grande mestra da cultura popular”, explicou. “Lia de Itamaracá está completando, em janeiro de 2024, 80 anos de idade. Vai ser homenageada no Carnaval do Rio de Janeiro e no Carnaval de São Paulo – especificamente nos blocos Império da Tijuca, do Rio, e Nenê de Vila Matilde, de São Paulo. No entanto, o nosso Carnaval nunca se deu em homenagem a nossa rainha da ciranda”.

Lei Roberta Nascimento é aprovada – Também durante a reunião plenária desta terça-feira, a Casa de José Mariano aprovou o projeto de lei nº 181/2022, de Liana Cirne. A matéria institui no calendário oficial do Recife o Dia Municipal de Enfrentamento ao Transfeminicídio, a ser lembrado anualmente em 24 de junho. A data marca o dia do ataque a Roberta Nascimento, mulher travesti que vivia em situação de rua e morreu após ser queimada viva no centro da capital em 2021

O projeto foi aprovado com 14 votos a favor, cinco contrários e uma abstenção. Antes da votação, Cirne ocupou a tribuna para fazer comentários a alegações, feitas no plenário, de que o projeto seria “desnecessário”. A parlamentar lembrou que, em um período inferior a um mês da morte de Roberta Nascimento, Pernambuco registrou outros três casos de transfeminicídio.

“É muito ruim ter que subir a esta tribuna para dizer que a lei se chama Roberta Nascimento porque em 24 de junho de 2021 uma travesti chamada Roberta Nascimento teve o seu corpo ateado fogo por um adolescente e, enquanto o seu corpo incendiava, o adolescente ria”, lamentou a vereadora. “Dizer que esta cidade prescinde de uma lei de enfrentamento ao transfeminicídio é fechar os olhos para essa realidade. Nós não precisamos ser iguais. Nós precisamos ter empatia, porque empatia é o que nos faz sermos humanos”.

Em aparte, a vereadora Aline Mariano (PP) demonstrou apoio à proposta. “Essa é uma discussão superada. Ninguém aceita tamanhos preconceitos”, afirmou. “Vossa Excelência está pedindo que exista um dia de conscientização sobre o que essas pessoas passam. Nós vivemos em um país em que ainda existe um preconceito arraigado. Nós estamos em um Estado que é o Estado que mais mata”.

Dom Hélder - A vereadora Liana Cirne voltou à tribuna durante a reunião plenária. Dessa vez, debateu o projeto de lei número 164/2023, de sua autoria, que institui, na Cidade do Recife, o Dia Municipal da Fraternidade Dom Helder Câmara, a ser celebrado anualmente em 7 de fevereiro. A vereadora lembrou que Padre Marcelo Barros, recentemente homenageado pela Câmara do Recife, ouviu de Dom Hélder, no leito de morte, o apelo para que “não deixasse morrer a profecia”.

A parlamentar lembrou que Dom Hélder “era um gigante na sua missão e profecia” e que participou de muitos momentos históricos da Igreja Católica e da sociedade. Disse também que o religioso foi um dos precursores do projeto da Campanha Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Campanha da Fraternidade. “Ele fazia um acolhimento aos mais pobres, foi determinante durante a ditadura militar e denunciou a fome dos agricultores nordestinos. Ele dizia que quando pedia alimento para os mais pobres era chamado de santo. E quando perguntava porque as pessoas eram pobres, era chamado de comunista”.

A vereadora disse também que Dom Hélder Câmara fez parte da história no Recife e que isso justifica a criação do Dia da Fraternidade, no dia em que era comemorado o nascimento dele. “Ele não era alguém que se entregasse a uma fé voltada apenas à remissão dos pecados subjetivos, mas também à remissão dos pecados do mundo. A fome, a miséria, a injustiça, a violência, são pecados do mundo. A remissão desses pecados era uma missão de Dom Hélder. O dia dele, portanto, será de fraternidade. Será um dia para nos abraçamos e pedirmos a remissão dos pecados do mundo”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre Lia de Itamaracá.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre a Lei Roberta Nascimento.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre o Dia Municipal da Fraternidade Dom Helder Câmara.

Em 10.10.2023