Solenidade homenageia Rogaciano Leite
A solenidade foi presidida pelo vereador Eriberto Rafael (PP), que compôs a mesa de honra com o vereador autor do requerimento; a filha do escritor Rogaciano Leite, Helena Leite; a presidente da Sociedade dos Forrozeiros Pé de Serra, Tereza Aciolly; o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Divaldo de Almeida Sampaio; e o cantor Santana. Após a execução do Hino Nacional, o vereador Tadeu Calheiros foi convidado a ocupar a tribuna.
O vereador fez um breve perfil de Rogaciano Leite. Disse que ele nasceu no dia 1º de julho de 1920, na Fazenda Cacimba Nova, que era localizada em São José do Egito, hoje, município de Itapetim. Garoto prodígio, saiu de casa aos 15 anos de idade para apresentar as suas poesias “Brasil a fora”. Em 1949, de acordo com o parlamentar, Rogaciano Leite se formou em letras clássicas e colecionou um currículo repleto de obras e de conquistas que merecem ser conhecidas e divulgadas através das gerações.
“O que estamos fazendo aqui é uma tentativa singela de reparação histórica, diante da dívida de gratidão que a maioria de nosso povo tem em relação à sua obra”, afirmou. Rogaciano Leite, de acordo com Tadeu Calheiros, foi poeta, jornalista, locutor, radialista, repórter, cronista, cantor, compositor, promotor de eventos, pesquisador e escritor. “Eram atividades desempenhadas com vocação, paixão e mestria. Uma versatilidade que impressionou os seus contemporâneos há 54 anos, ainda segue encantando e servindo de inspiração. Até hoje, cantadores de várias idades bebem da fonte ‘Rogaciano Leite’”.
O vereador afirmou que o poeta “trouxe para as suas obras múltiplos estilos, e era praticamente imbatível na arte do improviso. Era capaz de silenciar intelectuais e ganhar multidões. Quem o conheceu, atesta a inteligência e a facilidade com que retratava os aspectos sociais e a realidade do povo sertanejo, sendo por isso, imortalizado na memória cultural do sertão brasileiro”. Para se ter ideia da paixão de Rogaciano pelas coisas do sertão, Tadeu Calheiros disse que ele trouxe para as ondas do rádio os tradicionais programas sertanejos. Foi pioneiro também no teatro, com seus recitais e cantorias, lá no início da década de 1940.
“Visionário ao ponto de levar a cantoria aos grandes palcos teatrais do Brasil, promoveu os inéditos congressos de cantadores. Rogaciano Leite está tão ligado à arte, à cultura e ao universo das letras que quase tudo que saía de suas mentes e mãos virava sucesso: crônicas, trovas, poemas, glosas, músicas, sonetos e inúmeras reportagens. Aliás, no quesito matérias jornalísticas, foi vencedor de três prêmios Esso, um dos maiores do jornalismo nacional”, disse o parlamentar.
Apaixonado por escrever, o livro mais conhecido de Rogaciano Leite é Carne e Alma, de acordo com o vereador. Rogaciano também deu letra a várias músicas. “Passadas mais de cinco décadas de sua morte, a memória permanece viva e lembrada em vários municípios do Nordeste, principalmente, nos arredores de sua cidade natal. Ele dá nome a diversos logradouros: praças, ruas, avenidas, escolas e centros culturais. É também patrono de muitas academias espalhadas pelo país, entre elas, Academia de Letras de Paulo Afonso, Academia Caruaruense de Literatura de Cordel e Academia Brasileira de Literatura de Cordel, onde, inclusive, foi instituída a comenda “Medalha Rogaciano Leite”, entregue às personalidades que divulgam a arte cordelista”.
Após o discurso do vereador, a poetisa Kelly Rosa recitou um poema de Rogaciano Leite. Na sequência um vídeo com a biografia do poeta foi exibido no telão do plenário da Câmara do Recife e o vereador Tadeu Calheiros fez a entrega de uma placa a Helena Leite, consolidando a homenagem ao pai dela. Os músicos Kelly Rosa, Luizinho de Serra, Daniel Bruno e Beto do Bandolim fizeram uma apresentação cultural. O repentista Edmilson Ferreira também se apresentou.
Helena Leite foi convidada para ocupar a tribuna e fazer as suas considerações. Ela agradeceu ao vereador Tadeu Calheiros pela homenagem, assim como a todos os vereadores da Câmara do Recife, que aprovaram a proposta da solenidade. “Eu me emocionei muito pela sensibilidade do vereador e pelo conhecimento que ele tem da obra do meu pai. Esta solenidade é uma reparação histórica. Meu pai é conhecido no exterior, em todo o Brasil, reverenciado no Nordeste, mas aqui em Pernambuco sentíamos essa ausência de homenagem a sua memória”, disse.
A filha disse que o pai foi um gênio. “Ele foi brilhante em tudo”, afirmou Helena Leite, que disse ter assumido a missão de divulgar a obra que o imortalizou. Contou que, com 18 anos, Rogaciano Leite já estava dirigindo uma rádio comunitária, foi correspondente do Jornal Pequeno; e com 22 anos se apresentava em teatro. “Ele se apresentou em todo o Brasil, lotando teatro e casas de cultura. Ao homenagear o Nordeste, ele também homenageou essa arte maravilhosa, incrível, que é o repente”, disse. Em 1947, com 27 anos, numa época sem internet, organizou os congressos de cantadores do Nordeste. Ela falou ainda de diversos pontos da biografia do pai e reafirmou que a homenagem “era uma alegria muito grande”.
O cantor Santana pediu para discursar e disse que o poema Os Trabalhadores, de autoria de Rogaciano Leite, está na Praça Vermelha, em Moscou, na Rússia. Santana cantou à capela uma música que gravou, de autoria do homenageado. No final, o presidente da reunião solene, vereador Eriberto Rafael, fez as explanações finais e convidou todos os presentes para que, em posição de respeito, pudessem ouvir e acompanhar o Hino da Cidade do Recife.
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Em 14.11.2023.