Vice-presidente do Instituto Maria da Penha recebe Medalha de Mérito Olegária Mariano

Ela é cofundadora e atual vice-presidente do Instituto Maria da Penha, que estimula e contribui para a aplicação integral da Lei Maria da Penha, uma legislação que foi criada para garantir os direitos de milhares de mulheres vítimas de violência no País. Pelos seus trabalhos realizados como ativista contra a violência doméstica, a professora universitária e membro da Academia Brasileira de Ciências Criminais, além de autora do Programa Defensores dos Direitos da Cidadania, Regina Célia de Almeida, recebeu na tarde desta quinta-feira (23), a Medalha de Mérito Olegária Mariano, das mãos da vereadora Ana Lúcia (Republicanos).

Trata-se da mais alta comenda que o Legislativo Municipal entrega a uma mulher,  versão feminina da Medalha de Mérito José Mariano, patrono da Câmara Municipal do Recife. A solenidade foi presidida pelo vereador Zé Neto (PROS), que compôs a mesa de honra com a vereadora autora do requerimento; a homenageada, Regina Célia Almeida; a chefe da Defensoria Pública da União (DPU), defensora pública Ana Carolina Cavalcanti Erhardt; e a pastora Simea Meldrum. Após o Hino Nacional, Ana Lúcia ocupou a tribuna e fez as suas considerações.

“É com orgulho e entusiasmo que homenageio esta mulher notável, uma defensora incansável dos direitos das mulheres e uma líder inspiradora: Regina Célia Barbosa, nossa querida vice-presidente do Instituto Maria da Penha”, disse a vereadora Ana Lúcia. Ela relatou que a homenageada teve uma educação “que valorizava a perseverança, um elemento fundamental que a guiou na definição de seus objetivos ao longo da vida. Sua trajetória é permeada pela história de sua família, com pais que lhe ensinaram valores essenciais, destacando a importância da resiliência”.

A parlamentar ressaltou que a história de Regina Célia é marcada pela vida de sua avó, que viveu uma época em que as mulheres não se sentavam a mesa com o marido. A avó foi dada em casamento para pagar uma dívida de jogo que o pai dela tinha perdido. Diante da história de sua avó, que sofreu violência doméstica, a luta de Regina Célia, se originou, em busca de uma educação de qualidade e equidade, e acesso aos Direitos Humanos.

A vereadora discorreu sobre a carreira profissional de Regina Célia e destacou sua relevância como mulher e pessoa. Citou que a homenageada sofreu bullying na adolescência, mas que conseguiu superar os problemas porque contou com “a verdade direta e encorajadora de seu pai, que a instigava a seguir em frente, a não se perder no caminho e a não desistir, mesmo diante dos desafios”.

Ainda de acordo com a vereadora, Regina Célia, ao longo de sua vida, buscou uma educação de qualidade, equidade e o acesso irrestrito aos Direitos Humanos. “Sua luta incansável é uma resposta clara à violência doméstica que afeta muitas mulheres”. Ana Lúcia disse que, como diretora de Diversidade, Raça e Igualdade de Gênero da Rede Muda Mundo (RMM), Regina criou estratégias inovadoras de diversidade e inclusão para enfrentar as desigualdades sociais decorrentes da pobreza.

A parlamentar também citou a atuação de Regina Célia como gerente do Instituto Avon e seu percurso acadêmico, com mestrado em Ciência Política e doutorado em Direito, Justiça e Cidadania. Ela foi, ainda de acordo com Ana Lúcia, vencedora do prêmio Mulheres que Fazem a Diferença 2021. Regina Célia é professora universitária há 26 anos, cofundadora e vice-presidente do Instituto Maria da Penha. Além disso, ela criou o Programa Defensoras e Defensores dos Direitos à Cidadania, demonstrando seu compromisso com a formação e o treinamento de voluntários para o enfrentamento à violência doméstica.

“Em 2009, ao lado de Maria da Penha, Regina iniciou um dos modelos mais importantes de promoção da prevenção à violência contra a mulher. Como vice-presidente do Instituto Maria da Penha, ela desempenha um papel crucial na condução de iniciativas que visam empoderar mulheres e combater a violência de gênero em todas as suas formas. A dedicação de Regina Célia à missão do Instituto Maria da Penha é evidente em suas ações”, disse.

Além de suas contribuições no ativismo, Regina Célia desempenha um papel crucial na promoção da educação e conscientização. “Em tempos em que a igualdade de gênero é uma meta global, Regina Célia Barbosa destaca-se como uma líder que não apenas fala, mas age”.

Após o discurso da vereadora, a cantora Cristina Amaral fez uma apresentação musical. Um vídeo também foi exibido no telão do plenário da Câmara Municipal, mostrando a trajetória de vida da homenageada. Na sequência, Ana Lúcia fez a entrega da Medalha de Mérito Olegária Mariano, com o respectivo diploma, a Regina Célia Almeida. Depois, ela ocupou a tribuna e fez o discurso de agradecimento.

Ela agradeceu a Deus pela homenagem, pelos convidados presentes e disse que era com honra e gratidão que recebia a homenagem na solenidade. “Parece clichê, mas não é. Eu conversei antes com a vereadora e confessei a ela que não recebo homenagem com facilidade. E esta homenagem não é fácil. Também evito exposições. Mas Deus, meu Redentor, me orienta. Eu sou de Cristo e não me envergonho do Evangelho, porque é poder de Deus para aquele que Nele crê. Tudo é Dele, por Ele e para Ele”.

Ela lembrou que vem de uma família pequena, com quatro pessoas na casa e afirmou que seu pai era militar, capixaba e feminista. A mãe, nordestina, professora de Educação de Jovens e Adultos. “Meu pai era a cabeça da casa, mas minha mãe era o pescoço da casa, e também ministra da economia, onde até mesmo os proventos de meu pai era ela quem administrava. Meu irmão foi quem me apresentou o Evangelho de Cristo”. Foi um discurso em que ela reforçou a fé cristã. “Um cristão não pode falar contra sua consciência”.

Regina Célia relembrou sua história. Disse que quando chegou à escola, na infância, já estava alfabetizada; reforçou que vem de matrizes africanas; afirmou que foi ateia e se converteu à fé evangélica em 1994. Também falou sobre racismo, democracia e ativismo do combate à violência contra a mulher. “Meu trabalho no Instituto Maria da Penha tem sido um grande desafio”, resumiu. Ela também citou o discurso do líder da causa negra, o norte-americano Martin Luter King, e em diversos momentos se emocionou, sobretudo quando falou sobre preconceito.

A homenageada disse que não era fácil ser brasileira no Brasil, diante dos preconceitos raciais, de gênero, e de pessoas de uma região contra as outras. “Estar neste lugar, para receber esta medalha, é uma honra ímpar”, afirmou. No final, o vereador Zé Neto, que presidiu a solenidade,  fez as considerações finais, e convidou a todos os presentes para acompanhar o Hino da Cidade do Recife.

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 Em 23.11.2023.