Vice-presidente do Instituto Maria da Penha recebe Medalha de Mérito Olegária Mariano
Trata-se da mais alta comenda que o Legislativo Municipal entrega a uma mulher, versão feminina da Medalha de Mérito José Mariano, patrono da Câmara Municipal do Recife. A solenidade foi presidida pelo vereador Zé Neto (PROS), que compôs a mesa de honra com a vereadora autora do requerimento; a homenageada, Regina Célia Almeida; a chefe da Defensoria Pública da União (DPU), defensora pública Ana Carolina Cavalcanti Erhardt; e a pastora Simea Meldrum. Após o Hino Nacional, Ana Lúcia ocupou a tribuna e fez as suas considerações.
“É com orgulho e entusiasmo que homenageio esta mulher notável, uma defensora incansável dos direitos das mulheres e uma líder inspiradora: Regina Célia Barbosa, nossa querida vice-presidente do Instituto Maria da Penha”, disse a vereadora Ana Lúcia. Ela relatou que a homenageada teve uma educação “que valorizava a perseverança, um elemento fundamental que a guiou na definição de seus objetivos ao longo da vida. Sua trajetória é permeada pela história de sua família, com pais que lhe ensinaram valores essenciais, destacando a importância da resiliência”.
A parlamentar ressaltou que a história de Regina Célia é marcada pela vida de sua avó, que viveu uma época em que as mulheres não se sentavam a mesa com o marido. A avó foi dada em casamento para pagar uma dívida de jogo que o pai dela tinha perdido. Diante da história de sua avó, que sofreu violência doméstica, a luta de Regina Célia, se originou, em busca de uma educação de qualidade e equidade, e acesso aos Direitos Humanos.
A vereadora discorreu sobre a carreira profissional de Regina Célia e destacou sua relevância como mulher e pessoa. Citou que a homenageada sofreu bullying na adolescência, mas que conseguiu superar os problemas porque contou com “a verdade direta e encorajadora de seu pai, que a instigava a seguir em frente, a não se perder no caminho e a não desistir, mesmo diante dos desafios”.
Ainda de acordo com a vereadora, Regina Célia, ao longo de sua vida, buscou uma educação de qualidade, equidade e o acesso irrestrito aos Direitos Humanos. “Sua luta incansável é uma resposta clara à violência doméstica que afeta muitas mulheres”. Ana Lúcia disse que, como diretora de Diversidade, Raça e Igualdade de Gênero da Rede Muda Mundo (RMM), Regina criou estratégias inovadoras de diversidade e inclusão para enfrentar as desigualdades sociais decorrentes da pobreza.
A parlamentar também citou a atuação de Regina Célia como gerente do Instituto Avon e seu percurso acadêmico, com mestrado em Ciência Política e doutorado em Direito, Justiça e Cidadania. Ela foi, ainda de acordo com Ana Lúcia, vencedora do prêmio Mulheres que Fazem a Diferença 2021. Regina Célia é professora universitária há 26 anos, cofundadora e vice-presidente do Instituto Maria da Penha. Além disso, ela criou o Programa Defensoras e Defensores dos Direitos à Cidadania, demonstrando seu compromisso com a formação e o treinamento de voluntários para o enfrentamento à violência doméstica.
“Em 2009, ao lado de Maria da Penha, Regina iniciou um dos modelos mais importantes de promoção da prevenção à violência contra a mulher. Como vice-presidente do Instituto Maria da Penha, ela desempenha um papel crucial na condução de iniciativas que visam empoderar mulheres e combater a violência de gênero em todas as suas formas. A dedicação de Regina Célia à missão do Instituto Maria da Penha é evidente em suas ações”, disse.
Além de suas contribuições no ativismo, Regina Célia desempenha um papel crucial na promoção da educação e conscientização. “Em tempos em que a igualdade de gênero é uma meta global, Regina Célia Barbosa destaca-se como uma líder que não apenas fala, mas age”.
Após o discurso da vereadora, a cantora Cristina Amaral fez uma apresentação musical. Um vídeo também foi exibido no telão do plenário da Câmara Municipal, mostrando a trajetória de vida da homenageada. Na sequência, Ana Lúcia fez a entrega da Medalha de Mérito Olegária Mariano, com o respectivo diploma, a Regina Célia Almeida. Depois, ela ocupou a tribuna e fez o discurso de agradecimento.
Ela agradeceu a Deus pela homenagem, pelos convidados presentes e disse que era com honra e gratidão que recebia a homenagem na solenidade. “Parece clichê, mas não é. Eu conversei antes com a vereadora e confessei a ela que não recebo homenagem com facilidade. E esta homenagem não é fácil. Também evito exposições. Mas Deus, meu Redentor, me orienta. Eu sou de Cristo e não me envergonho do Evangelho, porque é poder de Deus para aquele que Nele crê. Tudo é Dele, por Ele e para Ele”.
Ela lembrou que vem de uma família pequena, com quatro pessoas na casa e afirmou que seu pai era militar, capixaba e feminista. A mãe, nordestina, professora de Educação de Jovens e Adultos. “Meu pai era a cabeça da casa, mas minha mãe era o pescoço da casa, e também ministra da economia, onde até mesmo os proventos de meu pai era ela quem administrava. Meu irmão foi quem me apresentou o Evangelho de Cristo”. Foi um discurso em que ela reforçou a fé cristã. “Um cristão não pode falar contra sua consciência”.
Regina Célia relembrou sua história. Disse que quando chegou à escola, na infância, já estava alfabetizada; reforçou que vem de matrizes africanas; afirmou que foi ateia e se converteu à fé evangélica em 1994. Também falou sobre racismo, democracia e ativismo do combate à violência contra a mulher. “Meu trabalho no Instituto Maria da Penha tem sido um grande desafio”, resumiu. Ela também citou o discurso do líder da causa negra, o norte-americano Martin Luter King, e em diversos momentos se emocionou, sobretudo quando falou sobre preconceito.
A homenageada disse que não era fácil ser brasileira no Brasil, diante dos preconceitos raciais, de gênero, e de pessoas de uma região contra as outras. “Estar neste lugar, para receber esta medalha, é uma honra ímpar”, afirmou. No final, o vereador Zé Neto, que presidiu a solenidade, fez as considerações finais, e convidou a todos os presentes para acompanhar o Hino da Cidade do Recife.
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Em 23.11.2023.